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Estado de Minas ANNA MARINA

Cresce demanda pelo canabidiol, que j� tem usu�rios famosos

Uso medicinal de derivado da maconha vem se tornando frequente, mas acesso ao produto, que tem que ser importado, � dif�cil no Brasil


11/10/2021 04:00 - atualizado 14/12/2024 00:24
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planta de maconha
O tratamento da dor cr�nica � uma das indica��es do rem�dio extra�do da planta da maconha (foto: TV Alterosa/Reprodu��o)
 
A primeira vez que vi maconha ao vivo foi no quintal da minha casa. Uma irm� mais nova viu uns meninos guardando um pacote em um muro perto de nossa casa. Quando eles se mandaram, ela foi l�, recolheu o pacote e levou para casa. Minha m�e achou aquelas sementes curiosas e plantou-as no quintal, onde tamb�m eram criadas algumas galinhas. 

As sementes brotaram, as galinhas se fartavam com a verdura. E come�aram a ficar doidonas. Um domingo qualquer cheguei com alguns amigos em casa – um deles, meu chefe, patr�o e amigo Fred Chateaubriand – que entraram para tomar um caf�. Eles logo se espantaram, a sala era uma maconha s�, vejam voc�s. A planta era rara, desconhecida e seu uso come�ava a proliferar entre os jovens.

Anos se passaram e, h� pouco, ouvi de uma amiga que estava dormindo muito bem porque tomava, � noite, algumas gotas de canabidiol, que recebia dos amigos que moraram nos EUA. Levei o maior susto, porque n�o sabia que existia qualquer produto medicinal feito com a cannabis sativa, a conhecida maconha. 

E como tudo muda, a planta entrou legalmente para a produ��o de alguns produtos, desde que com controle dos �rg�os sanit�rios do pa�s. Ent�o, a maconha perdeu sua posi��o de droga para ajudar na cura de algumas doen�as raras.

Com isso, o tratamento com canabidiol � popularizado pela tecnologia, que caiu nas gra�as das celebridades, � usado para tratar in�meras patologias, inclusive dor cr�nica, mal que atinge 37% da popula��o brasileira. Recentemente foi divulgado o caso de alguns de seus usu�rios, o chef de cozinha Henrique Foga�a, a cantora Beyonc� e o ex-pugilista �der Jofre, algumas das celebridades que descobriram os benef�cios do uso medicinal da maconha. 

No caso de Foga�a, a paciente � sua filha, que sofre de uma s�ndrome rara e h� tr�s anos vem usando o �leo medicinal chamado CBD, extra�do da maconha. "E digo pra voc�s que gra�as � planta ‘sagrada’ ela est� cada dia melhor, com um semblante de paz, de alegria, sorrindo e sentindo os pequenos prazeres da vida", disse o chef em suas redes sociais, nos dias da divulga��o do caso.

J� o ex-pugilista �der Jofre sofre de encefalopatia traum�tica cr�nica e Beyonc� utiliza o medicamento para tratar dor e inflama��o, algo mais comum do que se imagina. A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) estima que 30% da popula��o do mundo sofre com dor cr�nica, caracterizada pela persist�ncia do desconforto ao longo de dias ou at� mesmo meses. No Brasil, a estimativa � de que 37% da popula��o enfrenta esse problema.

Os relatos cada vez mais comuns de que os tratamentos com fitocanabinoides, como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC), ambos extra�dos do c�nhamo, t�m sido eficazes na redu��o da dor e tamb�m de outros dist�rbios t�m levado ao aumento do interesse por esse tipo de medicamento. 

Al�m do preconceito, quem deseja iniciar um tratamento desse tipo se depara com outro problema: a dificuldade de encontrar profissionais que conhe�am e prescrevam o canabidiol. Dos quase 500 mil m�dicos que atuam em territ�rio nacional, estima-se que apenas mil conhecem e indicam tratamento com canabinoides. Desses, 42% est�o em S�o Paulo e no Rio de Janeiro. Quem reside em outros estados praticamente n�o tem acesso.

Tal desafio vem sendo sanado atrav�s do uso da telemedicina oferecido pela plataforma focada em tratamentos com base na cannabis medicinal Medicina.in. Desde que come�ou a funcionar, em dezembro de 2020, a Medicina.in j� teve 779 agendamentos de consultas. 

"Em junho, tivemos 40 tratamentos iniciados. Temos dobrado m�s a m�s as consultas efetivas. A grande procura comprova que o acesso r�pido e amplo a estes medicamentos j� era esperado h� anos pelos brasileiros", afirma Darwin Ribeiro, s�cio da empresa. 

A plataforma conta com ferramentas de gest�o para os m�dicos, al�m de canais que facilitam a comunica��o com o paciente. "O tratamento � individualizado, pois para cada pessoa � prescrita uma dose diferente, n�o h� bula. E essa dose vai sendo ajustada conforme a necessidade", explica o executivo.

A plataforma tamb�m tem uma �rea de apoio para a aquisi��o do medicamento. Nela, o paciente obt�m todas as informa��es necess�rias, passo a passo, para receber a autoriza��o de importa��o. Segundo Albuquerque, isso foi necess�rio porque, apesar de a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) autorizar o uso de canabidiol j� h� alguns anos, n�o � qualquer farm�cia que conta com o produto na prateleira. 

"� bom deixar claro que a plataforma n�o vende, apenas ajuda no caminho, o que agiliza bastante o processo", ressalta. A expectativa dos empreendedores � de forte crescimento nos pr�ximos anos. At� porque a demanda � alta. Segundo dados disponibilizados no site da Anvisa, at� o final de 2020, 11 mil pacientes tinham licen�a para usar canabidiol no Brasil. A previs�o da ag�ncia � chegar a 30 mil este ano e a 100 mil em 2022.

Por causa do interesse, j� tramitam na esfera legislativa federal projetos sobre a regulamenta��o do plantio e da manipula��o da cannabis medicinal, ainda sem previs�o para serem debatidos em plen�ria. Um dos maiores entraves � a rejei��o de parte dos parlamentares ao cultivo da planta, o que tamb�m abriria para a ingest�o de cigarros, pr�tica considerada moral e juridicamente ilegal. Com isso, existe a expectativa por parte de especialistas de que aconte�a o crescimento do n�mero de judicializa��o para solicita��o do canabidiol com fins terap�uticos.

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