Casa Branca critica comitê do Nobel por não conceder prêmio da Paz a Trump
Porta-voz americano disse que o Comitê do Nobel colocou 'a política acima da paz' ao conceder o prêmio à líder da oposição venezuelana María Corina Machado
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A Casa Branca acusa o comitê do Nobel de priorizar "a política acima da paz" ao conceder seu prêmio mais cobiçado à oposicionista venezuelana María Corina Machado, e não ao presidente americano Donald Trump.
Na sexta-feira (10/10), o comitê anunciou que Machado receberia o Prêmio da Paz por seu "trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela".
Trump tem se manifestado abertamente sobre seu desejo pelo prêmio, assumindo o crédito por encerrar diversos conflitos globais.
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Ele menciona o assunto com frequência, e inclusive o fez durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU em setembro.
O presidente ligou para Machado para parabenizá-la e dizer que ela merecia o prêmio, disse um alto funcionário da Casa Branca à CBS, parceira da BBC nos EUA.
'Mover montanhas'
"O comitê do Nobel provou que prioriza a política acima da paz", disse o diretor de comunicações da Casa Branca, Steven Cheung, após o anúncio na manhã de sexta-feira (10/10).
"O presidente Trump continuará fazendo acordos de paz, encerrando guerras e salvando vidas", escreveu Cheung na rede social X (antigo Twitter).
"Ele tem o coração de um humanista, e nunca haverá ninguém como ele, capaz de mover montanhas com a força de sua vontade."
Trump desempenhou um papel significativo na definição de um acordo de cessar-fogo dividido em várias etapas em Gaza, anunciado dois dias antes da entrega do Prêmio Nobel da Paz.
Após o anúncio do acordo de cessar-fogo em Gaza, Trump declarou: "ABENÇOADOS OS PACIFICADORES" e a Casa Branca o chamou de "presidente da paz".
As ambições de Trump por um Prêmio Nobel da Paz são bem conhecidas, e mencionar seu nome para a premiação tornou-se comum entre líderes que buscam promover interesses diplomáticos com os EUA.
Muitos líderes estrangeiros, incluindo o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, já argumentaram publicamente que Trump mereceria a honraria.
Instado por repórteres a comentar o Prêmio Nobel, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que Trump está fazendo muito para resolver crises complexas.
"Obrigado ao presidente Putin!", escreveu Trump em sua rede social Truth Social na sexta-feira, ao lado de um vídeo de Putin dizendo "este prêmio perdeu credibilidade".
A própria María Corina Machado elogiou Trump no X após sua vitória, escrevendo: "Dedico este prêmio ao povo sofredor da Venezuela e ao presidente Trump por seu apoio decisivo à nossa causa!"
Trump compartilhou a mensagem de Machado no Truth Social.

Apesar de seu lobby, Trump enfrentou obstáculos este ano.
As indicações para o Prêmio Nobel da Paz encerram em 31 de janeiro de cada ano, de acordo com o site da premiação, poucos dias após a posse do republicano.
O Comitê do Nobel se reúne entre fevereiro e setembro para reduzir a lista de indicados.
Além disso, não está claro qual conquista Trump teria alcançado neste ano.
A guerra da Rússia com a Ucrânia continua a todo vapor, apesar das exigências de Trump para que tanto o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky quanto Putin trabalhem pelo fim do derramamento de sangue.
O acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas é um avanço significativo, mas ainda está em estágio inicial.
Em seu segundo mandato, Trump adotou uma política de "América em primeiro lugar", remodelando drasticamente seu lugar na economia global e no cenário diplomático.
Semanas após assumir o cargo, seu então assessor Elon Musk supervisionou o desmantelamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), que fornecia assistência humanitária em todo o mundo.
O comitê do Nobel concede o Prêmio da Paz a líderes que defendem "o controle de armas e o desarmamento, a negociação de paz, a democracia e os direitos humanos, e o trabalho voltado para a criação de um mundo mais organizado e pacífico", de acordo com seu site.
As políticas de deportação em massa de Trump geraram protestos nos EUA e críticas de grupos humanitários e de direitos dos imigrantes.
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A tentativa de Trump de usar tropas da Guarda Nacional para patrulhar cidades americanas com a intenção declarada de controlar a violência e a criminalidade gerou alarme entre os democratas e críticas de juízes federais sobre o uso das Forças Armadas em território nacional.
Quatro presidentes americanos receberam o Prêmio Nobel da Paz: Theodore Roosevelt, Woodrow Wilson, Jimmy Carter e Barack Obama.
Somente Obama ganhou o prêmio enquanto estava no cargo.