A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) reagiu à investigação aberta pelo governo dos Estados Unidos contra o Brasil, que inclui o Pix entre os alvos de supostas práticas comerciais desleais. Em postagem nas redes sociais, a parlamentar classificou a medida como uma ofensiva direta aos interesses da população brasileira e associou o movimento ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Em um novo chilique do governo Trump, logo após mais uma ida de Eduardo Bolsonaro a Washington, o Brasil foi acusado de atentar contra os EUA por usar o PIX.”
Leia Mais
Segundo Erika, o objetivo seria favorecer grandes operadoras financeiras americanas. “Trump quer o fim do Pix e que voltemos a pagar taxas para bancos e operadoras como Visa e Mastercard, ambas dos EUA.”
A deputada também afirmou que o governo norte-americano busca enfraquecer a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD): “Querem o fim da LGPD, nossa Lei que impede que empresas estrangeiras vendam nossas informações privadas e dados pessoais. Inclusive, a privacidade das crianças do nosso país.”
Para Erika Hilton, o pano de fundo da crise é político. “Tudo, numa tentativa frustrada de impedir a prisão de Jair Bolsonaro.”
Investigação dos EUA mira Pix e exportações
- 72% veem erro de Trump ao impor tarifaço por Bolsonaro; para maioria, Lula acerta em reação
- Maioria dos eleitores da direita acha tarifaço de Trump um erro
A crise teve início com a publicação, pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR), de um relatório que acusa o Brasil de práticas comerciais “desleais”. O documento menciona diretamente o Pix, sistema de pagamento gratuito criado pelo Banco Central e utilizado por mais de 150 milhões de pessoas no país. “O Brasil parece adotar uma série de práticas desleais com relação aos serviços de pagamento eletrônico, incluindo, entre outras, a concessão de vantagens aos seus serviços desenvolvidos pelo governo”, diz o texto.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
A investigação foi aberta sob a chamada Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA, um dispositivo legal utilizado em disputas internacionais, e ocorre poucos dias após o governo Trump anunciar um tarifaço de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA.
Além do Pix, o relatório também faz menções críticas a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), à movimentação comercial da Rua 25 de Março e a acordos internacionais firmados com países como Índia e México.
O governo brasileiro informou que pretende recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e aplicar medidas com base na Lei da Reciprocidade. O Ministério das Relações Exteriores acompanha o caso.
Nas redes
As redes sociais amanheceram nesta terça-feira (16) com críticas à nova ofensiva do governo dos Estados Unidos contra o Brasil. Hashtags como #BolsotrumpContraoPix, #InimigosdoPix, #Bolsotaxa e #PLdaDevastaçãoNão chegaram ao topo dos assuntos mais comentados no X (antigo Twitter). As publicações acusam o ex-presidente norte-americano Donald Trump de tentar interferir em políticas públicas brasileiras, e cobram um posicionamento de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Leia: A conversa de Zema com Bolsonaro
A hashtag #DefendaOPix rapidamente subiu nos trending topics, e muitos usuários acusaram Washington de proteger os interesses de grandes operadoras de cartões de crédito, como Visa e Mastercard. “O Pix é um sucesso popular que incomoda corporações bilionárias”, escreveu um usuário no X. Outros ironizaram: “Agora o problema dos EUA é que o Pix é rápido demais?”
Entre os alvos de pressão está o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que ainda não se manifestou sobre o caso. A cobrança se intensificou após usuários lembrarem que o parlamentar já havia feito vídeos virais sobre o Pix, na época, para criticar uma suposta tentativa de taxação durante o governo Lula, o que foi desmentido pelas autoridades.
- 'Porque posso', responde Trump sobre aplicar tarifas de 50% ao Brasil
- Bolsonaro afirma que 'ninguém que confrontou Trump, ganhou'
Além da repercussão econômica, a mobilização nas redes foi usada por ativistas ambientais para impulsionar a oposição ao projeto de lei PL 2159/21, conhecido como “PL da Devastação”. Críticos do texto aproveitaram o engajamento em torno do Pix para ampliar o alcance da campanha contra a proposta, que trata da flexibilização do licenciamento ambiental e está na pauta da Câmara dos Deputados.