
S� que o isolamento foi total, porque a OI me deixou sem telefone por 15 dias, por mais que reclamasse. E como n�o tenho mais celular, fiquei ilhada em casa, socorrida vez e outra por minhas empregadas, cada uma delas tem dois celulares. Se n�o fosse Valdir Vasconcelos me acudir, depois que esgotei todos os meios normais para que o telefone voltasse, acho que estaria at� hoje sem telefone. O que representa mesmo uma perda preocupante. Est�o falando que o telefone fixo vai acabar, que a comunica��o s� ser� poss�vel via celular e fico na maior preocupa��o. Isso porque sou do tempo em que fazer um interurbano de Santa Luzia para Belo Horizonte demandava v�rias horas de espera, o posto da cidade era usado por todos os moradores. E a chegada do telefone dom�stico foi a abertura de uma porta para o mundo.
Para complicar ainda mais as f�rias, o dil�vio n�o deu tr�gua. Lembrei-me do Monte Ararat, que visitei quando fui em Israel, onde falam que ele fica, mas que geograficamente fica na Turquia e onde, conta a hist�ria, No� parou sua arca depois do dil�vio de 40 dias e 40 noites. Menos do que passamos por aqui nessas �ltimas semanas. E s� quem mora em casa, e n�o em apartamento, sabe como � complicado enfrentar essa chuvarada constante. � preciso cuidar de pontos inesperados, �gua � incontrol�vel, n�o respeita telhados, n�o respeita alicerces, n�o respeita liga��es el�tricas, n�o respeita nem portas nem janelas. N�o sei quantas e quantas vezes tive que me levantar � noite para verificar onde � que a chuva estava fazendo seu estrago.
Combati como pude � tenta��o de ver TV o dia inteiro, primeiro porque a programa��o � quase sempre um apelo � ruindade e � ignor�ncia, est� sempre nos empurrando para outra dire��o. Com isso, aproveitei para ler e ler. Dei conta de v�rios livros, inclusive do Escravid�o, primeiro da s�rie que est� sendo escrita por Laurentino Gomes, de cujo texto sou mais do que admiradora desde que li 1808 e tamb�m alguns outros, quase sempre sobre a persegui��o aos judeus, um tema que sempre me interessou e continua interessando – como A bailarina de Auschwitz, de Edith Eger, e O arquiteto de Paris, de Charles Belfour�. Mas como tamb�m sou da gera��o de Hemingway, Capote, Salinger, Faulkner e outros, pouca coisa que se escreve hoje me interessa muito. Quem vez e outra me sustenta com novidades boas � o m�dico Jos� Salvador, um leitor inveterado.
Estou, portanto, de volta, trazendo na programa��o dos �ltimos dias um passeio dominical pelo BH Shopping. Entupido de gente, mas com a maioria das lojas praticamente vazias. Trazendo comigo uma tristeza, do meu sobrinho-neto que queria porque queria passar um tempo naquele pula-pula que montaram para a meninada se distrair e os pais sofrerem nas enormes filas que n�o entusiasmam ningu�m.
Como dizia antigamente, j� n�o sei mais quem, al� Bel�, eis-me de volta.