TRAMA GOLPISTA

Pedido de asilo à Argentina de Milei? A repercussão do indiciamento de Bolsonaro na imprensa internacional

Mensagens encontradas pela Polícia Federal sustentam hipótese, que ganhou destaque na cobertura internacional do indiciamento do ex-presidente.

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A revelação, pela Polícia Federal (PF), de que o ex-presidente Jair Bolsonaro elaborou um pedido de asilo político ao presidente argentino Javier Milei teve grande repercussão na imprensa internacional.

Veículos da América Latina, Estados Unidos e Europa destacaram em suas reportagens a descoberta pelas autoridades brasileiras de uma minuta encontrada em um dos celulares de Bolsonaro durante a investigação sobre a suposta tentativa de golpe de Estado.

Na Argentina, o jornal Clarín publicou matéria com o título "Jair Bolsonaro planejou pedir asilo ao governo de Javier Milei em 2024".

Na reportagem, ressaltou que a minuta de asilo apreendida pela PF incluía não apenas argumentos políticos, mas também referências religiosas e jurídicas, com citações bíblicas e ao Pacto de San José da Costa Rica (ou Convenção Americana sobre Direitos Humanos, o tratado internacional que estabelece direitos e liberdades civis e políticas para os países membros da Organização dos Estados Americanos).

Captura de tela da reportagem do jornal argentino Clarín
Reprodução Clarín
Captura de tela da reportagem do jornal argentino Clarín

Já a agência de notícias Reuters apontou que não há confirmação de que o documento tenha chegado ao governo Milei e citou fontes da Casa Rosada que negaram o recebimento da carta.

A agência destacou também que a PF encontrou um áudio de Bolsonaro pedindo a um advogado ligado à Trump Media para revisar uma postagem em que exaltava o ex-presidente dos EUA, e que os investigadores afirmam que isso demonstra subordinação a "interesses estrangeiros".

O jornal britânico Financial Times detalhou que o rascunho encontrado no celular do ex-presidente tinha 33 páginas e fora salvo em fevereiro de 2024, logo após operações da PF contra aliados do então investigado.

O jornal ressaltou que Bolsonaro se apresentava como vítima de "perseguição política" e afirmava temer pela própria vida, o que para os investigadores indicaria um plano de fuga deliberado.

O FT lembrou ainda que o julgamento de Bolsonaro pode levá-lo a uma pena de mais de 40 anos de prisão.

Outro veículo britânico, o The Guardian também repercutiu o caso. O texto enfatiza que o pedido de asilo foi salvo no celular dois dias após Bolsonaro ter o passaporte apreendido, e que no documento ele se dizia vítima de uma prisão "injusta, ilegal e arbitrária".

O jornal frisou que, para alguns especialistas, a quantidade de provas torna uma condenação praticamente inevitável.

Jair Bolsonaro
Getty Images

Na Al Jazeera, rede de mídia de Doha, Catar, a publicação sobre o caso reforçou que a minuta de asilo estava entre os elementos do relatório final da PF, no qual são recomendadas acusações de "coação no processo judicial" e "tentativa de abolição do Estado democrático de direito".

O New York Times informou que o rascunho apreendido pela PF tinha trechos em que Bolsonaro dizia sofrer perseguição e prever prisão arbitrária, e recordou que dias depois da apreensão o ex-presidente passou duas noites na embaixada da Hungria em Brasília, em uma tentativa de obter abrigo junto a Viktor Orbán, outro aliado internacional.

O jornal também reforçou que, segundo a polícia, o plano golpista incluía não apenas a reversão do resultado das eleições, como também o assassinato do presidente eleito Lula e do ministro do STF Alexandre de Moraes — algo que Bolsonaro nega conhecer.

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes deu 48 horas para que a defesa explique "o comprovado risco de fuga" e as violações às medidas cautelares.

Em nota, Eduardo Bolsonaro afirmou que sua atuação nos EUA "jamais teve como objetivo interferir em qualquer processo em curso no Brasil" e defendeu apenas o "restabelecimento das liberdades individuais".

O deputado também criticou que a PF não teria identificado os autores dos crimes.

"Se a tese da PF é de que haveria intenção de influenciar políticas de governo, o poder de decisão não estava em minhas mãos, mas sim em autoridades americanas, como o presidente Donald Trump, o Secretário Marco Rubio ou o Secretário do Tesouro Scott Bessent. Por que, então, a PF não os incluiu como autores?", indagou o parlamentar, criticando também o vazamento de conversas privadas.

A BBC News Brasil enviou questionamentos à defesa de Jair Bolsonaro e ao pastor Silas Malafaia, que também é citado no relatório da PF, mas até momento, nenhuma resposta foi enviada.

Malafaia não foi indiciado, mas foi alvo de uma ordem de busca e apreensão e retenção de passaporte ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

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