
O mundo est� cada vez mais din�mico. As inova��es nos surpreendem a cada piscar de olhos. E como a publicidade tem que estar � frente das marcas, reinventar j� n�o basta. Por aqui, a temporada 2020 come�a com expectativas positivas na economia brasileira. Ainda que lenta, a recupera��o econ�mica no �ltimo trimestre de 2019 sinaliza novos investimentos no mercado publicit�rio. Por�m, para o publicit�rio Cac� Moreno, eleito "Publicit�rio do Ano" em 2019, o mercado mineiro precisa estar unido para aproveitar esse novo momento. Diretor da Perfil252, tamb�m escolhida pelo mercado como a "Ag�ncia do Ano" em 2019, Cac� Moreno � uma das refer�ncias do setor. Cursou Economia na PUC, mas ele pr�prio se autointitula "Inconformado em Economia", j� que n�o concluiu o curso. Abandonou o curso para se atirar no cinema. Mudou-se para Los Angeles onde na UCLA - University of California Los Angeles - cursou "Basic Motion Pictures Techniques", "Camera and Lighting", "Cinematography I", "Cinematography II", "Cinematography III", entre outros. Mas se encontrou mesmo na publicidade, guiado pelas m�os do amigo e cineasta Helv�cio Raton. De l� pra c�, mais que uma trajet�ria de sucesso, pavimentou uma trajet�ria de muito trabalho. Como o pr�prio costuma falar, "somos uma ag�ncia independente, num mercado perif�rico", que j� atendeu grandes contas nos mercados mineiro e brasileiro, conquistando proje��o internacional.
Em 2012, a Perfil252 foi a �nica ag�ncia brasileira a ganhar Ouro no CLIO AWARDS em Nova Iorque, em cerim�nia de gala no Museu de Historia Natural daquela cidade americana. Em Nova Iorque tamb�m conquistou um Bronze e dois Merits no Art Directors Club, al�m de diversas premia��es internacionais no El Ojo, Festival Internacional de Gramado, entre outros, e nacionais, como Clube de Cria��o de S�o Paulo, dezenas de Pr�mios Colunistas, diversas �rvores de Ouro e Prata no Pr�mio Abril, Publicit�rio do Ano pelo Pr�mio Colunistas e, agora, Ag�ncia do Ano e Publicit�rio do Ano no Pr�mio AMP/SINAPRO-MG.
Nesta entrevista, Cac� Moreno fala das transforma��es do mercado, da rela��o com o novo consumidor, da necessidade de estar cada vez mais ligados �s inova��es, mas, principalmente da necessidade de o mercado mineiro caminhar junto em busca de sua recupera��o. Ao falar do reconhecimento ao seu trabalho, de sua energia profissional, ele cita o fil�sofo Artist�les para exemplificar o que considera o "motor da vida", e nos d� a oportunidade de recorrer ao poeta Fernando Pessoa para significar os pr�mios conquistados em 2019: "Tudo vale a pena quando a alma n�o � pequena".
Quais caracter�sticas contribu�ram para voc� ser eleito o publicit�rio do ano e para a ag�ncia ser eleita a Ag�ncia do Ano? E o que o pr�mio representa para voc�, que j� era um dos grandes do mercado?
Tenho uma compreens�o um pouco diferente dessa l�gica de "ser premiado". Por v�rios motivos. Primeiramente, porque, de uma maneira geral, acredito em premia��es principalmente como oportunidades de validarmos aquilo que verdadeiramente acreditamos e praticamos. Uma confirma��o �ntima de que estamos no caminho certo, fazendo as coisas certas. E, em segundo lugar, porque essa oportunidade pode nos permitir uma certa visibilidade que s� ter� um valor, de fato, pra mim, se pudermos levar uma mensagem para o mercado como um todo num momento t�o dif�cil que atravessamos por quest�es econ�micas, tecnol�gicas e at� mesmo estruturais. E a mensagem que me interessa passar � de uni�o. Precisamos nos fortalecer. Precisamos estar cada vez mais juntos e unidos. S� assim fortaleceremos o mercado e os nossos neg�cios. Esse � o pr�mio que mais interessa. O Andr� Lacerda (presidente do Sinapro-MG) tem feito um trabalho maravilhoso nesse sentido. Ele tem conseguido unir as pessoas, as empresas e produzir resultados reais para todos n�s. Esse � um passo. Precisamos dar outros no sentido de nos unirmos ainda mais e tra�armos condutas e posicionamentos coletivos. Todo mundo ganha com isso. Nesse sentido, tanto ser a Ag�ncia do Ano quanto ser Publicit�rio do Ano n�o representam pra mim uma receita de sucesso. Mas, sim, uma realiza��o singela de um modo de trabalho, de um modo de vida. At� mesmo porque as coisas s�o ef�meras e s� valem a pena se olharmos pra elas com um olhar mais coletivo. Portanto, � legal ser reconhecido? � legal sim. Mas, para mim, isso precisa sempre ter um significado maior. Filosofando um pouco, para Arist�teles a excel�ncia �, na verdade, um h�bito, uma raz�o de viver: "A alegria que se tem em pensar e aprender faz-nos pensar e aprender ainda mais". Acredito nisso como motor da vida.
Como voc� avalia a criatividade publicit�ria brasileira nos dias atuais? E como avalia a atual propaganda desenvolvida em Minas Gerais? Estamos muito atr�s dos outros centros?
A nossa publicidade sempre esteve e continua entre as melhores do mundo. Basta ver a grande presen�a das ag�ncias brasileiras nos festivais e pr�mios internacionais. Estivemos em maio de 2019 num KSP (Knowledge Sharing Program) da Alkimia, empresa do genial e absolutamente atemporal M�rio D'Alc�ntara, em Nova York, onde tivemos a oportunidade de nos reunir com os "maiores" das maiores e mais modernas empresas de comunica��o do mundo. E ouvimos de todos eles sobre a criatividade dos brasileiros na propaganda. Inclusive e, infelizmente, ouvimos muito que "compravam" cria��o do Brasil porque era melhor e mais barata.
Qual o futuro do mercado publicit�rio mineiro? Quais as expectativas de crescimento? E o que precisamos fazer (ou refazer) para voltar a ocupar posi��o de destaque, ou pelo menos n�o perder para pra�as ainda menores que a nossa?
Nosso mercado, como qualquer outro, ter� que se adaptar �s mudan�as de comportamento dos consumidores, cada vez mais r�pidas. Ter� que se adaptar �s mudan�as tecnol�gicas. Temos que estar em sintonia com o que acontece no Brasil e no mundo. Os objetivos s�o os mesmos: conquistar as mentes e os cora��es das pessoas, mas as formas de fazer est�o mudando todo dia. At� mesmo porque no mundo de hoje paix�es e despaix�es instant�neas acontecem o tempo todo. A velocidade do sucesso e do insucesso aumentou significativamente para todos. Quem estiver atento a isso ter� futuro sempre.
Precisamos nos fortalecer. Precisamos estar cada vez mais juntos e unidos. S� assim fortaleceremos o mercado e os nossos neg�cios. Esse � o pr�mio que mais interessa".
S� sobrevive no mercado se tiver conta dos governos?
Acho que n�o. A L�pis Raro � uma prova cabal disso. � claro que n�o podemos negar a import�ncia dos governos. O poder p�blico � um anunciante relevante. Muitas vezes compuls�rio. Talvez seja o �nico cliente que tenha que, obrigatoriamente, falar com todos os p�blicos. Temos temas no Brasil que demandam uma comunica��o constante de todas as esferas da administra��o. Temas que tratam da preven��o de doen�as, da luta contra preconceitos, da presta��o de servi�os aos cidad�os, da seguran�a das pessoas. Ou seja, a comunica��o � uma ferramenta essencial para a gest�o p�blica.
Como voc� avalia a publicidade feita na internet atualmente? Os profissionais das nossas ag�ncias est�o acertando ou apenas reproduzimos mais do mesmo em busca da sobreviv�ncia no meio?
� l�gico que a internet mudou profundamente a maneira de as pessoas viverem e se relacionarem. E � uma coisa t�o viva e mutante que estamos todos aprendendo a fazer uma comunica��o melhor nesse meio a cada dia que passa. A publicidade feita na internet muda todo dia porque a internet muda todo dia. As redes sociais, os portais, os aplicativos todo dia trazem alguma novidade para os usu�rios. Temos que ser r�pidos e efetivos o tempo todo. E usar isso a nosso favor. De novo recorrendo a Arist�teles: "Somos o que repetidamente fazemos. A excel�ncia n�o � um feito, mas um h�bito". Partindo dessa premissa, quem estiver se atualizando a cada instante estar� apto a fazer comunica��o de qualidade em qualquer meio.
A expectativa � que em 2020 a tecnologia e a diversifica��o do relacionamento com o p�blico sejam ainda mais utilizadas. J� est� mais do que provado que os consumidores s�o muito mais propensos a seguir indica��es de influenciadores digitais do que de an�ncios comuns. Os influenciadores s�o aliados ou concorrentes dos publicit�rios? Como convencer um cliente de que publicidade de conte�do vale a pena?
Os influenciadores s�o nossos aliados. A tecnologia e suas ferramentas e possibilidades s� n�o s�o aliadas de quem n�o est� ligado o tempo todo. A internet criou novos canais, novas formas de comunicar e vai criar muito mais. Isso n�o vai ter fim. A evolu��o faz parte da ess�ncia humana. E n�s, publicit�rios, vendedores de 'intelig�ncia estrat�gica", passamos a ter um universo ainda maior de possibilidades para vender produtos, servi�os ou ideias.
Estamos cada vez mais digitais, sempre com a sensa��o de que n�o existe nada mais a ser criado, como se j� tiv�ssemos visto de tudo. Qual o futuro da propaganda (criatividade) no mundo e no Brasil?
Como j� falei aqui no come�o da entrevista, em maio do ano passado estive em Nova York com outros executivos brasileiros das mais diversas �reas visitando algumas das maiores ag�ncias de comunica��o do mundo. Um programa de gera��o e troca de conhecimento. O grupo foi formado por pessoas de ag�ncias, ve�culos e anunciantes de todo o Brasil. Foi uma experi�ncia muito rica e transformadora. Estivemos na 4As (a mega American Association of Advertising Agencies), na 360i, na RGA, na Horizon Media, na Assembly, entre outras. Em todas fomos recebidos pelos CEOs ou diretores de inova��o e cria��o. O mercado americano hoje est� vivendo uma realidade de mudan�a muito mais r�pida e profunda que o nosso e nos d� uma boa no��o do que vem por a�. Durante uma semana tivemos um panorama bem detalhado de como as novas tecnologias est�o tomando conta da vida das pessoas: a intelig�ncia artificial, a automa��o, a rob�tica e a expectativa do in�cio da opera��o do 5G na telefonia. As ag�ncias criaram grandes equipes de tecnologia com engenheiros, programadores, designers, analistas. T� tudo em ebuli��o. As ag�ncias partindo efetivamente para uma comunica��o one to one. Hoje voc� ouve numa 360i que um dos seus principais ativos � um banco de 250 milh�es de IPs. Em pouqu�ssimo tempo estaremos conversando com as geladeiras, os fog�es, os eletrodom�sticos todos. O futuro � muito mais devastador e invasivo do que se imagina. A criatividade vai ser cada vez mais importante.
