
Vivemos em um mundo de inova��o: ci�ncia, pesquisa e tecnologia. Temos mentes criativas a servi�o de descobertas que v�o beneficiar a vida do homem nas mais diversas searas.
Um estudo desenvolvido por pesquisadores do Cefet-MG, campus Divin�polis, comprova que o tingimento com corantes naturais provoca melhora significativa na prote��o ultravioleta do tecido. Os corantes � base de vegetais, com diferentes concentra��es, extra�dos da casca de cebola, repolho roxo e beterraba, s�o eficazes na prote��o contra a radia��o.
O trabalho “Determina��o do fator de prote��o ultravioleta para tecidos tingidos com corantes naturais” foi desenvolvido pela egressa do curso t�cnico integrado de produ��o de moda, Ana Clara Machado, pelo orientador e professor de f�sica, F�bio Lacerda Resende e Silva, e pelas coorientadoras e professoras Iza Fonte Boa e Silva, de qu�mica, e Hemilly Brugnara Lara, de design de moda.
Os corantes foram utilizados para tingir por infus�o peda�os de um tecido 100% algod�o. Todas as amostras tingidas a partir da casca de cebola apresentaram prote��o e um fator de prote��o UPF 50+, a maior classifica��o segundo normas internacionais – Australian Radiation Protection and Nuclear Safety Agency (Arpansa).

Devido � pandemia da COVID-19, os tingimentos foram feitos na casa de Ana Clara Machado. Depois de prontas, as amostras foram analisadas no Laborat�rio de Espectroscopia Raman do Departamento de F�sica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Medidas de transmit�ncia difusa foram conduzidas no laborat�rio em todas as amostras. “As medidas fornecem informa��es sobre a porcentagem de radia��o, para cada comprimento de onda que � transmitida atrav�s do tecido. Com isso, foi poss�vel determinar a transmit�ncia m�dia nas regi�es UV, UVA e UVB, al�m do fator de prote��o ultravioleta, comumente chamado de UPF”, explica o professor F�bio.

Os pesquisadores apontam dois pontos importantes do projeto que seriam descobrir corantes que tenham uma boa prote��o contra radia��o ultravioleta e que tamb�m agridam minimamente o ambiente.
Para Ana Clara, o trabalho foi determinante em sua forma��o. “O projeto apresenta poucos impactos ambientais, sendo um trabalho que tem vi�s sustent�vel. Al�m disso, foi determinada a prote��o ultravioleta dos corantes no tecido, o qual utilizado no vestu�rio comercial, proporcionar� uma consider�vel prote��o solar para as pessoas.”
F�bio Lacerda revela que a ideia era utilizar materiais de f�cil acesso, como cebola, repolho e beterraba, baixo custo e com pouco ou nenhum impacto ambiental. “Para isso, precis�vamos de compostos contendo mol�culas capazes de absorver a radia��o ultravioleta e que se encaixassem nesses requisitos. Pensamos em corantes naturais que poderiam ser facilmente encontrados e chegamos nesses alimentos."
No caso da cebola, por exemplo, sua casca cont�m uma mol�cula capaz de absorver radia��o solar e, al�m disso, � uma parte normalmente descartada, "portanto, poder�amos dar uma nova finalidade a ela".
"Outro ponto importante � que na etapa de prepara��o, n�o tivemos acesso a laborat�rios ou reagentes. Isso tamb�m nos levou a escolher esses compostos.”
TESTES
O professor garante que, certamente, h� outros vegetais com a mesma capacidade. “Existem in�meros outros alimentos que podem conferir propriedades de prote��o UV a tecidos. Inclusive, al�m da cebola, beterraba e repolho roxo, nossa equipe j� testou o feij�o preto, o urucum e o mate e obtivemos bons resultados, mas, ainda, nenhum t�o bom quanto a cebola.”
“A toxina botul�nica, outro exemplo, que � produzida por uma bact�ria, � um composto natural, no entanto � uma das subst�ncias mais t�xicas do mundo em determinadas concentra��es. A ideia � tentar utilizar da melhor forma esses recursos naturais, sempre atentando aos princ�pios da chamada Ecomoda, ou ModaBio, que utiliza m�todos visando reduzir o impacto ambiental da ind�stria, como o uso de fibras eco-amig�veis – como algod�o org�nico, c�nhamo e linho – , al�m de substituir os produtos sint�ticos por produtos naturais e reduzir o consumo de �gua. Para isso, outros estudos ainda devem ser desenvolvidos.”