Entre as neoplasias de cabeça e pescoço, cuja prevenção ganha os holofotes neste mês de julho, o câncer de lábio e cavidade oral está entre os mais prevalentes. A estimativa é que Minas Gerais registre, até o fim deste ano, 1820 casos da doença, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o que coloca o estado no segundo lugar do ranking de incidência da enfermidade no país, perdendo apenas para São Paulo, que deve ter até dezembro, 4260 notificações.
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Outro dado – este da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) – revela que das mais de 30 mil internações associadas ao câncer de cabeça e pescoço, no estado, entre 2019 e 2024, cerca de 66% delas estavam relacionadas ao câncer de boca. “Os cânceres de cabeça e pescoço atingem, em sua maioria, homens acima de 50 anos. Porém, vem crescendo o número de mulheres acometidas pela doença, causada, em grande parte, pelo consumo exagerado de cigarros e bebidas alcoólicas”, destaca a oncologista clínica Daniella Pimenta, da Cetus Oncologia, clínica especializada em tratamentos oncológicos com unidades em Belo Horizonte e região metropolitana.
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Dificuldade de deglutição, rouquidão, comprometimento do olfato e paladar, em casos de câncer nos órgãos da nasofaringe, além de halitose (mau hálito persistente), tosse e falta de ar estão entre os principais sinais e sintomas deste conjunto de tumores. “Importante destacar ainda o aparecimento de gânglios linfáticos no pescoço”, pontua a especialista.
Ainda segundo a médica, esse é o quinto tipo de câncer mais incidente no Brasil, mas seu índice de cura pode chegar a 90% se tratado precocemente. “O diagnóstico se dá através de biópsia, que pode ser do gânglio aumentado ou de alguma lesão/ferida na língua e/ou boca que não se cicatriza, além de exames locais como a fibronasolaringospia, realizado através de um aparelho com uma fibra ótica que é passado pelo nariz para fazer uma avaliação da região”. A biópsia pode ser feita tanto por um cirurgião de cabeça e pescoço ou, em alguns casos, por um dentista, que, segundo Daniella, também tem papel fundamental na detecção das lesões.
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A especialista faz um alerta para que, diante de qualquer lesão no lábio e na cavidade oral que não cicatrize em até 15 dias, é fundamental procurar uma unidade básica de saúde para a devida avaliação. “O problema é que, na maioria das vezes, o tumor é diagnosticado em uma fase mais avançada, onde já há metástase nos linfonodos, que são os gânglios linfáticos do pescoço. Nesses casos, pode ser necessário tratamento combinado com quimio e radioterapia, não sendo mais eficaz apenas a cirurgia, usada em casos mais iniciais”, explica DAniella, acrescentando que, graças às pesquisas clínicas, os tratamentos têm avançado nos últimos anos. “Tivemos uma aprovação recente para uso de imunoterapia e temos ainda várias linhas de pesquisa em andamento para esse perfil de tumor”.
A oncologista destaca que a principal forma de prevenção é não fumar, nem consumir bebidas alcoólicas. Além disso, a vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV) também ajuda a prevenir, principalmente no que se refere ao tumor de orofaringe, logo, é recomendável que os pacientes procurem seus médicos de controle para esclarecimentos acerca da prevenção.
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