
Segui com toda a aten��o a s�rie Jesus de Nazar�, exibida pelo canal Smithsonian, que tenho visto com frequ�ncia, principalmente nos �ltimos tempos, porque n�o fala nessa praga de coronav�rus que nos aflige o tempo todo. A s�rie foi baseada no filme de mesmo nome, que foi dos mais vistos no mundo, quando foi lan�ado. E seu ator principal, Robert Powell, que fez o papel de Jesus, resolveu percorrer em Israel todos os locais focalizados pela hist�ria. Primeiro lance que esquecemos sempre, e que � bom lembrar: Jesus era judeu, o document�rio sobre o filme refor�a constantemente esse lance que costumamos esquecer, levados pela hist�ria maior. Com isso, e para exercitar a mem�ria, resolvi reviver a visita que fiz a Israel, que come�ou e terminou, pela emo��o que sinto pelo pa�s e por seu povo, num vale de l�grimas.
Fui ao pa�s anos atr�s, levada pelos meus irm�os do cora��o Rachel e Roberto Cohen, e l� estive durante 10 dias, tempo mais do que suficiente para conhecer o pa�s de ponta a ponta. Durante esse tempo, pude satisfazer um antigo sonho ditado por minha forma��o cat�lica, familiar e tradicional, visitando os lugares santos, os caminhos percorridos por Jesus e outro sonho mais recente, formulado por minha forma��o cultural: conhecer um pa�s criado por um povo que tamb�m j� teve seu G�lgota e que d� ao mundo uma nova religi�o e f�: a que acredita na terra e que faz o milagre coletivo com suas pr�prias m�os, e que mesmo acreditando em sua for�a coletiva n�o espera que o man� caia do c�u, mas vai plant�-lo de madrugada, como vi acontecer quando estive l�, transformando o deserto em um jardim, regando a terra com seu sangue e suas l�grimas – como Cristo regou a f� cat�lica com sua li��o de esperan�a.
As l�grimas de minha viagem come�aram quando o avi�o em que eu viajava pousou na Terra Santa e os passageiros come�aram a cantar e chorar. Continuou quando, no Mar da Galileia, provei do mesmo peixe que S�o Pedro pescava. Em Jerusal�m, poderia contar que cai em �xtase percorrendo a Via Dolorosa, que naquela �poca era bem mais simples do que vi na s�rie televisiva, ao visitar os bairros novos, vagando entre o povo nos mercados. Quando entrei no espa�o destinado ao Santo Sepulcro, chorei tanto que os padres que l� estavam impediram que outras pessoas entrassem e acabaram me aben�oando. Fui conhecer Massada, que na �poca em que l� estive s� podia ser alcan�ada a p�, subindo morro acima. O calor era tanto que de espa�os em espa�os uma torneira nos ajudava a refrescar. Massada mostra a resist�ncia judaica aos conquistadores romanos e est� bem perto do Mar Morto, onde fui conhecer a for�a do sal que faz com que as pessoas boiem na superf�cie da �gua e onde as mulheres �rabes entram totalmente vestidas.
Emo��o sem tamanho tive tamb�m no Museu do Holocausto, que n�o apareceu na s�rie porque, logicamente, n�o era da �poca focalizada pelo filme. Ao subir pelo espa�o acima da constru��o do museu, que � uma esp�cie de cone, onde est�o fotos dos mais de 6 milh�es de judeus sacrificados nos campos de concentra��o, fui sofrendo ao ver o que os judeus passaram, das c�pulas de abajur feitas com pele humana e toda a desumanidade que � poss�vel encontrar no cora��o do homem. Lembrei-me disso e de muito mais, como a visita aos museus, aos concertos, �s refei��es diferentes e sempre deliciosas, o delicioso cheiro de jasmins e rosas que cercam parques e pousadas que os judeus consegu�ram arrancar do deserto e de muito mais – o direito que o povo judeu tem de defender sua terra.