INJEÇÕES DA MORTE

Enfermeira é condenada por morte de cinco bebês em hospital

Argentina Brenda Cecilia Agüero recebeu pena de prisão de morte por ter causado cinco mortes e oito tentativas de homicídio em Córdoba

Publicidade
Carregando...

A enfermeira Brenda Cecilia Agüero foi condenada à prisão perpétua pela morte de cinco recém-nascidos e pela tentativa de assassinato de outros oito dentro do Hospital Materno Neonatal Ramón Carrillo, em Córdoba, na Argentina. A profissional da saúde começou a ser investigada depois que emergências médicas inexplicáveis surgiram nos bebês em um curto período de tempo.

Durante o julgamento, os promotores sustentaram que Brenda Agüero injetava potássio e insulina nos bebês. A administração dessas substâncias em doses letais teria provocado arritmias cardíacas e insuficiências respiratórias.

Laudos de autópsia confirmaram hipercalemia (excesso de potássio no sangue) em duas vítimas, compatível com injeção externa. Em outros casos, os níveis de insulina encontrados eram tão elevados que superavam os registros de pacientes adultos com câncer pancreático avançado.

Segundo especialistas ouvidos pelo tribunal, não havia justificativa médica para tais aplicações, o que reforçou a acusação de homicídio doloso.

O veredicto foi anunciado depois de seis meses de julgamento e mais de dez horas de deliberação do júri. Agüero foi condenada por homicídio qualificado e tentativa de homicídio, e cumprirá pena na Penitenciária de Bouwer, com possibilidade de liberdade condicional apenas após 35 anos.

Casos ocorreram em 2022

A primeira emergência relacionada ao caso foi registrada em março de 2022, quando um bebê saudável sofreu uma súbita insuficiência cardiorrespiratória. Nas semanas seguintes, outros recém-nascidos apresentaram crises semelhantes, sem que houvesse explicação médica plausível.

As mortes chamaram a atenção de dois neonatologistas do hospital, que apresentaram uma denúncia formal às autoridades. A investigação ganhou força em junho de 2022, quando dois bebês morreram e outros dois quase perderam a vida durante um mesmo plantão noturno.

Relatos de familiares e funcionários indicavam marcas de agulha nos corpos das crianças, inclusive uma “picada nas costas” em um dos casos. Esses indícios levaram os médicos a revisarem protocolos e questionarem a aplicação de medicamentos.

Ao longo do julgamento, mães e pais das vítimas contaram como foi perder seus filhos. Uma mulher relatou ter visto Agüero pegar seu bebê, virar-se de costas e devolver a criança instantes antes de ela sofrer uma parada respiratória.

No total, oito bebês sobreviveram, mas alguns carregam sequelas irreversíveis. Um deles teve danos neurológicos graves, atribuídos à aplicação de insulina. Outro desenvolveu escoliose severa, consequência de uma injeção de potássio nas costas.

Traços narcisistas

Durante o julgamento, foram apresentados relatórios psiquiátricos que descreviam Agüero como alguém com traços narcisistas e excêntricos, falta de empatia e prazer diante do sofrimento alheio. Para o tribunal, a motivação para os crimes era o desejo de ser reconhecida e de acelerar o avanço na carreira dentro do hospital.

“Ela estava brincando de Deus. Decidia quem vivia e quem morria”, declarou uma das promotoras. Apesar das provas apresentadas, Agüero insistiu em sua inocência até o fim. Na declaração final ao tribunal, disse ser um bode expiatório das falhas sistêmicas do hospital.

“Eu não sou aquele monstro que criaram na mídia. Eu entendo a dor das mães, mas não sou a assassina em série que fizeram todo mundo acreditar”, declarou, segundo o Buenos Aires Herald.

A enfermeira foi presa preventivamente em 19 de agosto de 2022, e desde então aguardava o desfecho do processo atrás das grades.

Outras condenações

Além de Brenda Cecilia Agüero, outras cinco pessoas foram condenadas pelas mortes e respondem aos crimes de ocultação e omissão de dever.

  • Liliana Asís, ex-diretora do hospital, e Alejandro Escudero Salama, ex-subsecretário administrativo, foram condenados a 64 meses de prisão;
  • Martha Gómez Flores, ex-chefe de neonatologia, recebeu pena de cinco anos de prisão;
  • María Luisa Moralez, ex-coordenadora de segurança do paciente, foi condenada a cinco anos, mas a pena foi suspensa;
  • Pablo Carvajal, ex-secretário provincial de saúde, recebeu quatro anos de prisão, também em regime suspenso.

Todos permanecem em liberdade sob fiança enquanto aguardam o julgamento final de recursos.

Os jornais argentinos destacam que o caso expõe não só a mente criminosa de Agüero, mas também falhas graves de gestão hospitalar e fiscalização pública. O atraso em identificar os padrões das mortes, a ausência de protocolos de segurança e a demora na adoção de medidas protetivas foram apontados como fatores que contribuíram para a tragédia.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

Para a sociedade argentina, o episódio tornou-se um alerta sobre a importância de transparência e controle rigoroso em unidades de saúde, especialmente em setores tão sensíveis como o atendimento neonatal.

Acesse o Clube do Assinante

Clique aqui para finalizar a ativação.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay