O ex-presidente Michel Temer (MDB) divulgou nessa quarta-feira (23/7) um vídeo em redes sociais em que defende a pacificação do país diante do aumento da tensão comercial com os Estados Unidos e da polarização política interna. A publicação provocou reação do deputado estadual Bruno Engler (PL-MG), que responsabilizou indiretamente o próprio Temer por essa instabilidade, ao citar a sua indicação do ministro Alexandre de Moraes ao Supremo Tribunal Federal (STF).
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"Só haverá pacificação quando retirarmos de lá aquele que você colocou", escreveu Engler, sem mencionar nomes, mas em alusão a Moraes. O parlamentar acrescentou que o ministro "já deixou claro que não haverá paz enquanto não silenciar toda a oposição".
A indicação de Moraes ao STF foi feita por Temer em 2017, após a morte do ministro Teori Zavascki. Antes de ir a Suprema Corte, Moraes foi ministro da Justiça de Temer. No STF, tem liderado diversos inquéritos que atingem aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o que tem gerado críticas constantes de políticos da direita.
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No vídeo, Temer diz que sempre pregou pela "pacificação do país". O ex-presidente afirmou ainda que em momentos em que "nada parece favorável" é hora de buscar o diálogo. "Na turbulência, mais do que nunca, é que devemos buscar entendimento, construir consensos, buscar convergências, buscar união. É isso que mantém a democracia viva e um país soberano", disse o ex-presidente.
Na sequência, Temer criticou a tarifa de 50% imposta a produtos importados do Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamando de "taxação despropositada". Ele também criticou a suspensão de vistos dos ministros do STF, avaliando que a decisão é "injustificável".
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"São inadequações que não se resolvem, contudo, com bravatas, com ameaças, com retruques, com agressões, resolve-se pelo diálogo que se faz entre nações, especialmente em nações parceiras. E o diálogo se faz pelos mais variados meios, pela diplomacia tradicional, peloo contato dos legislativos, e, naturalmente, pela interlocução entre os chefes dos respectivos governos", disse.
Michel Temer encerra o vídeo defendendo a importância da "responsabilidade" e da "experiência" como pilares indispensáveis em períodos de instabilidade. Para ele, é fundamental manter o compromisso com o "consenso e com o cálculo estratégico", evitando confrontos que possam escalar para embates irracionais e prejudiciais à imagem do país.
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"Devamos agir e reagir como uma ação livre e soberana que somos, sem excessos de ambas as partes, e sempre rigorosamente guiados pelos tratados internacionais e pela nossa Constituição. É o meu desejo", disse.