BEBIDAS ALCOÓLICAS

Intoxicação por metanol: caso é diferente do ocorrido com a Backer, em BH

Substâncias e circunstâncias da contaminação são distintas, mas sintomas das vítimas apresentam semelhanças

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Pelo menos cinco pessoas já morreram neste mês em virtude de intoxicação por metanol em São Paulo, de acordo com informações divulgadas nesta terça-feira (30/9) pelo governo do estado. Um dos óbitos foi comprovadamente causado por consumo de bebida alcoólica adulterada, enquanto os demais continuam sendo investigados.

O caso lembra um problema semelhante, identificado em janeiro de 2020, quando o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) fechou a cervejaria mineira Backer após uma onda de intoxicação em produtos da empresa, que causou a morte de pelo menos 10 pessoas.

As investigações, porém, apontaram outra substância como causadora do problema: dietilenoglicol. Na época, exames laboratoriais encontraram essa substância nas cervejas de rótulos Capitão Senra, Pele Vermelha, Fargo 46, Backer Pilsen, Brown e Backer D2. A marca Belorizontina, que era vendida como Capixaba no Espírito Santo, foi o primeiro produto da Backer a ter a contaminação confirmada.

Tanto o metanol quanto o dietilenoglicol são álcoois, porém com composições químicas distintas. O caso é que ambos são tóxicos e, por isso, não podem estar presentes em bebidas, que contêm outro tipo de álcool: o etílico. A adição desses agentes indica má-fé ou, na melhor das hipóteses, falha na produção.

É o que explica o toxicologista Guilherme Rocha Pereira, professor dos cursos de Química e de Farmácia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). Ele lembra que, no caso da Backer, houve um vazamento de dietilenoglicol de uma serpentina que refrigerava um dos tanques de cerveja, resultando na contaminação do produto.

Pereira aponta falhas no processo industrial: "Acredito que eles deveriam utilizar um material que não fosse tóxico para fazer o resfriamento", destaca. "Deveriam ter usado outra solução", complementa. Já o metanol, que recentemente causou as intoxicações em São Paulo, pode ser gerado durante a própria destilação das bebidas alcoólicas; por isso, esse processo precisa seguir certas regras.

De acordo com o professor, não é difícil destilar bebidas de maneira segura. "Se houver um mínimo de padrão de produção, não há contaminação", sintetiza. Por isso, ele levanta a hipótese de adulteração dos produtos: "Minha visão é que houve uma falsificação grosseira", opina.

Essa possibilidade, vale lembrar, também foi apontada pela Polícia Civil de São Paulo, que, nesta terça-feira, apreendeu 112 garrafas de vodca que podem ser falsas e fechou um bar na Região Oeste da capital paulista. O caso, porém, ainda está sob investigação, e não está claro se a contaminação ocorreu por falha ou por má fé. 

Sintomas

A intoxicação por metanol é uma emergência médica de extrema gravidade. A substância, quando ingerida, é metabolizada no organismo em produtos tóxicos (como formaldeído e ácido fórmico), que podem levar à morte. Os principais sintomas da intoxicação são: visão turva ou cegueira e mal-estar generalizado (náuseas, vômitos, dores abdominais, sudorese).

Já a intoxicação por dietilenoglicol pode causar a chamada síndrome nefroneural. Os sintomas iniciais também incluem náuseas, vômitos e dores abdominais, associados à degradação das funções renais. Posteriormente, podem surgir problemas neurológicos, como paralisia facial, confusão mental, visão turva ou cegueira.

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Nos dois casos, a demora no atendimento e na identificação da intoxicação aumenta a probabilidade do desfecho mais grave, incluindo o óbito do paciente. Por isso, é fundamental buscar imediatamente os serviços de emergência médica. (Com Agência Brasil e Folhapress)

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