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Tuberculose latente responde por 44% das mortes por câncer

Estudo demonstra a importância da realização de exames, como o teste IGRA, para identificar e tratar a infecção em imunossuprimidos e evitar complicações

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Um dado preocupante acendeu o alerta sobre a importância da triagem para infecção por tuberculose latente – fase assintomática da doença - entre pacientes com câncer: 44% dos pacientes oncológicos que faleceram estavam infectados, contra 19,3% entre os sobreviventes. A conclusão vem de uma pesquisa recente que demonstrou ainda que cada milímetro adicional no teste tuberculínico (PPD) está associado a um aumento de 6% no risco de mortalidade.

Segundo André Santos, medical science liaison da QIAGEN, é essencial ampliar o olhar para além do tratamento da neoplasia. “Pacientes oncológicos em fase imunossuprimida têm uma saúde mais delicada e, por isso, todo cuidado conta. Realizar exames preventivos, como o teste IGRA, pode fazer uma grande diferença no desfecho clínico, ao identificar precocemente a tuberculose latente e permitir a intervenção adequada antes que a doença evolua para a forma ativa”, aponta.

Pacientes com câncer constituem uma população de risco especialmente vulnerável à reativação da tuberculose latente, principalmente quando submetidos a terapias imunossupressoras, como quimioterapia, radioterapia ou imunoterapia. Diversos estudos reforçam essa correlação ao identificarem, por exemplo, que indivíduos com cânceres hematológicos, de cabeça, pescoço e pulmão têm um risco nove vezes maior de desenvolver tuberculose ativa do que pessoas sem câncer.

Diagnóstico e tratamento disponíveis no SUS

Caracterizada por uma resposta imune persistente ao bacilo Mycobacterium tuberculosis, sem sinais clínicos da doença ativa, a infecção latente da tuberculose (ILTB) é normalmente uma condição silenciosa, mas que pode evoluir para a tuberculose ativa, principalmente em pessoas com a imunidade comprometida. De acordo com o Relatório Global da OMS de 2024, 10,8 milhões de pessoas foram infectadas em 2023, com 1,25 milhão de mortes registradas.

No Brasil, o diagnóstico e o tratamento estão disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O teste IGRA, recomendado pela própria OMS, tem se destacado pela precisão e agilidade, sendo uma das principais ferramentas para diagnosticar a ILTB.

“Diferentemente do antigo PPD, o teste IGRA oferece mais especificidade, especialmente em pacientes imunocomprometidos, como os oncológicos. Além disso, o exame não depende de uma leitura clínica após 48h, o que o torna mais prático”, explica André.

O teste IGRA já está disponível na rede pública para grupos prioritários — como crianças de 2 a 10 anos em contato com casos de tuberculose ativa, pacientes com HIV, doenças inflamatórias imunomediadas e candidatos a transplante. Na rede privada, está amplamente acessível em todo o país. O exame é feito com a coleta de sangue e entrega o resultado em até 24 horas.

“A tuberculose ainda é uma doença estigmatizada e negligenciada, o que dificulta sua erradicação. Mas a verdade é que ela continua crescendo. O diagnóstico precoce por meio do IGRA pode mudar esse cenário, especialmente em populações de risco como os pacientes oncológicos”, alerta André.

Diante dos dados que relacionam a tuberculose latente a piores desfechos clínicos em pacientes com câncer, especialistas defendem a inclusão do teste IGRA como parte da rotina de cuidados oncológicos. “Identificar e tratar a ILTB em pacientes com câncer é uma forma de proteger o tratamento oncológico e salvar vidas”, lembra o médico.

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