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Estado de Minas

Minha prefer�ncia pela baguete tem raz�o

O emblem�tico p�o da gastronomia francesa � candidato ao patrim�nio cultural imaterial da Unesco


03/04/2021 04:00

Em pé de igualdade com o vinho e o queijo, a baguete é um dos símbolos típicos da França e, particularmente, de sua capital
Em p� de igualdade com o vinho e o queijo, a baguete � um dos s�mbolos t�picos da Fran�a e, particularmente, de sua capital (foto: Fred TANNEAU/afp)

 
Sempre gostei de p�o. Comecei minha prefer�ncia com os italianos, que levam sempre uma camada de torresmo e que por aqui n�o existem. S� em S�o Paulo. Mas quando fui a Paris pela primeira fez, apaixonei-me pela baguete, que s� conhecia de cinema. Minha liga��o com os p�es � diferente. Quando me mudei para uma casa, consegui logo um valente que passava bem cedo entregando p�o vindo direto da padaria.
 
O tempo passou, o entregador sumiu, adotei ent�o a pr�tica de minha saudosa e querida amiga Raquel Cohen: compro um tanto de p�ezinhos, coloco bem embrulhado no congelador e vou usando de acordo com a necessidade. Primeiro pedia na padaria, por telefone, agora, a entrega s� � feita por quem usa celular. Deixei a pr�tica de lado e tenho comprado nas mercearias.
 
Mas a minha hist�ria mais famosa de p�o aconteceu com minha adora��o pela baguete: estava em Paris, no aeroporto de Orly, encontrei uma padaria, comprei v�rias baguetes e trouxe comigo, j� sonhando com um caf� da manh� em casa, com baguete quente e muita manteiga. Como cheguei da viagem altas horas da noite, deixei as baguetes na mesa de jantar. No dia seguinte, quando fui cumprir meu gosto, encontrei uma cestinha cheia de torradas. Minha cozinheira de 40 anos de casa viu aqueles p�es dormidos e transformou em lindas torradinhas.
 
A baguete tipo francesa custou a chegar por aqui. Foi trazida pelo primeiro Carrefour, onde passei a fazer minhas compras de mercearia mensais s� para trazer os p�es comigo. O tempo passou, a demanda aumentou e o p�o perdeu sua gra�a, acho que passou a ser feito na m�quina, em lugar de usar a m�o dos padeiros. Deixei pra l� a mania.
 
Agora fico sabendo que minha prefer�ncia pela baguete tem raz�o. O emblem�tico p�o da gastronomia francesa � candidato a patrim�nio cultural imaterial da Unesco, atrav�s de inscri��o ao concurso realizada pelo Minist�rio da Cultura franc�s. Se este reconhecimento for alcan�ado, a inscri��o da baguete "permitiria sensibilizar de que uma pr�tica alimentar que faz parte da vida cotidiana, partilhada por todos e tida como certa, constitui um patrim�nio em si", afirma o comunicado.
 
O diabo � a demora – a decis�o da Unesco s� ser� anunciada no final de 2022. A decis�o do governo da Fran�a tem uma raz�o bem s�ria: o minist�rio lembrou que o n�mero de padarias na Fran�a "continua diminuindo, especialmente nas comunidades rurais. "Em 1970, havia 55 mil padarias artesanais (uma para cada 790 habitantes) em compara��o com as 35 mil hoje (uma para cada 2 mil), muitas vezes se beneficiando da venda de baguetes produzidas industrialmente". A conquista do t�tulo n�o � f�cil. Todos os anos, a Unesco inscreve quase uma centena de bens no patrim�nio imaterial mundial. Uma das condi��es de aceita��o � que o objeto candidato diga respeito a toda uma comunidade, como � o caso dos padeiros para a baguete.
 
E para quem gosta do assunto, e n�o conhece, vale trazer aqui a hist�ria da baguete, que come�ou em 26 Brum�rio do ano 2 da Revolu��o Francesa – data que, no calend�rio gregoriano, corresponde a 15 de novembro de 1793. A Conven��o aprovou um decreto que tornava obrigat�rio o acesso de todo cidad�o franc�s a um mesmo tipo de p�o, denominado “p�o da igualdade”. 
 
Era institu�da, ent�o, a famosa baguete. As medidas do p�ozinho s�o precisas: 80 cent�metros de comprimento, de 6 a 7 cent�metros de largura e peso entre 250 e 300 gramas. O lan�amento foi um fracasso. Em 1856, Napole�o III tentou reinstituir o p�o longo e crocante, sem muito sucesso a mais. Foi somente ap�s a liberta��o dos nazistas, em 1944, que a baguete (inicialmente um fen�meno s� parisiense) se ampliou em todos os cantos da Fran�a.
 
No mundo inteiro, a baguete � um dos s�mbolos t�picos da Fran�a e, particularmente, de Paris. Em p� de igualdade com o vinho, o queijo e a boina, a baguete ganhou fama, apesar da imensa variedade de outros p�es. Para democratizar a baguete e baixar seu pre�o, o leite foi suprimido dos ingredientes. O p�o se assenta e toma a forma dos cestos onde � colocado. Leve e crocante, a baguete vai bem em quase todas as mesas e � o �nico p�o em todo o mundo que assumiu esta forma t�o alongada.

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