O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), indicou, para cargos em estatais ligadas à sua pasta, duas pessoas que foram presas nessa quarta-feira (17/9), durante a Operação Rejeito, conduzida pela Polícia Federal (PF). São eles: o delegado Rodrigo de Melo Teixeira e o advogado Caio Mário Trivellato Seabra Filho. Ambos tiveram suas prisões decretadas.
Teixeira havia sido sugerido para o cargo de diretor administrativo da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), estatal subordinada à pasta, enquanto Seabra Filho foi nomeado para a diretoria da Agência Nacional de Mineração (ANM). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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O ex-diretor da ANM foi sabatinado e aprovado pelo Senado em dezembro de 2023, após a indicação do Ministério de Minas e Energia, sob gestão de Silveira. Seabra Filho chegou a publicar em suas redes sociais uma foto com Silveira na posse do ministro, na qual desejava “sucesso no cargo” e dizia ter expectativas em relação à prioridade da mineração na gestão do ministério.
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“Desejo muito sucesso no cargo! Desde já, deposito as melhores expectativas para que a mineração esteja em evidência na sua gestão, com diálogo, recursos e mais modernizações, aliando sempre o desenvolvimento econômico com a sustentabilidade!”, escreveu no LinkedIn.
Já Teixeira teve sua nomeação aprovada pela Casa Civil. Ele também foi indicado por Silveira para integrar o Comitê de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobras em setembro de 2024. A revista Veja havia noticiado à época que a indicação teve o apoio direto de Silveira.
O ministro Alexandre Silveira não é citado em documentos da Polícia Federal nem em decisões judiciais relacionadas à operação. A reportagem do Estado de Minas procurou a assessoria do ministro e aguarda retorno.
Relação com Lages
Outro relacionado a Silveira e envolvido na operação é o do ex-deputado estadual de Minas Gerais João Alberto Lages, que também teve prisão preventiva decretada. Ele havia doado R$ 100 mil à campanha de Silveira ao Senado em 2022.
Segundo a PF, Lages é apontado como uma das lideranças do grupo criminoso, identificado no esquema como “Diretor de Relações Interinstitucionais” e sócio do Grupo Minerar. Investigadores afirmam que ele atuava como articulador político e institucional, coordenando pagamentos de propina, tráfico de influência e ações junto a órgãos ambientais e culturais.
Conforme o inquérito, Lages mantinha contato direto com servidores públicos e lobistas, sendo peça-chave na cooptação institucional do grupo. O advogado Seabra Filho, por sua vez, teria participado de processos para favorecer a empresa Aiga Mineração mediante propina.
Operação Rejeito
A operação foi deflagrada nessa quarta-feira (17/9) pela PF em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU). Até o momento, 15 pessoas foram presas preventivamente, dentre elas empresários e servidores públicos ligados ao setor ambiental.
Foram cumpridos 79 mandados de busca e apreensão; houve o bloqueio de R$ 1,5 bilhão em ativos e a suspensão das atividades de empresas envolvidas no esquema. Segundo a investigação, a organização criminosa corrompia agentes públicos para obter autorizações e licenças ambientais de forma irregular mediante pagamento de propina.
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Dentre os órgãos citados estão o Iphan, a Agência Nacional de Mineração (ANM), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad-MG) e o próprio Iepha.
O Estado de Minas revela, desde abril, denúncias sobre irregularidades no setor, apontando para o avanço de investigações contra empresários e servidores suspeitos de facilitar crimes ambientais em Minas Gerais.