Cerca de 66% dos adultos mineiros estavam com excesso de peso em 2024 e 32,23% com obesidade, segundo dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan). O cenário preocupa ainda mais quando associado ao câncer, tanto pelo risco aumentado da doença quanto pelas dificuldades durante o tratamento oncológico.

A nutricionista Gisele Magalhães explica que a obesidade é uma doença multifatorial e ainda muito presente entre pacientes oncológicos. “Ela pode favorecer o aparecimento de 32 tipos de tumores, sendo mais associada aos cânceres de mama e próstata, ligados a fatores hormonais”, afirma.

Relação entre obesidade e câncer 

No consultório, os desafios vão além do excesso de peso. Gisele afirma que um paciente oncológico com obesidade, assim como todos os pacientes oncológicos, não devem usar suplementos por conta própria e alguns casos têm-se restrições dos suplementos hipercalóricos.

Outro ponto a se destacar é que muitos deles têm alterações no olfato e paladar, o que contribui para uma alta seletividade alimentar. “Dentro de todo esse cenário complexo, temos que encontrar uma dieta para que ele consiga perder peso, mas continuar nutrido”, revela a especialista que integra a equipe da Cetus Oncologia. 

A oncologista clínica Ligia Rodrigues Simonetti reforça que a obesidade pode desencadear um câncer pois aumenta o processo inflamatório crônico e de baixo grau no organismo, através do aumento do número de sinalizadores celulares (interleucinas), predispondo um microambiente favorável ao surgimento de tumores. “Os mais estudados são esôfago — principalmente o subtipo adenocarcinoma — estômago, mama, endométrio, rim, ovário e colorretal”, comenta.

Alimentação: entre mitos e rotinas apressadas

Segundo Gisele, o Brasil evoluiu em políticas de combate à obesidade, mas ainda tropeça na prática. “Hoje estamos cumprindo as diretrizes definidas para a prevenção da obesidade pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e Organização Mundial da Saúde (OMS). Porém ainda há um gargalo entre as normativas e o enfrentamento do problema na saúde básica”, diz.

A profissional alerta ainda para a desinformação. “Alguns falsos valores disseminados para a população impedem o real conhecimento sobre o assunto. Um exemplo disso é o mito de que todo alimento da chamada indústria fitness é saudável e irá impedir a obesidade. A prevenção, vale destacar, está intimamente atrelada a alimentos in natura e minimamente processados.”

Um dos principais vilões no quesito obesidade, reforça a nutricionista, segue sendo o consumo de ultraprocessados e carnes embutidas, e que a falta de tempo para as pessoas cozinharem, infelizmente, acaba sendo um dos principais fatores que as levam a recorrerem a soluções rápidas e nem sempre equilibradas. 

“Nesse efeito dominó, muitos acham que ser nutrido está relacionado ao simples ato de se alimentar, o que não é verdade. É fundamental uma boa escolha. Comer todos nós comemos, mas que alimentos você come? Esse alimento que você come é que vai definir o seu grau de nutrição.”

1º lugar (homens) - Tonga, com 80% da populaçao com sobrepeso ou obesa. Reprodução Youtube
1º lugar (mulheres) - Tonga, com 87% da população com sobrepeso ou obesa. Reprodução de vídeo Daily Mail
2º lugar (homens) - Samoa, com 79% da populaçao com sobrepeso ou obesa. Reprodução Youtube Canal Josh Brett
2º lugar (mulheres) - Samoa, com 86% da população com sobrepeso ou obesa. Reprodução Youtube Canal Aorchid
3º lugar (homens) - Estados Unidos, com 79% da populaçao com sobrepeso ou obesa. Reprodução Youtube Canal Euronews
3º lugar (mulheres) - Kuwait, com 79% da população com sobrepeso ou obesa. Reprodução Youtube
4º lugar (homens) - Malta, com 78% da populaçao com sobrepeso ou obesa. Flickr El Mosquito
4º lugar (mulheres) - Jordânia, com 78% da população com sobrepeso ou obesa. Imagem Freepik
5º lugar (homens) - Kuwait, com 77% da populaçao com sobrepeso ou obesa. Reprodução de vídeo Sky News
5º lugar (mulheres) - Arábia Saudita, com 78% da população com sobrepeso ou obesa. Imagem Freepik
6º lugar (homens) - Nova Zelândia, com 76% da populaçao com sobrepeso ou obesa. Imagem Freepik
6º lugar (mulheres) - Qatar, com 77% da população com sobrepeso ou obesa. Adelgazar Facil - Flickr
7º lugar (homens) - Austrália, com 76% da populaçao com sobrepeso ou obesa. Reprodução de vídeo Facebook Only Human
7º lugar (mulheres) - Turquia, com 76% da população com sobrepeso ou obesa. Imagem Freepik
8º lugar (homens) - Israel, com 76% da populaçao com sobrepeso ou obesa. Imagem grátis pntree.com
8º lugar (mulheres) - Líbia, com 75% da população com sobrepeso ou obesa. - Imagem Freepik
9º lugar (homens) - Qatar, com 76% da populaçao com sobrepeso ou obesa. Flickr Foco em Vida Saudavel
9º lugar (mulheres) - Líbano, com 75% da população com sobrepeso ou obesa. Imagem Freepik
10º lugar (homens) - Canadá, com 76% da populaçao com sobrepeso ou obesa. Imagem Freepik
10º lugar (mulheres) - Omã, com 74% da população com sobrepeso ou obesa. Imagem Freepik
Baseado em números de 2020, o levantamento aponta os países com maiores proporções de homens e mulheres adultos som sobrepeso ou obesos - com índice de massa corporal (IMC) acima de 30. Veja a seguir as dez nacionalidades líderes no percentual de pessoas nessas condições! Montagem sobre imagens Freepik
No início de março de 2025 a Federação Mundial de Obesidade publicou o Atlas Mundial da Obesidade de 2024, um estudo de dados de 187 países. Reprodução Youtube Canal BBC News

Ela aproveita para ressaltar outro mito que associa a comida saudável a algo caro e inacessível, o que também afasta hábitos melhores. “Existem opções nos hortifrutigranjeiros igualmente saudáveis e acessíveis, sem que necessariamente você precise ir à seção de veganos e orgânicos dos supermercados, esses realmente mais caros.” 

A especialista ainda deixa uma dica útil para quem não tem tempo de cozinhar e se vê obrigado a almoçar na rua, durante a correria da semana: preferir restaurantes com refeições mais caseiras. 

“Hoje, muitos oferecem, diariamente, os chamados ‘pratos do fim de semana’, que incluem opções como lasanha, salpicão e estrogonofe. Isso sem falar naqueles estabelecimentos de rodízio e/ou comida a quilo que entregam de comida japonesa ao churrasco. É óbvio que nós adoramos essas refeições, porém além de desbalanceadas, com alto aporte calórico, também contém alimentos processados, como o creme de leite e o presunto, entre outros. Com isso, o ‘comer simples’, com um prato de arroz, feijão, carne/ovo, verduras e legumes cozidos, crus, assados ou refogados, com micronutrientes básicos, acaba sendo preterido.”

Já para aqueles com recursos financeiros, mas sem tempo para cozinhar, contratar — ainda que uma vez ao mês — alguém que prepare marmitas semanais, pode ser uma solução. “Por fim, para quem tem tempo, reservar parte da semana ou do fim de semana para se organizar e garantir as refeições, é a melhor saída para comer sempre da forma mais natural possível”. A nutricionista ainda indica lanches rápidos e saudáveis como frutas, queijo, leite e iogurte natural.

Vida moderna e prevenção

Ligia Simonetti tem uma visão otimista sobre a conscientização atual em relação à obesidade. “Acredito que estamos em processo de aprendizado. As informações estão chegando, por vezes, por ótimos profissionais que têm assumido esse papel de divulgação. As agências regulatórias têm também sua função, como por exemplo informar nos rótulos se um determinado produto é 'rico em açúcar adicionado', ou mesmo ultraprocessado”, diz.

Ela acrescenta que há um interesse crescente no estilo de vida saudável, entre eles o crescimento na busca por atividades coletivas como corrida, ciclismo e crossfit. “Quando se fala em obesidade, as pessoas focam inicialmente na estética, mas o segredo está em entender que estamos falando de uma doença (complexa e multifatorial) que precisa de tratamento, pois traz prejuízos múltiplos no decorrer da vida do indivíduo, inclusive o risco aumentado de câncer.”

Tratamento e controle para a vida toda

A obesidade tem causas diversas e combinadas — de fatores genéticos, como histórico familiar, a hábitos alimentares ruins e desequilíbrios emocionais. Por isso, não há tratamento rápido ou único, tampouco com prazo determinado, muito pelo contrário: trata-se de uma doença que demandará controle por toda a vida.

O acompanhamento deve ser multidisciplinar: clínico geral, nutricionista, psicólogo, cardiologista e, em casos mais graves, até cirurgião pode ser necessário, especialmente em casos de obesidade grau III, quando alternativas já foram tentadas.

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