DIGNIDADE ANIMAL

Protesto em BH exige penas mais severas para violência contra animais

Manifestação integra mobilização nacional e pede ampliação da Lei Sansão para todas as espécies

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Dezenas de pessoas se reuniram neste domingo (14/8), na Praça Raul Soares, no Barro Preto, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, para um protesto em defesa da justiça e da dignidade animal. O ato fez parte de uma mobilização nacional realizada em mais de 20 cidades brasileiras e teve como principais reivindicações o endurecimento das penas para agressores e a ampliação da Lei de Proteção Animal, que hoje contempla apenas cães e gatos.

A chamada Lei Sansão foi criada em 2020, após o caso de um pitbull que teve as patas traseiras decepadas por um vizinho do tutor. A norma alterou a legislação ambiental 9.605/1998, aumentando a punição para crimes cometidos contra cães e gatos: de três meses a um ano de detenção passou para reclusão de dois a cinco anos, além de multa e perda da guarda do animal. Entretanto, as demais espécies continuam amparadas pela lei de quase 30 anos, que trata as ações como de menor potencial ofensivo. 

Manifestantes ato contra maus-tratos
Os manifestantes exigiram penas mais severas para agressores e a ampliação da Lei Sansão Jair Amaral/EM/DA.Press

“Não podemos mais ficar calados e ver criminosos saindo pela porta da frente de uma delegacia, como se um crime contra um animal fosse algo normal. Hoje, pessoas em várias cidades do país empunham faixas e cartazes pedindo penas mais duras para os maus-tratos e a inclusão de todos os animais na Lei de Proteção. Eles são seres sencientes e têm direito à vida”, afirma Patrícia Aguiar, coordenadora geral do protesto. Presente na Avenida  Paulista, em São Paulo, a líder revela que o movimento levou 100 pessoas às ruas paulistas. 

Dados em Minas Gerais

De acordo com relatório da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), que reúne os crimes denunciados pelo Disque Denúncia 181, os casos de maus-tratos têm crescido em Minas. Em 2024, foram registradas 79.164 denúncias anônimas no estado, sendo que 17% referem-se a crimes contra animais, o segundo maior índice entre todos os tipos de ocorrências.

O balanço aponta 12.440 denúncias de maus-tratos no ano passado, um aumento de 27% em relação a 2023, quando foram contabilizadas cerca de 9.770 notificações.

Casos que causaram revolta

Entre os episódios que motivaram a mobilização, está o caso do cavalo mutilado pelo próprio tutor em Bananal (SP), após uma cavalgada exaustiva. O animal teve as quatro patas decepadas ainda com vida, mas o autor do crime foi liberado logo após prestar depoimento, já que, pela atual legislação, o delito é considerado de menor potencial ofensivo. O episódio gerou indignação em todo o país e reforçou a pressão por mudanças legais.

“Estamos reivindicando que a pena de prisão seja estendida a todas as espécies. É urgente que deputados e senadores aprovem o Projeto de Lei que está parado no Congresso Nacional”, defende Adriana Araújo, coordenadora local do movimento.

Outros casos também provocaram revolta, como o da caçadora carioca Eula Pereira da Silva, que viralizou nas redes sociais ao comemorar a morte de uma onça-parda no Piauí, e o vídeo de 2018, em Agrolândia (SC), em que caçadores celebram o abate de duas onças, supostamente mãe e filhote.

Manifestantes ato contra maus-tratos
Adriana Araújo, coordenadora local da iniciativa, destaca a falta de atualização das leis que protegem os animais Jair Amaral/EM/DA.Press

Avanços e desafios

A legislação brasileira já prevê punições para maus-tratos, como a Lei Federal nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais) e a Lei Estadual nº 22.231/2016, em Minas Gerais. No entanto, a proteção mais rígida ainda se restringe a cães e gatos. “São vários crimes sem penalidade compatível, como caça, rinhas, zoofilia e tantos outros, principalmente contra animais silvestres”, reforça Adriana Araújo.

Apesar dos avanços conquistados, os ativistas destacam que os casos de crueldade continuam frequentes e muitas vezes impunes. O ato buscou sensibilizar não apenas o Congresso, mas também a sociedade sobre a importância da vida animal. A mobilização contou com manifestações de apoio de artistas, ativistas e personalidades, entre eles o ator Rodrigo Dorado, o músico Marco Túlio Lara (Jota Quest), a atriz Renata Schneider e o padre Paulo César, conhecido por sua defesa do veganismo.

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Como denunciar?

Qualquer cidadão pode denunciar situações de maus-tratos. Em Minas Gerais, as denúncias podem ser feitas pelo telefone 155 (opção 7) ou pelo site da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). 

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