O governador Romeu Zema (Novo), pré-candidato à Presidência da República, defendeu a anistia para Jair Bolsonaro (PL) como um dos pontos de negociação sobre o tarifaço imposto pelos Estados Unidos a todos os produtos exportados pelo Brasil. Para ele, o julgamento do ex-presidente na suposta trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF) é uma “motivação clara” da retaliação americana. 

“Isso, sim, deve ser colocado na mesa. Vimos nos últimos dias editoriais do Estadão e d'O Globo e manifestações de ex-ministros e ex-presidentes do Supremo contra os excessos que estão sendo cometidos, principalmente contra o ex-presidente Jair Bolsonaro”, disse em entrevista ao UOL News, nesta terça-feira (29/7).

O governador voltou a classificar o julgamento de Bolsonaro como uma “perseguição política” e questionar a condução do processo por Moraes. “Seria muito bom termos uma revisão da condução desse processo. Da forma como isso está sendo feito, está claríssimo que estamos ferindo a nossa Constituição”.

A anistia para Bolsonaro e para os condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 é defendida pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que assumidamente articula sanções do governo Donald Trump contra ministros do STF em defesa do pai.

O chefe do Executivo, porém, continuou a criticar a postura do filho do ex-presidente, mas afirmou que compreende o “momento difícil” do parlamentar ao citar as medidas cautelares do ministro Alexandre de Moraes, como a proibição de contato com o ex-presidente. “Mas nada justificaria uma manifestação contra o Brasil e milhões de brasileiros que dependem dos seus empregos e dessas exportações”, disse.

Zema ainda reforçou as críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e questionou o alinhamento do país com o BRICS, bloco de países que envolve a Rússia, Índia, África do Sul, e do nosso principal parceiro comercial, a China.

“É um grupo que também desagrada muito aos americanos e não agrega nada ao Brasil. Não estamos falando de países com a mesma cultura que a nossa, cristãos, democráticos. É um aglomerado de países que parece querer questionar a ordem mundial sem ter nenhuma proposta concreta”, destacou.

Apesar do questionamento do governador, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) tenta obter com o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) dos Brics um empréstimo de US$ 200 milhões. A operação é articulada pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) com o Ministério da Fazenda, Fernando Haddad (PT). 

Vale lembrar que o NBD é presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff. O recurso seria usado em projetos de pequenos e médios municípios.

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Zema será ausência da reunião do Fórum de Governadores com o vice-presidente e Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB), para tratar do tarifaço dos Estados Unidos. O governador afirmou que tem agendas previamente marcadas, incluindo uma reunião com empresários mineiros, e vai enviar a secretária de Desenvolvimento Econômico, Mila Corrêa.

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