Nunca tinha ficado hospedada em casa constru�da no estilo americano ou, no caso, canadense. Fui passar f�rias no Canad� e o que mais me impressionou foi a casa em que fiquei hospedada: quatro andares, com todo conforto, piso aquecido e lareira em todos os c�modos. Para quem n�o presta aten��o, estava longe de ser uma resid�ncia produzida inteiramente em drywall. Como fiquei, para meu conforto, no c�modo mais baixo, resolvi abrir a porta do quarto e olhar a estrutura da constru��o. Meu queixo caiu quando vi que tudo se apoiava em ripas de madeira de mais ou menos uns 20cm de largura. E me informaram que a casa foi feita em pouco tempo, porque � f�cil montar toda aquela estrutura, colocar as paredes, fazer a infraestrutura para manter o conforto oferecido. Pensei logo que essa hist�ria de casa durar uma eternidade, n�o � l� grande coisa. Qual a raz�o dessa preocupa��o? Quem fala sobre isso � o engenheiro Luiz Fernando Silva Borges, diretor da Construtora Santa Rosa.
As paredes de 88,2% das casas brasileiras s�o feitas de alvenaria, segundo dados divulgados, em 22 de junho, pela Pesquisa Nacional por Amostras de Domic�lio (Pnad – Cont�nua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Mais de 62 milh�es de brasileiros usam esse tipo de material para construir as suas casas, mudando apenas o tipo de revestimento. Mas por que esse m�todo � o mais convencional no Brasil? Segundo especialistas da �rea de constru��o, a alvenaria, embora tenha muitas falhas, � visto no pa�s como o mais confi�vel, por uma quest�o de h�bito. A pesquisa ressalta que essa prefer�ncia brasileira adv�m, tamb�m, por ser um gasto menor. “Acredito que a maioria das casas brasileiras seja feita em alvenaria de tijolo cer�mico comum devido � quest�o cultural e o baixo custo de produ��o de tijolos, uma vez que a mat�ria-prima do referido item � de f�cil acesso em praticamente todas as regi�es do pa�s”, afirma o especialista.
Existe no mercado internacional o drywall, comumente usado nos Estados Unidos, por exemplo, capaz de fazer basicamente a mesma fun��o de veda��o que uma alvenaria de tijolo cer�mico comum, por�m � mais leve, mais r�pido e f�cil de instalar, gera menos entulho e, ainda, � um sistema seco e limpo. “Em se tratando de uma parede de veda��o, tanto o drywall quanto a alvenaria de tijolo cer�mico fazem bem a mesma fun��o. A�, quem define o melhor material para cada situa��o, na maioria das vezes, s�o os arquitetos e projetistas estruturais, ap�s as compatibiliza��es de projetos. Se uma determinada laje de concreto armado n�o suportar grandes esfor�os, por exemplo, certamente o projetista optar� por uma parede de drywall, levando em considera��o que ela � mais leve e automaticamente vai gerar um menor empenho para tal”, explica Luiz Borges.
Os revestimentos comumente utilizados pelos brasileiros, como o porcelanato, a pintura ou mesmo o cer�mico, s�o bem recebidos pelos dois tipos, tanto alvenaria quanto drywall. “O que muda � que no drywall existem varia��es de placas de gesso. Ou seja, se o projeto pedir que o revestimento de drywall seja cer�mico, a compra da placa de gesso ter� que ter como crit�rio maior resist�ncia ao arranque”, pontua o engenheiro.
Segundo o especialista, a quest�o cultural ainda � preponderante quando se trata do uso da alvenaria no pa�s, principalmente em projetos residenciais. Por�m, ambientes corporativos j� v�m mudando esta mentalidade e diversificando as estruturas, com a utiliza��o do drywall. “Definitivamente o drywall ainda n�o � visto com bons olhos nos projetos residenciais. Nos ambientes corporativos, industriais e hospitalares, ele � o queridinho dos projetistas e clientes. Afinal, � um m�todo construtivo �gil, limpo e que � executado com equipe reduzida. Pouco a pouco, o drywall vem quebrando as desconfian�as do cliente residencial e ganhando for�a nessa �rea. Mas est� longe de ser o principal sistema construtivo”, encerra.