O período pós-parto chega com mudanças significativas para a mulher. Tanto físicas, quanto emocionais e de rotina. Entre os principais desafios dessa nova fase da vida, a regulação do sono com a amamentação se torna fundamental para a saúde e bem-estar da mãe e o desenvolvimento saudável do bebê.
Como pode impactar o bem-estar?
De acordo com a diretora do Instituto do Sono, Monica Andersen, a privação e a fragmentação de sono materno podem impactar de forma significativa a amamentação, tanto do ponto de vista fisiológico quanto comportamental. “O sono insuficiente altera a secreção de prolactina, hormônio responsável pela produção do leite, e de ocitocina, essencial para a ejeção. A redução desses hormônios pode prejudicar tanto a quantidade quanto a fluidez do leite”, explica.
Além disso, a falta de descanso aumenta os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, o que pode dificultar a saída do leite e resultar em mais ansiedade durante o aleitamento. O desgaste físico e emocional também eleva o risco de fadiga extrema, depressão pós-parto e dificuldades no vínculo afetivo com o bebê.
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A importância do aleitamento
Já na regulação do sono do recém-nascido, o aleitamento materno exerce papel de protagonista. O leite, segundo Monica, sofre variações ao longo das 24 horas, funcionando como um verdadeiro “relógio biológico” para o bebê.
Durante a noite, apresenta concentrações mais altas de melatonina e triptofano, substâncias que induzem o sono e promovem relaxamento. Já no período da manhã, contém níveis elevados de cortisol e aminoácidos estimulantes, que favorecem o estado de vigília. A especialista afirma que essa variação bioquímica auxilia o bebê a diferenciar o dia da noite, sincronizando gradualmente seu ritmo circadiano.
E os benéficios?
Cuidar do sono da mãe não é apenas uma questão de conforto. A especialista aponta como uma estratégia benéfica à saúde, pois um descanso adequado favorece a lactação, fortalece o vínculo com o bebê, reduz riscos físicos e emocionais para a mãe e cria um ambiente mais estável para o desenvolvimento infantil.
Ela destaca que entre as medidas que podem ajudar nesse processo estão o apoio familiar, a divisão de tarefas domésticas e de cuidado, além da orientação sobre higiene do sono. “O cuidado com o sono materno deve ser entendido como prioridade de saúde pública, pois impacta não só no bem-estar da mulher, mas também na saúde e no desenvolvimento do bebê”.