Nomes de bebês inspirados em criminosos reais disparam nas maternidades
Especialistas apontam que o consumo massivo de séries e documentários sobre crimes reais tem moldado o inconsciente coletivo
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Siga noNomes de criminosos famosos — de assassinos em série a golpistas midiáticos — estão ganhando popularidade entre recém-nascidos. Segundo o relatório anual do BabyCentre UK, os nomes de bebês em 2025 revelam uma tendência peculiar: a influência da cultura true crime na escolha de nomes infantis. Ainda que os pais não estejam homenageando intencionalmente figuras como Ted Bundy ou Ruby Franke, especialistas apontam que o consumo massivo de séries e documentários sobre crimes reais tem moldado o inconsciente coletivo.
O estudo, que reúne os 100 nomes de bebês mais populares entre os usuários da plataforma BabyCentre, mostra uma presença significativa de nomes ligados a figuras infames do crime. “Esses nomes não estão sendo escolhidos por causa do crime em si. O que vemos é como a cultura pop, especialmente os streamings, podcasts e conteúdos virais, infiltra esses nomes na consciência coletiva. Eles deixam de ser ‘apenas’ nomes de criminosos e se tornam referências presentes no cotidiano, ainda que ligadas a histórias chocantes”, explica SJ Strum, especialista em nomes do BabyCentre.
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Entre os nomes destacados, estão Anna — o mesmo da socialite golpista Anna Delvey, retratada na série "Inventando Anna" —, Teddy, que remete ao serial killer Ted Bundy, e Ruby, associado à influenciadora Ruby Franke, acusada de abusos contra os próprios filhos e cuja história virou documentário.
Nomes como Joseph (referência a Joe Exotic, de "A Máfia dos Tigres"), Arthur (associado ao suposto Zodíaco, Arthur Lee Allen), Freddie e Rose (Fred e Rose West, casal de serial killers britânicos) também figuram na lista.
A análise destaca que o fenômeno está diretamente relacionado à forma como essas figuras são retratadas. Em muitas produções, os criminosos ganham camadas de complexidade, são “humanizados” e até tratados como personagens fascinantes, o que pode contribuir para suavizar a associação negativa em torno de seus nomes.
Tendência inconsciente
Plataformas de streaming como Netflix têm apostado pesado no conteúdo true crime. Séries como "Extremamente Perverso, Escandalosamente Maligno e Vil", com Zac Efron interpretando Bundy, e documentários como "Don't F**k With Cats" e "A Máfia dos Tigres" não apenas popularizaram as histórias, mas também transformaram esses nomes em ícones da cultura pop.
O impacto é tal que nomes como Luca (do caso Luka Magnotta), Erin (do caso da Assassina dos Cogumelos) e Bella (inspirado em Belle Gibson, golpista australiana) também surgem em destaque no ranking de 2025.
Apesar da preocupação com possíveis romantizações, Strum argumenta que a tendência é, em grande parte, inconsciente. “Não é que os pais estejam prestando homenagens a esses criminosos. Muitos nem fazem a associação direta. Mas a exposição frequente aos nomes, em contextos culturalmente glamorizados, faz com que eles pareçam mais familiares ou interessantes”, aponta.
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Ainda assim, o fenômeno serve como um lembrete sobre a influência profunda que a mídia exerce sobre decisões pessoais — até mesmo aquelas tão íntimas quanto o nome de um filho. “É uma lente fascinante sobre como a cultura molda a linguagem e, por extensão, as escolhas que fazemos para as novas gerações”, conclui Strum.