Nomes de criminosos famosos — de assassinos em série a golpistas midiáticos — estão ganhando popularidade entre recém-nascidos. Segundo o relatório anual do BabyCentre UK, os nomes de bebês em 2025 revelam uma tendência peculiar: a influência da cultura true crime na escolha de nomes infantis. Ainda que os pais não estejam homenageando intencionalmente figuras como Ted Bundy ou Ruby Franke, especialistas apontam que o consumo massivo de séries e documentários sobre crimes reais tem moldado o inconsciente coletivo.

O estudo, que reúne os 100 nomes de bebês mais populares entre os usuários da plataforma BabyCentre, mostra uma presença significativa de nomes ligados a figuras infames do crime. “Esses nomes não estão sendo escolhidos por causa do crime em si. O que vemos é como a cultura pop, especialmente os streamings, podcasts e conteúdos virais, infiltra esses nomes na consciência coletiva. Eles deixam de ser ‘apenas’ nomes de criminosos e se tornam referências presentes no cotidiano, ainda que ligadas a histórias chocantes”, explica SJ Strum, especialista em nomes do BabyCentre.

Entre os nomes destacados, estão Anna — o mesmo da socialite golpista Anna Delvey, retratada na série "Inventando Anna" —, Teddy, que remete ao serial killer Ted Bundy, e Ruby, associado à influenciadora Ruby Franke, acusada de abusos contra os próprios filhos e cuja história virou documentário.

Nomes como Joseph (referência a Joe Exotic, de "A Máfia dos Tigres"), Arthur (associado ao suposto Zodíaco, Arthur Lee Allen), Freddie e Rose (Fred e Rose West, casal de serial killers britânicos) também figuram na lista.

A análise destaca que o fenômeno está diretamente relacionado à forma como essas figuras são retratadas. Em muitas produções, os criminosos ganham camadas de complexidade, são “humanizados” e até tratados como personagens fascinantes, o que pode contribuir para suavizar a associação negativa em torno de seus nomes.

THALIA - Vem do grego Thállo, o qual significa 'viço, exuberância' André Santana AndreMS por Pixabay
SAMIR - Vem do árabe Samirah e significa 'vivaz, animado'. Imagem de OpenClipart-Vectors por Pixabay
NINO - Abreviatura de nomes como Giovanino. Significa 'alegre, auspicioso'. Imagem de nugroho dwi hartawan por Pixabay
NATAN (OU NATHAN) - Vem do hebraico natán, representando 'presente de Deus'. Clker-Free-Vector-Images por Pixabay
LETÍCIA - Vem do latim Laetitia, 'alegria, prazer, felicidade' Clker-Free-Vector-Images por Pixabay
KEIKO - Vem do japonês a partir da junção dos kanjis kei, 'bênção, alegria, congratulação'. kumustaka por Pixabay
HILÁRIO - Vem do grego Hilaros, que significa 'alegre, jovial' Imagem de trinity5445 por Pixabay
FAUSTO - Vem do latim Faustus, ligado à felicidade, àquele que é sortudo. Imagem de Oberholster Venita por Pixabay
ELISA - Vem do fenício Elizah, 'alegre'. Também é uma redução de Elisabete, do hebraico Elishebba, 'promessa divina'. Pontep Luangon por Pixabay
CAIO (OU GAIO) - Vem do latim Caius, que deu origem a Gaius, abreviação de Gavius (regozijar-se) OpenClipart-Vectors por Pixabay
BENJAMIN - Vem do hebraico Benyamin ( ben que quer dizer 'filho', e yamin, 'mão direita'. É o 'filho da felicidade'. sarbotde por Pixabay
BEATRIZ - Vem do latim Beatrice, 'aquela que traz felicidade'. Clker-Free-Vector-Images por Pixabay
BARUC - Vem do hebraico e significa 'afortunado, próspero, feliz'. Clker-Free-Vector-Images por Pixabay
ANANDA - Vem do sânscrito Anand, 'felicidade, alegria'. Pode ser usada também para meninos, pois provém de palavra masculina, mas é usada majoritariamente para meninas. Clker-Free-Vector-Images por Pixabay
ANA - Vem do hebraico Hanna, que significa 'cheia de graça, bem-aventurada'. Imagem de Clker-Free-Vector-Images por Pixabay
E alguns traduzem sentimentos ligados a alegria, satisfação, alto astral. Veja alguns nomes: Tim Mossholder Unsplash
Os nomes das pessoas têm origens que remetem a certos significados. Geralt pixabay

Tendência inconsciente

Plataformas de streaming como Netflix têm apostado pesado no conteúdo true crime. Séries como "Extremamente Perverso, Escandalosamente Maligno e Vil", com Zac Efron interpretando Bundy, e documentários como "Don't F**k With Cats" e "A Máfia dos Tigres" não apenas popularizaram as histórias, mas também transformaram esses nomes em ícones da cultura pop.

O impacto é tal que nomes como Luca (do caso Luka Magnotta), Erin (do caso da Assassina dos Cogumelos) e Bella (inspirado em Belle Gibson, golpista australiana) também surgem em destaque no ranking de 2025.

Apesar da preocupação com possíveis romantizações, Strum argumenta que a tendência é, em grande parte, inconsciente. “Não é que os pais estejam prestando homenagens a esses criminosos. Muitos nem fazem a associação direta. Mas a exposição frequente aos nomes, em contextos culturalmente glamorizados, faz com que eles pareçam mais familiares ou interessantes”, aponta.

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Ainda assim, o fenômeno serve como um lembrete sobre a influência profunda que a mídia exerce sobre decisões pessoais — até mesmo aquelas tão íntimas quanto o nome de um filho. “É uma lente fascinante sobre como a cultura molda a linguagem e, por extensão, as escolhas que fazemos para as novas gerações”, conclui Strum. 

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