A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Minas Gerais (OAB/MG) anunciou a criação de uma comissão especial para acompanhar todos os desdobramentos do assassinato do advogado Marcelo Andrade Mendonça, de 43 anos, morto durante atendimento profissional em Viçosa, na Zona da Mata. A medida foi oficializada por meio da Portaria nº 1307/2025 e divulgada pelas redes sociais da entidade.

De acordo com o comunicado, a Comissão Especial de Assistência à Acusação terá como missão acompanhar cada etapa da apuração e do processo criminal, garantindo que a responsabilidade pelo homicídio seja conduzida com rigor.

A iniciativa busca reforçar a proteção às prerrogativas da advocacia e assegurar que o crime "seja tratado de acordo com a gravidade do fato".

Em conversa com a reportagem, o presidente da comissão que irá acompanhar a apuração do caso, Ercio Quaresma, afirmou que a organização foi nomeada para "acompanhar a tragédia, esse ato insano que levou a cabo a existência do Dr. Marcelo. Vamos acompanhar toda a marcha em disfarce e o interior à ação penal".

O presidente da comissão ainda afirmou que "foi um crime bárbaro". "Ele foi morto no exercício da profissão e, em razão disso, a Ordem dos Advogados do Brasil, sucessão de Minas Gerais, por determinação do presidente João Goulart, haverá de intervir em todos os termos da sessão preventiva", garantiu Quaresma.

Passo a passo do crime

  • Marcelo Mendonça, de 43 anos, foi morto na tarde de sexta-feira (14/11) dentro de um escritório jurídico, no Centro de Viçosa (MG). Ele foi atingido por um golpe de faca no peito, desferido por um cliente de 53 anos, durante uma reunião previamente agendada.
  • Testemunhas relataram que o encontro, marcado para as 16h, começou de forma regular, mas o cliente passou a se exaltar, fazendo acusações contra o advogado, como "jogar para os dois lados”.
  • A desavença levou ao encerramento da reunião. Já na recepção, o homem sacou uma faca e atacou Marcelo. A arma foi retirada por sua própria esposa, enquanto outra pessoa presente conteve o agressor até a chegada da Polícia Militar.
  • Quando os militares chegaram, encontraram o advogado no chão ferido gravemente e o suspeito detido por frequentadores do local. A porta de vidro do escritório estava destruída.
  • Marcelo chegou a ser socorrido pelo Samu e levado ao Hospital São Sebastião, sendo posteriormente transferido ao Complexo Hospitalar de Viçosa.
  • Segundo boletim médico, o ferimento atingiu o ventrículo do coração, provocando danos irreversíveis. Apesar das tentativas da equipe cirúrgica, ele não resistiu.
  • O autor do ataque permaneceu em silêncio durante a abordagem policial, e foi preso em flagrante por homicídio. A faca utilizada no crime foi recolhida pela perícia.

Reação da OAB Viçosa

A subseção da OAB em Viçosa publicou uma nota lamentando profundamente a morte do advogado e classificando o ato como uma violência brutal cometida no exercício da profissão. Veja o comunicado completo:

"É com profundo pesar que comunicamos o falecimento do advogado Marcelo Andrade Mendonça, brutalmente assassinado dentro de um escritório enquanto exercia sua função. Sua partida representa uma perda imensa para toda a advocacia, atingindo-nos de forma profunda e revoltante.

A OAB Viçosa informa que tomará todas as providências cabíveis e estará à frente de todos os esforços necessários para que este ato cruel seja rigorosamente investigado. Não mediremos esforços na defesa intransigente das prerrogativas profissionais e da segurança de todos os advogados e advogadas.

Diante dessa tragédia, reafirmamos nossa união. A advocacia não se intimidará. Não perderemos nossa coragem. Seguiremos firmes na defesa da justiça, honrando aqueles que, como Marcelo, dedicaram suas vidas ao exercício ético e destemido da profissão.

Que Deus conforte a família, amigos e colegas neste momento de imensa dor. Que a memória de Marcelo permaneça como símbolo de força, dignidade e compromisso com a justiça."

Outro lado

O advogado Dário José Soares Júnior, que defende o suspeito identificado como Evandro Orecio da Cunha, afirmou ao Estado de Minas, que não irá se manifestar sobre o caso, por enquanto. Ele afirmou que a vítima foi contratada pelo suspeito para uma demanda junto à prefeitura e houve um desacerto sobre a prestação do serviço.

A defesa informou que os envolvidos se reuniram para discutir o assunto e chegou um momento em que "os ânimos se exaltaram". O advogado disse ainda que houve luta corporal e que o agressor deu um golpe de punhal na região torácica de Marcelo. (Com informações da Agência Folha)

compartilhe