DESPEDIDA

Barroso se despede do STF exaltando a escola pública: ‘Devo tudo que tenho’

Em discurso emocionado de aposentadoria antecipada, ministro Luís Roberto Barroso agradece ao ensino público por sua trajetória e defende a democracia

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Em discurso emocionado durante o anúncio de sua aposentadoria antecipada, nesta quinta-feira (9/10), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, se despediu do cargo exaltando a educação pública como pilar de sua formação e reafirmando sua fé no Brasil.

Barroso lembrou as origens modestas em Vassouras, cidade histórica no interior do Rio de Janeiro, e atribuiu seu caminho na magistratura ao acesso gratuito à educação. “Reafirmo por fim minha crença na educação, sobretudo na educação pública, para quem precisa. Estudei o primeiro ano e o ginásio em escolas públicas, e me formei em Direito em uma maravilhosa universidade pública, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Devo quase tudo aos meus professores”, declarou.

O ministro usou o tom sereno que o marcou ao longo da carreira para transformar sua despedida em uma ode à educação e à democracia. “O Brasil me deu tudo o que tenho. Retribuí o muito que recebi sem ter qualquer interesse que não fosse fazer o que é certo, justo e legítimo para termos um país melhor e maior”, afirmou em seu discurso.

Barroso também aproveitou o momento para deixar uma reflexão sobre o cenário político e social do país. “O radicalismo é inimigo da verdade. A gente, na vida, deve ter cuidado para não se apaixonar pelas próprias razões”, disse, em um recado a tempos de intolerância e ataques à democracia.

Em um discurso pontuado por pausas emocionadas e aplausos dos colegas da Corte, ele reforçou a importância da gentileza, da civilidade e da empatia nas relações públicas e privadas. “Reafirmo minha fé nas pessoas, no bem, na boa-fé, na vontade, no respeito ao próximo e na gentileza sempre que possível”, disse. “Fora dessa bancada, continuarei a trabalhar por um tempo de paz e fraternidade.”

A certa altura, Barroso citou o poeta Pablo Neruda para ilustrar seu sentimento diante da despedida. “Mil vezes tivera que nascer, e eu queria nascer aqui. Mil vezes tivera que morrer, eu queria morrer aqui - mas não agora”, brincou, arrancando risos e aplausos dos colegas, mencionados individualmente no discurso.

Aposentadoria antecipada

Indicado ao STF em 2013, pela então presidente Dilma Rousseff (PT), Barroso já vinha sinalizando a intenção de antecipar sua saída. Embora tivesse planejado deixar o tribunal antes do acirramento institucional durante o governo Jair Bolsonaro, permaneceu no cargo para enfrentar momentos de forte tensão entre os Poderes.

Na segunda-feira (6/10), ele já havia passado o cargo de presidente do STF ao ministro Edson Fachin e, em entrevistas, indicar estar à procura de um “novo espaço” fora da vida togada.

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O ministro poderia ficar na Corte até 2033, quando completaria os 75 anos e se aposentadoria pelo limite de idade. Com a antecipação da aposentadoria, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai poder indicar mais um ministro para a Corte. Neste mandato, ele já indicou os ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino.

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