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Estado de Minas INOVA��O

Cebola, repolho e beterraba melhoram prote��o UV do tecido

Estudo desenvolvido por pesquisadores do Cefet-MG comprova que tingimento com corantes naturais ajuda na prote��o contra a radia��o


24/07/2022 04:00 - atualizado 24/07/2022 08:12

Ana Clara Machado e Fábio Lacerda Resende
Ana Clara Machado e o professor de f�sica F�bio Lacerda Resende, em Atlanta, nos EUA, onde apresentaram o projeto (foto: arquivo pessoal)


Vivemos em um mundo de inova��o: ci�ncia, pesquisa e tecnologia. Temos mentes criativas a servi�o de descobertas que v�o beneficiar a vida do homem nas mais diversas searas. 
 
Um estudo desenvolvido por pesquisadores do Cefet-MG, campus Divin�polis, comprova que o tingimento com corantes naturais provoca melhora significativa na prote��o ultravioleta do tecido. Os corantes � base de vegetais, com diferentes concentra��es, extra�dos da casca de cebola, repolho roxo e beterraba, s�o eficazes na prote��o contra a radia��o.
 
O trabalho “Determina��o do fator de prote��o ultravioleta para tecidos tingidos com corantes naturais” foi desenvolvido pela egressa do curso t�cnico integrado de produ��o de moda, Ana Clara Machado, pelo orientador e professor de f�sica, F�bio Lacerda Resende e Silva, e pelas coorientadoras e professoras Iza Fonte Boa e Silva, de qu�mica, e Hemilly Brugnara Lara, de design de moda.
 
Os corantes foram utilizados para tingir por infus�o peda�os de um tecido 100% algod�o. Todas as amostras tingidas a partir da casca de cebola apresentaram prote��o e um fator de prote��o UPF 50+, a maior classifica��o segundo normas internacionais – Australian Radiation Protection and Nuclear Safety Agency (Arpansa).
 
Corante
Casca de cebola (foto: arquivo pessoal)
“O tingimento com corantes naturais provocou uma melhora significativa na prote��o ultravioleta do tecido. Aproximadamente 24% da radia��o ultravioleta � transmitida pelo tecido sem tingimento, valor que pode causar riscos � sa�de. Quando tingido a partir da casca de cebola, esse valor cai para menos de 1,5%, fazendo com que o tecido tenha uma excelente prote��o e um fator de prote��o ultravioleta 50+”, comenta. “Quando tingido com o repolho roxo e a beterraba, a transmit�ncia m�dia fica abaixo de 9% e 11%, respectivamente”, destaca F�bio Lacerda.
 
Devido � pandemia da COVID-19, os tingimentos foram feitos na casa de Ana Clara Machado. Depois de prontas, as amostras foram analisadas no Laborat�rio de Espectroscopia Raman do Departamento de F�sica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 
 
Medidas de transmit�ncia difusa foram conduzidas no laborat�rio em todas as amostras. “As medidas fornecem informa��es sobre a porcentagem de radia��o, para cada comprimento de onda que � transmitida atrav�s do tecido. Com isso, foi poss�vel determinar a transmit�ncia m�dia nas regi�es UV, UVA e UVB, al�m do fator de prote��o ultravioleta, comumente chamado de UPF”, explica o professor F�bio.
 
Beterraba
Beterraba (foto: arquivo pessoal)
F�bio Lacerda destaca que o resultado � garantido em tecido 100% algod�o e em outros tipos tamb�m. “O tecido 100% algod�o foi utilizado por ser de f�cil acesso, apresentar baixo custo e ser hipoalerg�nico. Mas outras fibras, como l�, linho e seda, tamb�m podem ser tingidas com esses corantes mantendo os mesmos benef�cios.”
 
Os pesquisadores apontam dois pontos importantes do projeto que seriam descobrir corantes que tenham uma boa prote��o contra radia��o ultravioleta e que tamb�m agridam minimamente o ambiente. 
 
Para Ana Clara, o trabalho foi determinante em sua forma��o. “O projeto apresenta poucos impactos ambientais, sendo um trabalho que tem vi�s sustent�vel. Al�m disso, foi determinada a prote��o ultravioleta dos corantes no tecido, o qual utilizado no vestu�rio comercial, proporcionar� uma consider�vel prote��o solar para as pessoas.” 
 
F�bio Lacerda revela que a ideia era utilizar materiais de f�cil acesso, como cebola, repolho e beterraba, baixo custo e com pouco ou nenhum impacto ambiental. “Para isso, precis�vamos de compostos contendo mol�culas capazes de absorver a radia��o ultravioleta e que se encaixassem nesses requisitos. Pensamos em corantes naturais que poderiam ser facilmente encontrados e chegamos nesses alimentos." 
 
No caso da cebola, por exemplo, sua casca cont�m uma mol�cula capaz de absorver radia��o solar e, al�m disso, � uma parte normalmente descartada, "portanto, poder�amos dar uma nova finalidade a ela". 
 
"Outro ponto importante � que na etapa de prepara��o, n�o tivemos acesso a laborat�rios ou reagentes. Isso tamb�m nos levou a escolher esses compostos.”

TESTES

O professor garante que, certamente, h� outros vegetais com a mesma capacidade. “Existem in�meros outros alimentos que podem conferir propriedades de prote��o UV a tecidos. Inclusive, al�m da cebola, beterraba e repolho roxo, nossa equipe j� testou o feij�o preto, o urucum e o mate e obtivemos bons resultados, mas, ainda, nenhum t�o bom quanto a cebola.” 
 
Repolho
Repolho (foto: arquivo pessoal)
A professora de qu�mica EBTT do Cefet-MG, Iza Fonte Boa e Silva, campus Divin�polis, acrescenta que os corantes naturais podem n�o ser t�o inofensivos, apesar de naturais. “As pessoas, geralmente, acham que produtos naturais ou ‘org�nicos’ s�o melhores por serem ‘livres de qu�mica’, o que n�o � verdade”, comenta. 
 
“A toxina botul�nica, outro exemplo, que � produzida por uma bact�ria, � um composto natural, no entanto � uma das subst�ncias mais t�xicas do mundo em determinadas concentra��es. A ideia � tentar utilizar da melhor forma esses recursos naturais, sempre atentando aos princ�pios da chamada Ecomoda, ou ModaBio, que utiliza m�todos visando reduzir o impacto ambiental da ind�stria, como o uso de fibras eco-amig�veis – como algod�o org�nico, c�nhamo e linho – , al�m de substituir os produtos sint�ticos por produtos naturais e reduzir o consumo de �gua. Para isso, outros estudos ainda devem ser desenvolvidos.” 


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