Climatério silencioso: quando o corpo muda e a mente pede ajuda
Palavra tem origem no grego klimakter, que pode ser traduzido como "degrau de uma escada", dando a ideia de transição; psicóloga ensina a lidar com os sinais
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Siga noMenopausa não chega no susto. Antes dela, vem o climatério, que precisa também precisa de cuidados especialmente na saúde mental. Recentemente, duas personalidades viralizaram pelas redes sociais ao falar sobre menopausa e, claro, de climatério, trazendo informações, vivências e conscientização importantes.
A atriz e bailarina Claudia Raia, 58, que revelou ter entrado no climatério aos 51, descreve episódios de irritabilidade que mobilizaram o zelo da sua família e inspiraram a peça “Cenas da Menopausa”. "Na minha opinião, a menopausa não deve ser tratada com exames laboratoriais - ela precisa ser tratada pelos sintomas. São 150 sintomas catalogados", sugeriu a estrela, em entrevista sobre suas experiências nesta fase da vida, no programa de TV Mais Você, na última quinta-feira (28/8).
Já a apresentadora e modelo Fernanda Lima, 47, quebrou tabus ao admitir ter sentido sintomas deste período como nevoeiro cerebral, insônia e perda de libido — e ainda lançou no início do ano o podcast Zen Vergonha, dedicado a desmistificar essa fase natural da vida feminina.
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O fato é que, apesar de parecer menos comentado, o climatério também precisa estar entre as atenções do período. Este cuidado antecipado pode até minimizar alguns efeitos do processo para quem mais sofre com ele: as mulheres. A palavra tem origem no grego klimakter, que pode ser traduzido como “degrau de uma escada”, dando a ideia de transição, comparável aos degraus que passam de um nível para outro.
De acordo com a professora do curso de psicologia da Faculdade Una Lafaiete, na região central de Minas Gerais, Greiciele Andrade, as cinco principais mudanças emocionais e psicológicas que podem surgir durante o climatério são:
- Oscilações de humor frequentes
- Irritabilidade e impaciência
- Ansiedade e crises de angústia
- Sentimentos de perda ou de inutilidade
- Queda da libido e alterações na autoimagem
A professora dá três dicas sobre saúde mental para quem desconfia ou já tem diagnóstico de que está no período.
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Psicoterapia, antidepressivos, reposição hormonal e quebra de preconceitos
Se pensarmos que o climatério é uma fase comum da vida da mulher, é importante refletir: por que, diante de um processo natural, há tanta pressa em medicar? Mais do que conter os sintomas, é preciso escutar o que esse momento desperta: questões sobre envelhecimento, sexualidade e identidade feminina.
“A psicoterapia é um espaço essencial para que essas mulheres tenham voz, compreendam e ressignifiquem os sentidos dessa transição. A medicação pode ser útil, sim, em alguns casos, mas não pode silenciar o que precisa ser simbolizado”, explica Greiciele.
Família é base de tudo, inclusive da compreensão
Mais do que ficarem atentos a sinais, é fundamental que essa mulher tenha espaço para dizer de si, com autonomia. Quando ela é escutada de forma respeitosa, as questões tendem a emergir naturalmente no ambiente familiar.
O apoio não vem de adivinhações ou vigilância, mas da disponibilidade para ouvir, acolher e estar presente quando ela quiser ou precisar falar.
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Atenção, colegas de trabalho e familiares
Nada de piadinhas! Comentários que invalidam ou ridicularizam o sofrimento, exigências excessivas e comparações devem ser evitados.
Aliás, isso vale não só para o climatério, mas para qualquer fase da vida em que alguém esteja em sofrimento psíquico. “Se a dor não é minha, não posso chamá-la de frescura”, ensina a professora.
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