Folhas da beterraba são aliadas do intestino, aponta pesquisa brasileira
Estudos também mostraram impactos positivos à saúde cardiovascular. Confira estratégias para o aproveitamento integral do alimento e de outros vegetais
A meta é produzir cerca de 2 milhões de toneladas de beterraba anualmente no próximo triênio (2025 - 2027).
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Já é sabido que a raiz redonda, de cor vermelho-púrpura, esbanja nutrientes que favorecem as artérias, agora um trabalho brasileiro chega para atestar os benefícios da folhagem da beterraba. O artigo, publicado no periódico científico "Food Research International", aponta capacidade antioxidante e potenciais efeitos contra tumores intestinais.
“Observamos uma diminuição na proliferação de células de câncer colorretal, cultivadas em laboratório, após simulação do processo digestivo”, conta o nutricionista e primeiro autor do estudo Luís Gustavo Sabóia Ponte, do Laboratório Multidisciplinar em Alimentos e Saúde, da Faculdade de Ciências Aplicadas, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
As folhas de beterraba foram testadas em um aparelho que imita a digestão. “O sistema reproduz diferentes etapas digestivas, utilizando enzimas específicas, fluidos gastrointestinais, com variações de pH, movimentos peristálticos e mantendo a temperatura constante em 37 °C”, explica o pesquisador.
E ficou comprovado in vitro (em ambiente de laboratório), que algumas substâncias vindas do vegetal atuam na proteção contra o câncer intestinal. O destaque vai para a vitexina e a apigenina, dupla de polifenóis – classe de compostos bioativos que coleciona evidências sobre atividades antioxidantes e anti-inflamatórias.
Outros trabalhos, inclusive um ensaio clínico preliminar conduzido pelo mesmo grupo da Unicamp, mostraram impactos positivos na saúde cardiovascular, pelo equilíbrio dos níveis de colesterol.
Riqueza que pode ir para o lixo
Além desses fitoquímicos, a folhagem contém sais minerais como o potássio e o magnésio, que também teriam efeitos cardioprotetores. Somam-se ainda as vitaminas A e C, que contribuem para a imunidade e as fibras, aliadas do intestino.
Mas, toda essa riqueza, geralmente, é descartada. Daí a importância de incentivar o aproveitamento integral do alimento. “Essas partes não convencionais dos vegetais, muitas vezes, podem ser até mais ricas se comparadas ao que é comumente utilizado”, comenta a nutricionista Fabiana Fiuza Teixeira, da Gerência de Bem-estar e Saúde Mental, do Einstein Hospital Israelita.
Não bastasse acrescentar nutrientes e sabores ao cardápio, o uso de talos, folhas e sementes ajuda a combater o desperdício. “Incluí-los no dia a dia colabora com a nossa saúde a com a do planeta”, opina a nutricionista.
Embora a folha da beterraba, especialmente o tipo “beterraba baby” fique ótima crua, em saladas e sucos, uma das recomendações dos especialistas é a de passá-la por algum tipo de cozimento. A estratégia ajuda a reduzir os chamados compostos anti-nutricionais, que costumam atrapalhar a absorção de nutrientes.
Refogados, recheios de tortas e raviólis, bolos, sopas e cremes sopas são algumas receitas com folhagens e, assim como as da beterraba, as da cenoura, do rabanete e do nabo podem ser usadas.
A casca da beterraba é mais um ingrediente interessante, aliás, cozinhar a raiz, em panela de pressão, sem retirá-la, evita que se percam vitaminas do complexo B e a betalaína, pigmento responsável pela aparência exuberante e que tem ação antioxidante.
Por fim, a beterraba é comercializada em feiras e supermercados, podendo ser usada crua ou cozida em preparações como saladas, sopas, sucos, patês, bolos e sopas. Suas folhas também podem ser usadas em refogados, omeletes, sopas e panquecas.
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Homocisteína é um aminoácido que, quando está elevado, pode causar alterações nos vasos sanguíneos, aumentando o risco de doenças no coração.
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Rica em vitamina B9, ou ácido fólico, a beterraba ajuda a evitar doenças cardiovasculares, como AVC, aterosclerose ou infarto, porque parece diminuir os níveis de homocisteína no organismo.
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Ela tem ação antioxidante e anti-inflamatória, evitando os danos causados pelos radicais livres às células saudáveis, e ajudando, assim, a prevenir o surgimento do câncer.
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Com boas quantidades de fibras, a beterraba estimula os movimentos naturais do intestino, facilitando a evacuação e ajudando, assim, a combater a prisão de ventre.
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A beterraba ajuda a controlar os níveis de colesterol no sangue, porque contém antioxidantes e fibras que ajudam a reduzir a absorção de colesterol a nível intestinal.
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A beterraba ajuda a proteger as células contra os danos causados pelos radicais livres, contra o envelhecimento precoce. Ela contém boas quantidades de vitamina A, vitamina C e betalaínas, nutrientes e compostos bioativos que funcionam como potentes antioxidantes.
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Com boas quantidades de potássio e cálcio, minerais que são importantes para o bom funcionamento do músculo e para a contração muscular, a beterraba e as folhas desse tubérculo são boas opções de alimentos.
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Isso facilita a circulação de sangue e ajudando, assim, a controlar a pressão arterial e melhorar o rendimento durante os treinos.
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A beterraba também fornece ótimas quantidades de óxido nítrico para o organismo, uma substância que promove o relaxamento dos vasos sanguíneos.
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Popular nos hambúrgueres australianos, uma fatia de beterraba em conserva é combinada com outros condimentos em um hambúrguer de carne bovina para fazer um hambúrguer australiano.
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A beterraba pode ser fervida ou cozida no vapor, descascada e depois comida quente com ou sem manteiga como iguaria; cozido, em conserva e depois comido frio como condimento; ou descascado, ralado cru e depois comido como salada.
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As folhas novas podem ser adicionadas cruas às saladas, enquanto as folhas maduras são mais comumente servidas cozidas ou no vapor, caso em que têm sabor e textura semelhantes ao espinafre.
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No leste europeu, a sopa de beterraba, como a borscht, é um prato popular. Na cozinha indiana, a beterraba picada, cozida e temperada é um prato comum.
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Normalmente, as raízes roxas da beterraba são comidas cozidas, assadas ou cruas, sozinhas ou combinadas com qualquer salada de legumes.
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Tem ação neutralizadora de ácidos e auxilia a formação de glóbulos vermelhos. Por ser rica em ferro e cobre, auxilia na produção de plaquetas, promove fortalecimento muscular devido à sua alta concentração de potássio e manganês, fortalece tendões e tem ação anti-inflamatória.
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A beterraba é recomendada para situações de anemia, devido à riqueza em ferro e ácido fólico. Assim, as folhas desse alimento possuem propriedades benéficas, semelhantes às folhas do espinafre, ambas sendo utilizadas na indústria farmacêutica devido às suas qualidades terapêuticas.
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Quando em condição natural, a beterraba se conserva por até uma semana, sendo mantida em local fresco e sombreado. Também é usada como combustível alternativo na Europa, sendo usada para a preparação de etanol.
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É comum achar que a beterraba é uma raiz, como a cenoura e a mandioca, porém o órgão de reserva é o caule, mais especificamente o colo da planta.
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Rica em ferro, ela possui vitamina C potencializada por sua ação antioxidante. Além disso, traz benefícios como o combate à anemia, à perda excessiva de líquidos, problemas no baço e fígado, prisão de ventre e outros.
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Essa raiz tuberosa é rica em açúcar, proteínas, vitamina A, B1, B2, B5, C, potássio, sódio, fósforo, cálcio, zinco, ferro e manganês.
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Nossa saúde é reflexo dos alimentos que ingerimos ao longo do dia. Assim, a beterraba é um vegetal rico em vitamina A, betalaína, carotenoides e flavonoides, antioxidantes, que traz inúmeros benefícios aos indivíduos.
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Entre as cascas de outros alimentos incluídas em preparações, há a de banana, usada em bolos. Já a de abóbora vai bem em purês. A casca de melancia, a de laranja e a do mamão podem ser utilizadas em compotas, por exemplo, enquanto a de manga entra no preparo de geleias. “A de batata, depois de assada em forno ou airfryer, pode ser uma opção de lanchinho”, sugere a nutricionista.
Talos também tendem a ir para a lixeira, mas guardam muitos nutrientes. E, outra vez, a beterraba oferece esse item, junto de brócolis, couve-flor, couve-manteiga, salsa, entre tantos vegetais. Dá para adicioná-los em omeletes, vinagretes, quiches, farofas e patês, por exemplo.
Por fim, há algumas sementes que não merecem ser desprezadas. “As de abóbora, após assadas, podem servir como petisco ou incrementar saladas”, ensina a nutricionista. São ricas em vitaminas e sais minerais.
Uma sugestão da nutricionista é a de priorizar vegetais orgânicos. “Geralmente as folhas e as cascas acabam acumulando resíduos de agrotóxicos”, diz. Outra dica é a de optar por alimentos da safra, que costumam ser mais saborosos, nutritivos e com preços acessíveis.
Vale ainda caprichar nalimpeza dos vegetais. O ideal é deixá-los de molho em uma solução de hipoclorito de sódio. A proporção é a de uma colher (sopa) de água sanitária (2 a 2,5% de cloro ativo) para 1 litro de água.
É importante prestar atenção às rugosidades e frestinhas, sobretudo nas folhas. Uma escova de cerdas delicadas ajuda a eliminar as sujidades, assim como esponjas de uso exclusivo. Depois da limpeza, é só lançar mão da criatividade na criação das receitas.