O ator Renato Góes, no ar na TV Globo como Ivan da novela “Vale Tudo” declarou em entrevista que quando tinha 12 anos recebeu o diagnóstico de vitiligo, doença que provoca a perda de pigmento em áreas da pele. “Ficava envergonhado. Na escola, ia só de calça. Na praia, de bermuda”, relembra ele que na época tinha uma mancha na coxa esquerda. A doença afeta até 1% da população mundial e é caracterizada pela perda de pigmentação da pele.
“Mesmo sendo uma doença benigna e não contagiosa, as lesões provocadas pelo vitiligo geram um impacto psicológico, profissional e social na vida do paciente, afetando sua qualidade de vida e autoestima”, afirma a dermatologista Jade Cury, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo (SBD-RESP). “É importante enfatizar que o vitiligo não é contagioso. Além disso, ele não traz prejuízos à saúde física, mas o acompanhamento psicológico pode ser recomendado”, acrescenta.
O principal e único sintoma da doença apresentado pela grande maioria dos pacientes é o surgimento de manchas cutâneas acrômicas (sem pigmentaçào), ou seja, manchas brancas de tamanhos variados na pele que se formam devido a diminuição ou ausência de melanina, pigmento produzido pelos melanócitos, nos locais afetados. “As causas do vitiligo ainda são desconhecidas, mas já se sabe que fenômenos autoimunes, genéticos e alterações emocionais são fatores que estão relacionados com a doença, podendo desencadeá-la ou agravá-la. Além disso, pessoas que possuem histórico de vitiligo na família têm mais chance de sofrer com a doença”, explica Jade.
O diagnóstico clínico deve ser feito por um dermatologista. O vitiligo pode ser classificado em dois tipos: segmentar ou unilateral e não segmentar ou bilateral. O primeiro normalmente aparece quando o paciente ainda é jovem, manifesta-se apenas em uma parte do corpo e pode afetar também a coloração dos pelos e cabelos. Já o vitiligo não segmentar ou bilateral é o tipo mais comum da doença e manifesta-se de forma generalizada, geralmente surgindo primeiro nas extremidades do corpo, como mãos e pés. Desenvolve-se em ciclos de perda de cor e estagnação que duram a vida toda e tendem a se tornar maiores com o tempo.
Leia Mais
Quanto à prevenção, não há maneiras conhecidas ou cientificadas comprovadas que ajudem a evitar o surgimento do vitiligo. “Mas os pacientes que têm tendência ou já sofrem com a doença devem evitar fatores que possam acelerar o aparecimento de novas lesões ou acentuar as já existentes, como a exposição solar prolongada e ferimentos na pele”, diz Jade.
A intenção do tratamento é cessar o aumento das lesões (estabilização do quadro) e também a repigmentar a pele. Existem medicamentos que induzem à repigmentação das regiões afetadas como tacrolimus derivados de vitamina D e corticosteroides. “A fototerapia com radiação ultravioleta B é indicada para quase todas as formas de vitiligo, com resultados excelentes, principalmente para lesões da face e tronco. Pode ser usada também a fototerapia com ultravioleta A (PUVA). Laser e técnicas cirúrgicas ou de transplante de melanócitos também são opções”, completa.
Medicamentos milagrosos, fórmulas naturais e receitas dadas por leigos podem levar à frustração e também a reações adversas graves. “Por isso, procure um dermatologista ao perceber os sintomas da doença, pois os resultados do tratamento podem variar entre cada caso e apenas um profissional qualificado poderá indicar a melhor opção de acordo com as características de cada paciente.”