No fim de 2024, já reeleito, o então prefeito Fuad Noman (PSD) conseguiu uma de suas maiores vitórias na Câmara Municipal de Belo Horizonte ao aprovar a reforma administrativa do Executivo. Ele já havia tentado o movimento duas vezes, mas teve os projetos rejeitados pelos vereadores e conseguiu êxito logo após a vitória nas urnas, em outubro. Entre as principais mudanças aprovadas no texto estava a criação da Coordenadoria Especial de Vilas e Favelas a partir deste ano. Passado um semestre da nova legislatura, a estrutura destinada à periferia da capital mineira ainda não tem uma formação completa ou espaço definido no orçamento da capital.
A reforma administrativa foi sancionada em 2 de janeiro deste ano, com Fuad reconduzido ao cargo e Álvaro Damião (União Brasil) como vice. A ele caberia a responsabilidade de tocar também a Coordenadoria de Vilas e Favelas. As complicações de saúde que acometeram o prefeito desde o fim de 2024 e culminaram com seu falecimento em 26 de março atrasaram também as definições sobre como a nova estrutura do Executivo municipal seria gerida.
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A participação de Damião na campanha de reeleição de Fuad Noman foi bem avaliada pelos aliados do prefeito pela capacidade de comunicação do ex-vereador e radialista com a periferia da cidade. O então candidato a vice assumiu o protagonismo nas agendas em vilas e favelas, fatia do eleitorado considerada crucial para a vitória sobre deputado estadual bolsonarista Bruno Engler (PL) no segundo turno.
Com a morte de Fuad, Damião assumiu o Executivo municipal e delegou o comando da nova estrutura da PBH a Marcos Crispim (DC). O coordenador de Vilas e Favelas de BH foi vereador entre 2020 e 2024 e não conseguiu se reeleger para a nova legislatura. Obteve 8.727 votos e terminou como o primeiro suplente mesmo com votação superior à de 17 parlamentares eleitos.
Crispim integrava a chamada “família Aro” na Câmara Municipal, grupo que atua sob a influência de Marcelo Aro (PP), ex-deputado federal e atual secretário de Governo de Romeu Zema (Novo). O coordenador de Vilas e Favelas de BH concedeu entrevista ao Estado de Minas para falar sobre o atual estágio de seu trabalho, ainda incipiente e aguardando uma presença no orçamento de 2026.
“Estamos na fase final de elaboração do plano estratégico do prefeito. Várias ações serão feitas em vilas e favelas. Haverá um incremento nas ações já existentes e outras novas que estamos propondo, incluindo a reestruturação das vilas e favelas. Estamos também integrando programas do governo federal, como o “Periferia Viva” e buscando o apoio de vereadores com emendas impositivas”, afirmou.
INDICAÇÕES
Após um semestre da nova administração e com Damião atuando como titular desde abril, a Coordenadoria de Vilas e Favelas teve mais movimentações relacionadas às nomeações para cargos que atendem aos cálculos políticos do Executivo do que ações práticas. Tal como ocorreu com Marcos Crispim, a composição dos cargos de chefia em cada regional contemplou a influente “família Aro” e ampliou a presença do secretário de Zema na prefeitura da capital.
No início de julho, logo após completar três meses como prefeito da capital mineira, Damião promoveu dezenas de nomeações para a estrutura da PBH e contemplou nomes ligados à “famíla Aro” na Coordenadoria de Vilas e Favelas. A estrutura foi dividida entre as nove regionais da cidade, com um comandante para cada destacamento do mapa belo-horizontino.
Roberto da Farmácia (Podemos) foi nomeado o coordenador da Regional Venda Nova. Ele chegou a ocupar a cadeira de vereador de BH em 2023 como suplente de Claudiney Dullim, indicado para a Secretaria de Relações Institucionais da PBH. No último pleito, ele tentou retornar à Câmara, mas ficou novamente na suplência ao conseguir 6.516 votos.
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Já a regional Nordeste ficará sob o comando de Fábio Santos, ex-assessor do vereador Tileléo (PP). Um outro ex-assessor parlamentar ligado a Marcelo Aro comandará a Regional Oeste: Pedro Moreira, que atuava no gabinete do presidente da Câmara, Juliano Lopes (Podemos). A “família” também foi contemplada com a Regional Noroeste, a ser comandada por Edson Santos.
Mas nem só de “família Aro” vive a importância política da Coordenadoria de Vilas e Favelas. Na Pampulha, o ex-assessor do vereador Cleiton Xavier (MDB), Antônio de Souza Vitor, ficará no comando. Guilherme Novais Sampaio é o coordenador da Regional Norte e já foi assessor do vereador Rudson Paixão (Solidariedade).
Os governistas alinhados à candidatura de Fuad também foram contemplados. É o caso do ex-vereador Gilson Guimarães (PSB), coordenador na Regional Leste; e de Júlio Fessô, que atuou na campanha do ex-prefeito na região da Favela da Serra e garantiu a Regional Centro-Sul. A coordenadoria no Barreiro ainda está vaga.