SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O carcinoma de células escamosas, como o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tem poucas chances de voltar quando retirado completamente. No entanto, o paciente corre mais riscos de desenvolver outros tumores semelhantes, segundo especialistas ouvidos pela Folha de S.Paulo.
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O diagnóstico do ex-presidente foi constatado após exames realizados no domingo (14), de acordo com a equipe médica que fez o atendimento.
O boletim divulgado pelo hospital DF Star apontou duas lesões cutâneas com presença de carcinoma de células escamosas. Bolsonaro terá que passar por acompanhamento clínico e reavaliação periódica para verificar se novas lesões similares podem aparecer.
Bolsonaro teve oito lesões retiradas, e em duas foi detectado o câncer, uma no braço e outra no tórax. A retirada da lesão no local é curativa, o que elimina necessidade de tratamentos adicionais, como a quimioterapia.
"Após um diagnóstico de um câncer de pele não melanoma, o paciente tem um risco de duas a cinco vezes maior de desenvolver um novo câncer de pele quando comparado à população geral", diz a médica Camila Jappour Naegele, da Oncologia D'Or, especialista em câncer de pele.
"E as estatísticas dizem que de 30% a 50% [dos pacientes] que tiveram câncer de pele podem desenvolver outra lesão nos próximos cinco anos", acrescenta.
O?carcinoma de células escamosas é um tipo de câncer pele não melanoma, tem origem na camada mais externa da epiderme e responde por 20% do total de casos de câncer de pele.
O não melanoma é o tumor de maior incidência, mas o de menor mortalidade se tratado adequadamente. O ideal é que, assim que identificado, seja tratado o quanto antes.
No caso de Bolsonaro, as lesões foram identificadas como suspeitas pelo médico em abril, quando esteve internado por uma cirurgia, e a retirada só aconteceu agora.
Quando identificado, de acordo com a dermatologista do A.C.Camargo Cancer Center Júlia Casagrande, o tumor deve ser retirado entre duas semanas e um mês depois, idealmente.
"Esse tipo de câncer tem uma agressividade intermediária. Então, dependendo do subtipo, ele cresce significativamente em um curto período de tempo, e em questão de um mês ou dois, pode evoluir do ponto de vista clínico e de manifestação", afirma.
Em termos de recuperação pós-cirurgia, Casagrande afirma que, geralmente, dura de duas a três semanas, e o paciente fica com os pontos no período e com uma restrição para atividades físicas e que envolvem esforços maiores.
Além do resultado da análise das lesões, Bolsonaro fez uma série de exames que identificaram persistência de anemia e mudanças na função renal. Realizou também ressonância magnética para tentar identificar os motivos por trás de sintoma de tontura, mas o exame não identificou alterações graves.
Esses sintomas, no entanto, não costumam ter relação com o câncer de pele, segundo as especialistas.
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