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Suor maligno j� aterrorizou a Inglaterra como a COVID amedronta hoje

Como o coronav�rus, a doen�a n�o era conhecida e provocou alto �ndice de mortalidade. Ana Bolena, amante e depois mulher de Henrique 8�, sobreviveu � peste


09/07/2021 04:00

Ana Bolena, primeiro amante e depois mulher de Henrique VIII, sobreviveu ao suor maligno (foto: Reprodução)
Ana Bolena, primeiro amante e depois mulher de Henrique VIII, sobreviveu ao suor maligno (foto: Reprodu��o)

Nos t�dios das f�rias, fui assistir � infind�vel s�rie “Tudors”, porque gosto muito dessas hist�rias de �poca, e entre um cap�tulo e outro da hist�ria de Henrique VIII e Ana Bolena trombei com uma situa��o bem parecida com a nossa: a Inglaterra estava sucumbindo com uma epidemia at� ent�o n�o conhecida no pa�s, a doen�a do suor. O rei se escondia em um espa�o longe do luxo palaciano e sua amada enfrentava a crise – que acabou vencendo. Como acontece agora com a COVID-19, a doen�a n�o era conhecida na Inglaterra e provocou um alto �ndice de mortalidade em Londres, tornando-se conhecida como suor maligno.

Foi considerada como amplamente distinta de qualquer outra doen�a ou praga previamente conhecida no pa�s, n�o s� pelo sintoma especial que lhe deu o nome, como tamb�m por sua r�pida e fatal evolu��o. E como poucos conhecem sua hist�ria, s� nos lembramos de outras epidemias, como a da gripe espanhola, � legal conhecer alguma coisa desse problema dos anos 1500, na Inglaterra.

A epidemia sumia e reaparecia em novos surtos, sem que pudessem descobrir sua causa, e em algumas cidades houve perda de at� a metade da popula��o. No princ�pio, ficou confinada apenas � Inglaterra, mas, no quarto ciclo, o mais severo, espalhou-se pelo continente, aparecendo de repente em Hamburgo. Em pouco tempo, matou mais de mil pessoas e sua terr�vel mortalidade espalhou-se por toda a Europa oriental. Fran�a, It�lia e pa�ses do Sul foram poupados. Mas espalhou-se como o c�lera e em pouco tempo chegou � Su��a e outros pa�ses do Norte, como Dinamarca, Su�cia e Noruega, Pol�nia e R�ssia, entre outros.

A doen�a disseminava caos e morte, e em cada lugar que passava prevalecia durante um curto per�odo de tempo. Foi desaparecendo aos poucos e o terr�vel “suor ingl�s”, como ficou conhecida, nunca mais reapareceria novamente. No Brasil, ficou conhecida como “sudor angelicus”. A doen�a come�ava de repente, com um sentimento de apreens�o, seguido de calafrios – muitas vezes, bastante violentos – tontura, dor de cabe�a e fortes dores no pesco�o, ombros e membros, com grande prostra��o. Ap�s a fase do frio, que poderia durar at� tr�s horas, seguia-se a fase de calor e transpira��o.

O caracter�stico suor, por sua vez, eclodia de repente, sem nenhuma causa �bvia. Com o suor derramado, vinha uma nova sensa��o de calor, seguida de dor de cabe�a, del�rio, pulso r�pido e sede intensa. Palpita��es e dores no cora��o eram sintomas frequentes. Nenhuma erup��o na pele foi observada. Nos est�gios mais avan�ados, houve prostra��o geral, colapso ou sonol�ncia extrema, que acreditavam ser fatal se o paciente cedesse.

A doen�a era notavelmente r�pida em seu curso, sendo, por vezes, at� mesmo fatal em duas ou tr�s horas –alguns pacientes morriam em menos tempo. Mas comumente era prolongada a um per�odo de 12 a 24 horas, sendo raro sobreviver ap�s esse tempo. Aqueles que sobreviviam por 24 horas eram considerados fora de perigo.

Contrariamente � nossa COVID-19, que dura mais tempo, a epidemia tamb�m terminou sem praticamente ser conhecida na sua �poca. A doen�a do suor, na verdade, para usar uma linguagem moderna, foi uma doen�a infecciosa espec�fica, no mesmo grau da peste, tifo, escarlatina ou mal�ria. Alguns atribu�ram a doen�a ao clima ingl�s, sua umidade e suas brumas, aos h�bitos destemperados do povo ingl�s e � terr�vel falta de limpeza nas ruas e arredores das casas.

Pesquisadores m�dicos t�m comparado os relat�rios daquela �poca sobre a doen�a do suor com a epidemiologia moderna, na tentativa de entender as origens da doen�a. Em 2013, pesquisadores do Hospital Militar Queen Astrid, em Bruxelas, publicaram sua revis�o na revista Viruses. Uma de suas teorias � que a doen�a do suor foi causada por um hantav�rus desconhecido, um tipo de v�rus transmitido por ratos, camundongos e outros roedores. N�o apresentava nenhum sinal de doen�a nos animais, mas podia causar infec��o pulmonar fatal em humanos.

A manifesta��o cl�nica do suor tem semelhan�as significativas com a s�ndrome pulmonar do hantav�rus (HPS), uma doen�a moderna cujo �ltimo surto foi visto em 2019, no Panam�. Curiosidade hist�rica: Ana Bolena, primeiro amante e depois mulher de Henrique VIII, sobreviveu � doen�a do suor. E sua filha, Elizabeth I, governou a Inglaterra durante 40 anos, conhecida como “A rainha virgem”.

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