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Estado de Minas DERMATOLOGIA

Doen�as de pele e seus n�meros impressionantes

O tema � amplo e impacta diretamente a vida de milh�es de pessoas, pois as les�es de pele podem ter diversas origens


23/02/2023 06:00
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Mulher com as mãos no ombro
(foto: Moscow Fashion Box)

Doen�as e les�es de pele representam mundialmente a quarta principal causa de doen�as n�o fatais. Suas implica��es socioecon�micas est�o bem compreendidas, com custos no valor de US$ 75 bilh�es anuais apenas nos Estados Unidos. O tema � amplo e impacta diretamente a vida de milh�es de pessoas, pois as les�es de pele podem ter diversas origens, desde de agress�es f�sicas na pele, como queimadura por acidentes ou cortes (cir�rgicos ou n�o), ou podem se originar como uma comorbidade, ou seja, les�es consequ�ncias de outras doen�as.

Isso ocorre, por exemplo, com a radiodermatite, uma queimadura de pele causada pela radia��o que acontece em quase 100% dos pacientes com c�ncer submetidos � radioterapia. Num universo de 18 milh�es de diagn�sticos de c�ncer no mundo e 9 milh�es de mortes, fatores que ajudam no controle da radiodermatite contribuem para maior ades�o do paciente ao tratamento e, certamente, tamb�m contribuem para redu��o dessa elevada taxa de mortalidade.
 

De forma semelhante, podemos entender o p� diab�tico. Nos Estados Unidos, mais de 4 mil americanos s�o diagnosticados com diabetes diariamente. � isso mesmo, diariamente! Al�m disso, a Associa��o Americana de Diabetes afirma que desse total, quase 300 pacientes ser�o submetidos a amputa��es de membros, que � o �ltimo recurso para o combate de uma les�o mal tratada. Ainda segundo a associa��o, a �lcera do p� diab�tico ser� desenvolvida em 25% desses pacientes, representando um custo m�nimo de 15 bilh�es de d�lares por ano.

As despesas com as les�es por press�o (antigamente denominadas �lceras de dec�bito) tamb�m n�o ficam atr�s. Anualmente s�o gastos mais de 11 bilh�es de d�lares no tratamento dessas �lceras, sendo o custo do tratamento mais de duas vezes e meia o custo da preven��o. Particularmente essa les�o, dentre todas outras, � a mais evit�vel, com as corretas trocas de posi��es do paciente no leito.

Todos esses n�meros relacionados aos custos com doen�as de pele aquecem o com�rcio de produtos para tratamento de les�es, e empresas especializadas em an�lise de mercado j� calcularam o valor do mercado que gira em torno de algumas dessas patologias. Um relat�rio da empresa Tecnavio intitulado "O Mercado Global de �lceras do P� Diab�tico" avaliou os n�meros no per�odo de 2018 a 2022. Segundo o estudo, o mercado do p� diab�tico teve uma valoriza��o de 991 milh�es de d�lares nesse per�odo. O estudo aponta tamb�m que um dos principais impulsionadores da circula��o monet�ria em torno de les�es de pele � o desenvolvimento de produtos eficazes e seguros. De fato, aliado �s perdas econ�micas e pessoais, que s�o irrepar�veis, o tratamento de feridas e les�es cut�neas enfrenta esse s�rio problema: falta de produto acess�vel e de efic�cia cientificamente comprovada.

Mas o que torna t�o dif�cil o tratamento das les�es de pele? 

Muitos produtos dispon�veis s�o falhos quanto � sua efic�cia por n�o compreenderem, nas suas a��es terap�uticas, a complexidade e o aspecto multifatorial do processo de regenera��o cut�nea, que, independente da origem, se constitui de um processo biol�gico complexo com intera��o simult�nea de eventos celulares, bioqu�micos e imunol�gicos, al�m de requerer um ambiente livre de microorganismos para o pleno restabelecimento. 

Esse ambiente se torna ainda mais complexo quando as les�es de pele est�o relacionadas �s doen�as auto-imunes, ditas na medicina "doen�as raras de pele". Exemplos dessas condi��es cr�nicas e que acompanhar�o o paciente pelo resto da vida, s�o: psor�ase, alergias, dermatite at�pica, e p�nfigos. Nesses casos, falhas gen�ticas na produ��o de prote�nas podem comprometer as estruturas da pele e, consequentemente, sua fun��o barreira, favorecendo a entrada de microorganismos e instala��o de ambiente inflamat�rio persistente.

Al�m da influ�ncia da carga gen�tica no avan�o de doen�as raras de pele, muitos estudos t�m comprovado a influ�ncia da carga emocional para acometimentos n�o s� cr�nicos, mas tamb�m agudos. � o caso da psor�ase, na qual a ci�ncia j� comprovou a maior relev�ncia da carga emocional frente � carga gen�tica para o controle das descama��es na pele. 

Grupos de cientistas espalhados por todo mundo s�o un�nimes em afirmar a relev�ncia do controle do estresse para conter as manifesta��es das doen�as de pele. Por isso, o aspecto psicossocial na abordagem junto ao paciente sempre deve ser levado em considera��o. Um estudo publicado no final de 2020, analisou 1510 participantes com 13 diferentes doen�as de pele sob a �tica psicossocial. Utilizaram-se de question�rios padr�o na cl�nica m�dica para medir quantitativamente os seguintes quatro aspectos qualitativos: sintomas depressivos, isolamento social, solid�o e qualidade de vida. Foi utilizada an�lise estat�stica para compreender e comprovar a associa��o de doen�as de pele com cada uma dessas quatro medidas.

O estudo concluiu que participantes com doen�as de pele apresentaram maior probabilidade de apresentar sintomas depressivos, isolamento social, solid�o e menor qualidade de vida. Pacientes desempregados, solteiros e idosos apresentaram maior risco de desenvolver sintomas depressivos. Os pesquisadores sugerem que mais aten��o deve ser colocada no aspecto psicossocial do cuidado para reduzir a carga de doen�as de pele. Algumas considera��es incluem monitorar os pacientes quanto a altera��es relacionadas ao humor e implementar interven��es psicossociais precoces.

Justamente por compreender a relev�ncia e o impacto na sa�de de milh�es de pessoas que sofrem por estresse, doen�as de pele, e baixa auto-estima, dediquei minha carreira de farmac�utica a entender todas as dores desses pacientes e buscar na natureza e nanotecnologia alternativas que pudesse explorar para desenvolver produtos e tratamentos de forma integrativa, considerando os aspectos multifatoriais desses acometimentos de pele. Nas nossas colunas quinzenais, abordaremos o assunto de doen�as de pele, seus impactos psicol�gicos e sociais,  tratamentos naturais a partir de conhecimentos milenares, uso da nanotecnologia para aumentar efic�cia e seguran�a de produtos, e, claro, muita ci�ncia. 

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