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Estado de Minas ANNA MARINA

Silviano Santiago, meu amigo dos bons tempos de BH, virou imortal

Escritor, professor de literatura e cr�tico liter�rio, ele foi eleito para ocupar a cadeira n�mero 13 da Academia Mineira de Letras


23/10/2021 04:00 - atualizado 23/10/2021 07:17

O escritor Silviano Santiago sorri para a câmera, sentado numa pilha de livros, à frente de uma estante toda bagunçada
Silviano Santiago,de 85 anos, dedicou sua vida � literatura e ao ensino (foto: M�rcia Kranz/CB/D.A Press)
O presidente da Academia Mineira de Letras (AML), Rog�rio Faria Tavares, est� enchendo sua lista de imortais com escritores que curto muito. Na semana atrasada, foi Humberto Werneck, cujas cr�nicas semanais no Estad�o eu adorava ler e cujo livro “O desatino da rapaziada” � um retrato da Belo Horizonte em nosso tempo. Agora, chegou a vez de um amigo antigo, Silviano Santiago, com quem mantive longo contato nos tempos em que comecei no jornal e ele fazia parte da Gera��o Complemento.

Nossa distra��o era jogar conversa fora no restaurante Alpino, que ficava na Avenida Amazonas. Outro participante da mesa era meu grande amigo Ivan Angelo. Os dois se mandaram para S�o Paulo e quase nunca tenho not�cias deles, a n�o ser por L�cia Helena Monteiro, craque em acompanhar amigos.

Tenho o livro “Duas faces”, escrito pelos dois, o primeiro que coloquei numa estante em minha casa, numerado e tudo, mas n�o consegui encontr�-lo agora. Editado pela Itatiaia, os amigos fizeram uma vaquinha, na �poca, para que o livro fosse impresso.

Frequent�vamos o Alpino praticamente todas as noites. O gar�om da casa, Max, sabia que todos n�s eramos quebrados, o dinheiro contado tost�o por tost�o para pagar a conta no fim da noite. Divid�amos o almo�o campon�s, prato que dava muito bem para dois, porque era farto.

O chope era contado. Pass�vamos horas e horas discutindo n�o s� o futuro do mundo, mas tamb�m da cultura. Muitos da turma sa�am do ensaio dos bal�s criados por Klaus Vianna – como “O caso do vestido”, inspirado no poema de Carlos Drummond de Andrade, o maior sucesso aqui e no Rio, onde foi apresentado no palco da Maison de France.

Fui ao Rio, no Minist�rio da Cultura, onde Drummond trabalhava, convid�-lo para a estreia do bal� e tamb�m para pedir licen�a pela apropria��o ind�bita de sua poesia. Ele foi superlegal comigo, contei como era montado o bal�, ele gostou, agradeceu. Liberou o uso, mas disse que raramente participava de alguma coisa.

Quem esteve na noite de abertura, e tamb�m recebi, foi o futuro presidente Humberto Castelo Branco, que estava com a filha, Antonieta. Agradeceu muito o convite, disse que n�o poderia perder o bal� porque Klaus era primo de sua mulher, j� falecida. Bons tempos aqueles, que n�o voltam mais... O primeiro presidente da Rep�blica da linha-dura tinha tempo de ir a espet�culo de dan�a.

Quanto a Silviano, foi-se embora para o Rio e se transformou em um intelectual e tanto. Especializou-se em literatura francesa no Centre d’�tudes Sup�rieures de Fran�ais, na capital fluminense, ganhou bolsa do governo franc�s, partiu para o doutorado na Sorbonne, Universit� de Paris. Ainda doutorando, iniciou a carreira de professor universit�rio nos Estados Unidos, onde atuou na Rutgers University, no estado de Nova Jersey. Foi “associate professor with tenure” na State University of New York at Buffalo.

Ao regressar ao Brasil, lecionou literatura brasileira e teoria liter�ria na Pontif�cia Universidade Cat�lica do Rio de Janeiro (PUC Rio) at� 1980. Transferiu-se para a Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niter�i, onde se aposentou como professor em�rito. Ainda por cima, Silviano � doutor honoris causa pela Universidade do Chile e pela Universidade Tres de Febrero, de Buenos Aires.

Em 1959, em Belo Horizonte, publicou seus primeiros livros. Entre eles est�o “Carlos Drummond de Andrade”, “Uma literatura nos tr�picos”, “Gloss�rio de Derrida”, “O cosmopolitismo do pobre”, “Ora (direis) puxar conversa!”, “Mil rosas roubadas” e “Menino sem passado”.

Silviano Santiago � o quinto ocupante da cadeira n�mero 13, cujo patrono � Xavier da Veiga, sendo o fundador Carmo Gama. Ela foi ocupada tamb�m por Godofredo Rangel, Ant�nio Moraes, Jo�o Franzen de Lima e Paulo Tarso Flecha de Lima, a quem o meu amigo sucedeu.

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