
Talvez o c�ncer seja uma das doen�as que h� mais tempo acompanham a humanidade, embora nem sempre tenha recebido tamanha aten��o como hoje. Cerca de 30 s�culos antes de Cristo, os povos eg�pcios, persas e indianos j� se referiam � “doen�a de tumores malignos”.
Desde a defini��o dos primeiros tratamentos – inicialmente, cir�rgicos, depois com radioterapia, seguido da quimioterapia – foram centenas de anos at� a medicina oncol�gica chegar aos atuais conceitos de oncologia de precis�o ou personalizada.
Desde a defini��o dos primeiros tratamentos – inicialmente, cir�rgicos, depois com radioterapia, seguido da quimioterapia – foram centenas de anos at� a medicina oncol�gica chegar aos atuais conceitos de oncologia de precis�o ou personalizada.
Atualmente, cada tumor � analisado geneticamente com o objetivo de se encontrar a terapia mais adequada para combat�-lo. A estrat�gia de tratamento � espec�fica para cada paciente. Por isso, no artigo desta semana, chamo aten��o para o papel dos Centros de Pesquisas no desenvolvimento de novas drogas antic�ncer em conson�ncia e em atendimento a estes modernos conceitos. Conforme avan�am os resultados das pesquisas de mapeamento gen�tico tumoral e de identifica��o de biomarcadores, prosperam tamb�m as possibilidades de drogas mais eficazes e eficientes.
Diante da relev�ncia desse tipo de conhecimento, nosso pa�s precisa estar na dianteira da pesquisa oncol�gica, tanto para o desenvolvimento de estudos e de medicamentos – trabalho desempenhado muitas vezes com poucos recursos pelas nossas universidades p�blicas –, como tamb�m na participa��o em pesquisas cl�nicas que visam comprovar a efic�cia de novas drogas.
Esse trabalho � desenvolvido com a coopera��o de centros de pesquisas da rede p�blica, como � o caso do Instituto do C�ncer do Estado S�o Paulo – ICESP, Instituto Nacional do C�ncer – INCA, Hospital M�rcio Cunha e Hospital das Cl�nicas da UFMG, que carrega em sua hist�ria estudos de destaque.
Fomos pioneiros em pesquisas oncol�gicas, ainda no final da d�cada de 1980. No Servi�o de Oncologia, e juntamente com os colegas do Servi�o de Cirurgia do Aparelho Digestivo, tivemos a ousadia de comprovar pela primeira vez na literatura m�dica, em um estudo cl�nico randomizado, o inequ�voco benef�cio da quimioterapia no tratamento do c�ncer g�strico avan�ado – com o velho esquema de quimioterapia FAMTX, em compara��o com apenas tratamento paliativo. Este estudo se tornou refer�ncia mundial e foi publicado na revista m�dica oncol�gica mais importante da �poca: a Cancer.
Fomos pioneiros em pesquisas oncol�gicas, ainda no final da d�cada de 1980. No Servi�o de Oncologia, e juntamente com os colegas do Servi�o de Cirurgia do Aparelho Digestivo, tivemos a ousadia de comprovar pela primeira vez na literatura m�dica, em um estudo cl�nico randomizado, o inequ�voco benef�cio da quimioterapia no tratamento do c�ncer g�strico avan�ado – com o velho esquema de quimioterapia FAMTX, em compara��o com apenas tratamento paliativo. Este estudo se tornou refer�ncia mundial e foi publicado na revista m�dica oncol�gica mais importante da �poca: a Cancer.
Importantes trabalhos de pesquisa cl�nica s�o desenvolvidos tamb�m em institui��es pioneiras e privadas como o Hospital do Amor de Barretos, Hospital Israelita Albert Einstein, S�rio Liban�s, Benefic�ncia Portuguesa de S�o Paulo e do Centro de Pesquisas de Novas Drogas Antic�ncer Personal Oncologia, em Belo Horizonte.
Nosso estado est� inserido nessa extensa rede nacional e internacional de grupos de pesquisa cl�nica para desenvolvimento de novas drogas oncol�gicas. Al�m disso, a exist�ncia desses centros de pesquisas � uma oportunidade terap�utica extra para muitos pacientes, cujas expectativas de vencer a doen�a com tratamentos tradicionais foram esgotadas. Os participantes alocados nesses ensaios passam a receber, sem nenhum custo, medica��es de ponta, como as drogas alvo-moleculares e imunoter�picas, que est�o em fase adiantada de experimenta��o, possivelmente dispon�veis clinicamente em um futuro pr�ximo.
Considerando todas as etapas, desde a pesquisa experimental at� a pesquisa cl�nica, um novo medicamento pode demorar mais de dez anos para estar dispon�vel ao uso cl�nico. Isso acontece porque cada etapa deve ser realizada seguindo protocolos espec�ficos e os resultados devem ser analisados em longo prazo.
A pesquisa cl�nica, por exemplo, � dividida em quatro fases: a I, em que � feita uma avalia��o preliminar e de seguran�a; a II, em que ao longo de dois anos s�o analisadas a efic�cia, a defini��o de doses e, em paralelo, a seguran�a. Na fase III, os pesquisadores observam seguran�a, efic�cia comparativa, risco/benef�cio j� com a inten��o de registrar o novo medicamento. Esse tipo de estudo pode levar de um a quatro anos. Por fim, na fase IV, os pesquisadores estudam a farmacovigil�ncia e a experi�ncia com o produto, assim como poss�veis novas indica��es.
Obviamente, dez anos � tempo demais para pacientes que precisam agora de op��es para lutar contra a doen�a. Ent�o, participar de um desses estudos pode ser uma possibilidade �nica.
Mas, � um tempo curto, se pensarmos que existem centenas de pesquisas cl�nicas em andamento, e quando comparamos o tempo que foi necess�rio para sair das terapias tradicionais e chegar �s chamadas “personalizadas”. Somado a isso, in�meros estudos avan�am em outras frentes da oncologia, como por exemplo, preven��o das s�ndromes heredit�rias de predisposi��o ao c�ncer e rastreamento precoce.
Para finalizar, lembro que a preven��o � sempre nossa melhor aliada. Em geral, est� dispon�vel e acess�vel para todas as pessoas reduzindo-se a exposi��o aos fatores de risco: manter uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, gr�os e cereais, reduzir o consumo de carnes vermelhas e derivados, combater o sedentarismo e a obesidade e manter as vacinas em dia, por exemplo. Invistamos e acreditemos na ci�ncia, mas pratiquemos a vida saud�vel!
Se voc� tem d�vidas ou sugest�o de tema para a coluna, envie: [email protected]
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*Andr� Murad � oncologista, p�s-doutor em gen�tica, professor da UFMG e pesquisador. � diretor-executivo na cl�nica integrada Personal Oncologia de Precis�o e Personalizada. Exerce a especialidade h� 30 anos, e � um estudioso do c�ncer, de suas causas (carcinog�nese), dos fatores gen�ticos ligados � sua incid�ncia e das medidas para preveni-lo e diagnostic�-lo precocemente.