
No mesmo per�odo, um ter�o dos adultos e metade dos adolescentes afirmaram que as les�es n�o eram mais percept�veis ou estavam muito pouco vis�veis. A pesquisa foi realizada em 70 centros m�dicos nos Estados Unidos e na Europa, com 674 pessoas acima de 12 anos, acompanhadas por 52 semanas.
A subst�ncia, chamada ruxolitinibe, n�o ocasionou efeitos colaterais graves — os principais foram acne e coceira no local de aplica��o, embora o medicamento seja vendido com tarja preta e com aviso, na bula, de que pode aumentar o risco de infec��es graves, problemas cardiovasculares, coagula��o, c�ncer e morte.
N�o houve ocorr�ncias do tipo durante a pesquisa — os avisos s�o baseados na forma oral do rem�dio, sendo que, na vers�o em pomada, a concentra��o do princ�pio ativo no sangue � muito mais baixa. Por�m, o alto custo pode afastar boa parte dos pacientes. Inicialmente, o tubo � vendido por US$ 2 mil (cerca de R$ 10,3 mil), sendo que a dura��o da embalagem pode ser de semanas ou poucos meses, dependendo da �rea a ser tratada.
Incur�vel
O vitiligo � uma doen�a autoimune e acontece quando o organismo se volta contra as pr�prias c�lulas produtoras de pigmento. O resultado s�o despigmenta��es que podem afetar v�rias partes do corpo. Embora tratamentos possam melhorar a apar�ncia, n�o h� cura para a enfermidade, que costuma ser cr�nica. Pessoas com pele mais escura, caso do cantor Michael Jackson, t�m les�es mais percept�veis.
"As les�es provocadas pelo vitiligo geram um impacto significativo na qualidade de vida, no emocional, no psicol�gico e na autoestima do paciente, podendo, em alguns casos, prejudicar at� mesmo a conviv�ncia profissional e social do indiv�duo", diz Jaqueline Zmijevski, dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
"Al�m de altera��es no sistema imunol�gico, a doen�a est� relacionada � gen�tica, j� que pessoas que t�m hist�rico da doen�a na fam�lia apresentam maiores riscos de desenvolver as manchas brancas. Sabe-se tamb�m que altera��es emocionais, como o estresse, podem agravar a condi��o j� existente ou servir como gatilho em indiv�duos predispostos", destaca a dermatologista.
"Al�m de altera��es no sistema imunol�gico, a doen�a est� relacionada � gen�tica, j� que pessoas que t�m hist�rico da doen�a na fam�lia apresentam maiores riscos de desenvolver as manchas brancas. Sabe-se tamb�m que altera��es emocionais, como o estresse, podem agravar a condi��o j� existente ou servir como gatilho em indiv�duos predispostos", destaca a dermatologista.
Atualmente, os tratamentos dispon�veis incluem esteroides t�picos, inibidores t�picos de calcineurina e fototerapia, segundo o principal autor do estudo publicado no NEJM, David Rosmarin, dermatologista e vice-presidente de educa��o e pesquisa do Departamento de Dermatologia do Centro M�dico Tufts em Boston, nos EUA. "Corticosteroides t�picos e inibidores t�picos de calcineurina ajudam alguns pacientes, mas certamente n�o todos, e eles tamb�m podem ter efeitos colaterais", diz Rosmarin. "Os corticosteroides podem clarear e afinar a pele, e temos que limitar o uso em locais sens�veis do corpo, como rosto, genitais e axilas. E os inibidores de calcineurina podem queimar quando aplicados em alguns pacientes", diz. J� a fototerapia, segundo o m�dico, � semanal, o que nem sempre � poss�vel para quem sofre da doen�a.
Bloqueio seletivo
O ruxolitinibe pertence a uma classe de medicamentos chamada inibidores da via JAK, que bloqueiam, seletivamente, a a��o do sistema imunol�gico que destr�i os melan�citos, subst�ncias que pigmentam a pele. "Trata-se do primeiro tratamento aprovado pela FDA para repigmentar a pele de pacientes com vitiligo", destaca Rosmarin. De acordo com o dermatologista, nos estudos multic�ntricos, n�o houve diferen�a nas respostas dos pacientes com base em etnia, dura��o da doen�a ou tamanho das manchas. "Mesmo pacientes com vitiligo h� mais de 30 anos ainda podem melhorar com esse tratamento."
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Pre�o pode limitar uso
"O estudo TRuE-V1 e V2 pesquisa a efic�cia de um grupo de medicamentos chamados inibidores da via JAK no vitiligo. Essas drogas bloqueiam seletivamente a a��o das defesas que destroem os melan�citos da derme, com a consequente perda da cor da pele. O aspecto mais inovador desse tratamento, em rela��o aos anteriores, reside na seletividade dos inibidores da via JAK, uma vez que os primeiros tamb�m visam bloquear a a��o das defesas contra os melan�citos, mas de forma menos seletiva. Acho que � um estudo interessante e positivo, pois � um primeiro passo que abre as portas para a investiga��o de novos medicamentos que ajam de forma semelhante. No entanto, a menos que seja comercializado a um pre�o razo�vel, acho dif�cil que o produto seja amplamente aplicado em pacientes com vitiligo, pois n�o h� grande diferen�a em termos de efic�cia em rela��o a alguns dos tratamentos que j� temos dispon�veis, e o custo � notavelmente maior. No entanto, seu bom perfil de seguran�a e facilidade de uso s�o aspectos positivos a serem considerados."
Gonzalo Segurado, dermatologista especializado em vitiligo no Hospital Ram�n y Cajal, em Madri, na Espanha
Descobertos mecanismos que perpetuam inflama��o
Na Universidade da Calif�rnia, em Irvine, pesquisadores da Faculdade de Medicina descobriram redes �nicas de comunica��o entre as c�lulas que podem perpetuar a inflama��o e evitar a repigmenta��o em pacientes com vitiligo. O estudo, publicado na revista JCI Insight, levanta a possibilidade de um novo tratamento para a forma est�vel da doen�a, quando ela estaciona, afirmam os autores. Por�m, eles destacam que s�o necess�rios mais estudos para compreender os mecanismos observados.
"N�s combinamos imagens avan�adas com t�cnicas gen�ticas e bioinform�tica para descobrir as redes de comunica��o c�lula a c�lula entre queratin�citos, c�lulas imunes e melan�citos que impulsionam a inflama��o e evitam a repigmenta��o da pele", disse, em nota, Anand K. Ganesan, professor de dermatologia e vice-presidente de pesquisa em dermatologia da institui��o. "Essa descoberta nos permitir� determinar por que manchas brancas continuam a persistir na doen�a do vitiligo est�vel, o que pode levar a novas terap�uticas para tratar esta doen�a."
De acordo com o m�dico, a destrui��o de melan�citos no vitiligo ativo � mediada por c�lulas do sistema imunol�gico chamadas T CD8 . At� agora, por�m, o motivo pelo qual as manchas brancas na doen�a est�vel persistem era pouco compreendido. "A intera��o entre c�lulas imunes, melan�citos e queratin�citos in situ (em loco) na pele humana era dif�cil de estudar devido � falta de ferramentas adequadas", disse Jessica Shiu, professora-assistente de dermatologia e uma das primeiras autores do estudo.
Por�m, a combina��o de novas tecnologias conseguiu identificar subpopula��es de queratin�citos — um tipo de c�lula que comp�e a derme — nas les�es de pacientes com a doen�a est�vel. Os pesquisadores constataram que mudan�as nessas estruturas est�o associadas ao vitiligo est�vel. A expectativa dos cientistas, agora, � que novas pesquisas investiguem quando essas mudan�as metab�licas surgem e de que maneira � poss�vel evitar o processo de despigmenta��o.