As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil, vitimando 400 mil brasileiros ao ano, e a relação com a doença aterosclerótica é um dos fatores de risco para esses óbitos. Mas o que é a aterosclerose?

Segundo José Francisco Saraiva, presidente do departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), que esteve em palestra sobre o tema no Congresso do Conasems, realizado em Belo Horizonte na semana passada, “a aterosclerose é uma doença crônica e degenerativa que se caracteriza pelo acúmulo de placas de gordura na parede dos vasos, que com o tempo pode gerar obstruções que restringem o fluxo sanguíneo e geram complicações graves ao organismo”.

O colesterol é uma gordura presente no sangue, essencial para o funcionamento do organismo, responsável pela produção de células e hormônios. Vale ressaltar que há dois tipos de colesterol: o HDL, conhecido como “colesterol bom” e o LDL, conhecido como “colesterol ruim”. Mas, segundo o cardiologista, é o colesterol ruim, o LDL, o principal fator de risco para o desenvolvimento da aterosclerose.

Além dos altos níveis do colesterol ruim (LDL), a aterosclerose vem associada a outra fatores de risco, como a alimentação inadequada, descontrole da pressão arterial e do diabetes, tabagismo e obesidade. Mas também existe um tipo menos comum da doença de causa hereditária (hipercolesterolemia familiar).

Como tratar?

A melhor forma de controle do colesterol envolve mudanças de hábitos de vida relacionados aos fatores acima e, em casos de recomendação médica, o tratamento pode exigir o uso de medicamentos orais chamados de estatinas. Porém, quando os pacientes já tiveram algum problema cardiovascular, como um infarto, nem sempre esse tipo de tratamento tem eficácia ou existe real adesão do paciente à terapia, uma vez o medicamento tem que ser ingerido diariamente.

Para a maioria das pessoas sem fatores de risco, um nível de LDL abaixo de 130 mg/dL é considerado ideal e abaixo de 100 mg/dL para aqueles com risco intermediário de doenças cardiovasculares. Já pacientes, que já tiveram algum evento cardiovascular, como infarto ou AVC, deve manter o LDL abaixo de 50 mg/dL.

Pesquisas apontam que cerca de 92,6% dos pacientes que já tiveram infarto não mantêm o colesterol ruim (LDL) abaixo de 50 mg/dL, ficando mais expostos a novos eventos. Para esses casos em especial, existe outro tipo de tratamento, já aprovado no Brasil. Trata-se de uma injeção, administrada geralmente duas vezes ao ano, que pode diminuir os níveis de colesterol ruim (LDL) em 52% entre pacientes de alto risco cardíaco.

Comportamento de risco

Criada para coletar e fornecer insights sobre as experiências vividas por indivíduos cujos níveis de colesterol ruim (LDL) não estão na meta, a pesquisa Insights from Patients living with Elevated Cholesterol (IPEC), realizada no ano passado com pacientes no Brasil, Estados Unidos e Austrália, trouxe dados alarmantes.

Segundo o levantamento, que no Brasil teve apoio do Instituto Lado a Lado, durante a visita de diagnóstico, apenas metade dos brasileiros descreveu ter recebido informações sobre a ligação entre colesterol alto e doenças cardíacas e ter entendido que os medicamentos para colesterol alto precisam ser tomados durante toda a vida.

Para os participantes do IPEC que tiveram um evento cardiovascular, muitos descreveram ter percebido que não haviam levado as mudanças no estilo de vida, a adesão à medicação ou o monitoramento dos valores laboratoriais tão a sério quanto deveriam após o diagnóstico.

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