CRISE

Quem é Daniel Noboa, o presidente milionário que enfrenta o narcotráfico

Herdeiro de um império da banana, o líder mais jovem da história do Equador adotou uma política de linha dura; conheça sua trajetória e estilo

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Daniel Noboa, o presidente mais jovem da história do Equador, colocou o país e a si mesmo no centro de uma das crises de segurança mais graves da América Latina. Ao declarar um “conflito armado interno” contra mais de 20 facções criminosas, o herdeiro de um império bananeiro sinalizou que sua gestão seria marcada por uma política de linha dura contra o narcotráfico.

Aos 36 anos, eleito em outubro de 2023, Noboa assumiu um mandato curto, apenas para completar o período do ex-presidente Guillermo Lasso, que dissolveu o parlamento. Sua ascensão ao poder ocorre em um momento de violência extrema, com o Equador transformado em um campo de batalha entre cartéis que disputam o controle de rotas de drogas e portos estratégicos.

A trajetória de um herdeiro

 

Filho de Álvaro Noboa, magnata que tentou a presidência cinco vezes sem sucesso, Daniel cresceu em um ambiente de privilégio e poder. Sua família comanda a Noboa Corporation, um dos maiores exportadores de banana do mundo, um conglomerado que lhe proporcionou uma educação de elite em instituições como a Universidade de Nova York e Harvard.

Antes de mergulhar na política, ele atuou em cargos de gestão nas empresas da família, o que lhe conferiu uma imagem de administrador competente. Sua entrada na vida pública ocorreu em 2021, quando foi eleito para a Assembleia Nacional. Lá, presidiu a Comissão de Desenvolvimento Econômico, mas sua atuação foi discreta, sem grande destaque.

A campanha presidencial que o levou ao poder foi atípica. Ele se apresentou como um outsider, focado em propostas de geração de emprego para jovens e, principalmente, no combate à criminalidade. Sua imagem jovial e o uso intensivo das redes sociais o conectaram com um eleitorado cansado da política tradicional e assustado com a escalada da violência.

Um fato curioso de sua campanha foi o uso de bonecos de papelão com sua imagem em tamanho real, que se tornaram um símbolo de sua presença onipresente e de uma estratégia de marketing inovadora.

O estilo Noboa no poder

Desde que assumiu a presidência, Noboa adotou uma postura firme. Seu principal plano de governo, batizado de “Plano Fênix”, visa reestruturar as forças de segurança, construir novas prisões de segurança máxima e equipar a polícia e o exército com tecnologia moderna para enfrentar o crime organizado.

A decisão de declarar o “conflito armado interno” foi uma resposta direta a uma série de ataques coordenados por facções, incluindo a fuga de líderes criminosos, motins em presídios e até a invasão de um canal de televisão ao vivo. A medida deu ao exército poder de polícia para patrulhar as ruas e combater os grupos classificados como terroristas.

Seu estilo é direto e pragmático, muitas vezes comunicando decisões importantes através de decretos e vídeos curtos em suas redes sociais. Ele busca se distanciar da imagem de político tradicional e se posicionar como um líder de ação, disposto a tomar medidas drásticas para restaurar a ordem no país.

Apesar do mandato curto, previsto para terminar em maio de 2025, Noboa já trabalha com a possibilidade de reeleição. Sua popularidade dependerá diretamente do sucesso de sua guerra contra o narcotráfico, um desafio que seus antecessores não conseguiram vencer.

Entenda a crise de segurança no Equador

A situação de violência extrema no Equador não surgiu de uma hora para outra. Ela é resultado de uma combinação de fatores que transformaram o país em um ponto nevrálgico do narcotráfico global. Para entender o cenário que Daniel Noboa enfrenta, é útil analisar alguns pontos-chave:

  • Posição geográfica estratégica: Localizado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores de cocaína do mundo, o Equador se tornou um corredor logístico ideal. Seus portos no Pacífico são usados para enviar drogas para a Europa e os Estados Unidos.

  • Dolarização da economia: A economia equatoriana é dolarizada desde o ano 2000. Isso facilita a lavagem de dinheiro para os cartéis, que não precisam se preocupar com a conversão de moedas, tornando as transações criminosas mais simples e discretas.

  • Enfraquecimento do Estado: Nos últimos anos, políticas de austeridade e cortes no setor de segurança enfraqueceram a capacidade do Estado de combater o crime. O sistema prisional se tornou um centro de comando para as facções, que controlam muitas penitenciárias de dentro para fora.

  • Fragmentação de gangues: O que antes eram gangues locais se transformaram em filiais de poderosos cartéis internacionais, como o Cartel de Sinaloa e o Cartel Jalisco Nueva Generación, do México. Essa aliança aumentou o poder de fogo e a sofisticação dos grupos equatorianos.

  • A resposta do governo: A declaração de “conflito armado interno” de Noboa é a medida mais drástica tomada até agora. Ela permite que as Forças Armadas atuem com força letal contra os grupos designados como terroristas, mudando as regras do confronto e elevando a tensão a um nível de guerra.

 

O que é o estado de "conflito armado interno" no Equador?

É um decreto presidencial que reconhece a existência de uma guerra interna entre o Estado e mais de 20 grupos do crime organizado.

Na prática, ele classifica essas facções como organizações terroristas e autoriza as Forças Armadas a combatê-las com força letal.

Por que a violência explodiu recentemente no país?

A escalada recente foi uma reação das facções criminosas às políticas de segurança mais duras do governo Noboa.

O estopim incluiu a fuga de líderes de gangues de prisões de segurança máxima e a resposta do governo com a declaração de guerra.

Qual o principal desafio do presidente?

O maior desafio de Daniel Noboa é retomar o controle do território, especialmente dos portos e das prisões, que estão sob forte influência de facções.

Ele precisa desmantelar a estrutura logística e financeira do narcotráfico para reduzir a violência de forma sustentável no país.

Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.

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