
Cada um em casa com sua fam�lia. E na P�scoa foi assim. Moro no Bairro Gutierrez, assim como minha prima Anna Marina, titular desta coluna. Por�m, ela mora em uma regi�o que ainda n�o foi totalmente tomada por pr�dios, j� eu moro cercada por eles. Exatamente por isso, pedia a ela que me desse licen�a para escrever a coluna hoje, porque senti um desejo muito grande de contar o que ocorreu por aqui no domingo de P�scoa.
Como de costume, aos domingos, acordei, tomei meu caf�, e fui arrumar a casa. Sou evang�lica e, no hor�rio habitual do culto da minha igreja, liguei meu celular e participei on-line da celebra��o de P�scoa: louvor, mensagem e ceia do Senhor, acompanhada da minha filha Luisa. Depois, continuei na arruma��o, dessa vez na cozinha, acompanhada por um fundo musical que vinha de algum pr�dio vizinho. Uma sele��o de MPB de boa qualidade. Estava uma del�cia. Eu l�, lavando o ch�o da cozinha, embalada por boa m�sica. Anima a gente, o trabalho fica mais leve. E como tenho a vantagem de morar no mesmo pr�dio que minha irm�, a cada dia o almo�o � na casa de uma, e no domingo seria na casa dela, ou seja, nem precisaria cozinhar depois.
De repente, a m�sica mudou. Veio uma sequ�ncia de m�sicas sacras, desde hinos cl�ssicos, a m�sicas atuais, passando por Ave-Maria, de Gounod, e Aleluia, de Jeff Buckley. Letras dizendo que Jesus ressuscitou, que ele vive em n�s. Letras em ingl�s e em portugu�s. Assim que come�ou, olhei da janela da minha cozinha e as janelas dos pr�dios vizinhos estavam todas abertas e cheias de seus moradores, que acompanhavam a m�sica, ou cantando, ou se balan�ando no ritmo, quando n�o conheciam a letra. A cada fim de can��o, aplausos, gritos, louvores a Deus, “viva Jesus”.
Fui tomada de tamanha emo��o que as l�grimas encheram meus olhos. Ali, naquele momento, n�o importava religi�o, conhecimento, nada. Foi uma uni�o natural, espont�nea em torno de Deus, celebrando a vida de Jesus, sua vit�ria sobre a morte, o real significado da P�scoa. Sem nenhuma segunda inten��o, sem vaias, sem cr�ticas, s� amor, s� reconhecimento, s� agradecimento.
Este momento de louvor coletivo durou uns 40 minutos. Cada vez que eu olhava pela janela, o cen�rio continuava o mesmo, ningu�m se afastou de suas janelas e varandas, as express�es eram de alegria e emo��o. Idosos, casais, jovens, adolescentes e crian�as. Todos participando deste momento t�o lindo, que foi um prel�dio para o almo�o de P�scoa de todos os moradores da minha regi�o. Fechando o momento especial, o DJ an�nimo resolveu homenagear as crian�as e o l�dico e fechou a sele��o com Coelhinho da P�scoa, e foi um coral un�ssono, alegre, mas tenho que dizer, de vozes embargadas pela emo��o do momento anterior.
J� passei por muitas semanas santas lindas, mas nunca tive uma P�scoa t�o emocionante e significativa como esta, que s� foi poss�vel por estarmos passando por este momento dif�cil no mundo. � Deus fazendo nascer uma flor em meio ao deserto.
(Isabela Teixeira da Costa/Interina)