Efeito Trump

Perdas bilionárias: a queda alarmante de turistas estrangeiros nos EUA

Críticos argumentam que, em vez de atrair o mundo, políticas isolacionistas estão repelindo os visitantes, beneficiando rivais globais como Europa e Ásia

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Em um ano marcado por tensões políticas e econômicas globais, os Estados Unidos enfrentam uma crise silenciosa no setor de turismo internacional. Enquanto o mundo se recupera lentamente da pandemia, o país que outrora era o destino sonhado de milhões vê seus visitantes estrangeiros fugirem em números recordes. 

Dados recentes revelam uma queda projetada de 8,2% nas chegadas internacionais noturnas em 2025, em comparação com 2024, resultando em uma perda estimada de US$ 12,5 bilhões em gastos de turistas. Essa retração não é mero azar: é um ferimento autoimposto, impulsionado por políticas restritivas, retórica inflamada e um dólar forte que torna o "Sonho Americano" cada vez mais caro e hostil.

Os números são implacáveis. De acordo com o World Travel & Tourism Council (WTTC), os gastos de visitantes internacionais devem cair para US$ 169 bilhões em 2025, ante US$ 181 bilhões no ano anterior. No primeiro semestre, as chegadas internacionais já registraram uma redução de 2,4% em relação a 2024, com março sendo o mês mais crítico: uma queda de 14% nas visitas. 

Entre janeiro e março, apenas 7,1 milhões de turistas de ultramar entraram no país, 3,3% a menos que no período equivalente de 2024. Comparado ao pré-pandemia, a retração chega a 9,4%, tornando os EUA o único grande destino global a enfrentar declínio em 2025, enquanto concorrentes como Europa e Ásia veem recuperação.

Destinos mais afetados: cidades icônicas em colapso

A crise não poupa ícones do turismo americano. Regiões dependentes de visitantes internacionais sofrem desproporcionalmente, com quedas que ameaçam empregos e receitas locais. Aqui vão os números dos destinos mais impactados, baseados em dados de aeroportos, hotéis e associações de turismo:

Las Vegas, Nevada: A "Capital do Entretenimento" registra uma das maiores perdas, com volume total de visitantes caindo 8% de janeiro a julho de 2025. Em junho, a retração foi de 11,3% em relação ao mesmo mês de 2024, impulsionada pela ausência de turistas de cassinos e shows.

Cidades fronteiriças, como as próximas à fronteira mexicana, também sofrem, com declínios semelhantes devido à redução de 37% nas viagens terrestres canadenses.

Seattle e Portland, noroeste do Pacífico: Esses hubs tecnológicos e naturais lideram as quedas mais acentuadas, com previsões de declínio anual superior a 10-12% nas chegadas internacionais. O Aeroporto de Seattle-Tacoma (Sea-Tac) viu uma redução de 9% em voos de longa distância no verão, afetando o turismo de cruzeiros e ecoturismo.

Detroit, Michigan: Outra vítima do colapso fronteiriço, com quedas projetadas de até 15% em chegadas canadenses, que representam 40% do tráfego internacional local. A proximidade com o Canadá, tradicionalmente o maior emissor de turistas (20,2 milhões em 2024), agrava o impacto: visitas canadenses caíram 25,2% no acumulado do ano, com 37% a menos em chegadas por terra em julho.

Boston e Chicago, Nordeste e Meio-Oeste: Os aeroportos Logan (Boston) e O'Hare (Chicago) registraram quedas de cerca de 8% no tráfego internacional durante o verão de 2025. Em Boston, hotéis de luxo relataram ocupação 5% menor, enquanto Chicago, dependente de europeus, viu uma redução de 2,3% em turistas da Europa Ocidental.

Estados fronteiriços do Norte, como Maine: A ocupação hoteleira despencou para 53,9% no acumulado de 2025, contra 57,2% em 2024, refletindo o colapso canadense. Outros estados como Califórnia, Novo México, Vermont, Arkansas e Connecticut juntam-se à "queda livre" de oito meses, com perdas de 5-10% em receitas turísticas, agravadas por políticas de visto mais rígidas.

Esses números não são isolados: o Canadá, maior mercado emissor, registrou uma queda de 25,2% nas visitas, enquanto a Europa Ocidental caiu 2,3% e a Ásia, 1,6%. Em contraste, o México cresceu 13,9%, mostrando que o problema é seletivo, mas devastador para destinos dependentes de mercados voláteis.

Causas: Políticas hostis e economia desfavorável

A crítica é inevitável: boa parte dessa crise é fabricada em Washington. Especialistas apontam para as políticas da era Trump como catalisadores principais. A retórica anti-imigração, ameaças de tarifas e deportações em massa criaram uma imagem de instabilidade, desencorajando turistas de países como Canadá, Europa e Ásia.

Desde fevereiro de 2025, o declínio acelerou, coincidindo com anúncios de cortes em agências governamentais e mobilização da Guarda Nacional em cidades. Uma pesquisa da CNN revela que 40% dos estrangeiros citam "preocupações com políticas de imigração" como motivo para evitar os EUA.

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Economicamente, o dólar forte agrava o quadro: viagens aos EUA ficaram 7% mais caras para estrangeiros em 2025, segundo a Reuters, reduzindo o apelo em comparação a destinos como México ou Europa. Processos de visto "quebrados" e atrasos – com esperas de até 18 meses para alguns países – somam-se a custos crescentes de aviação e hospedagem. 

Fatores geopolíticos, como a percepção de "insegurança" devido a protestos e divisões internas, completam o ciclo vicioso. Como alerta o Tourism Economics, essa combinação de "preocupações políticas e financeiras" pode prolongar a crise além do verão, custando US$ 8,3 bilhões em gastos diretos.

Um aviso para o futuro

Essa queda não é só estatística; é um alerta para a economia americana, que depende de US$ 1,8 bilhão em receitas de exportação por cada 1% de visitantes internacionais. Setores como hotelaria, aviação e entretenimento já cortam empregos – Las Vegas sozinho pode perder 20 mil vagas. 

Críticos argumentam que, em vez de atrair o mundo, políticas isolacionistas estão repelindo-o, beneficiando rivais globais. Para reverter, os EUA precisam de diplomacia amigável, vistos ágeis e uma narrativa inclusiva. Caso contrário, o "farol do mundo" corre o risco de se apagar, deixando para trás não só turistas, mas oportunidades bilionárias.

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