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Estado de Minas COLUNA DA ANNA MARINA

Boas hist�rias dos tempos �ureos da Daslu

Marca, que era considerada sin�nimo de luxo e exclusividade no pa�s, foi do luxo ao lixo


08/06/2022 04:00 - atualizado 08/06/2022 07:27

antiga loja da daslu em são paulo, toda iluminada, em foto noturna
Loja da Daslu ocupava espa�o de 20 mil metros quadrados em S�o Paulo. Marca foi vendida por R$ 10 milh�es (foto: Mauricio Lima/AFP )

Ontem (7/6), foi realizado o leil�o da marca Daslu e, junto com ela, a venda de 50 registros que incluem o uso da marca em diversos tipos de roupas, aparelhos de jantar, artigos para pets, servi�o de decora��o de festas e cerimonial, entre muitos outros usos, al�m de incluir o dom�nio da marca na internet, criado em 1997.

A Daslu se tornou sin�nimo de luxo e exclusividade no pa�s. Os ricos de todos os cantos frequentavam, a classe m�dia sonhava, queria conhecer e alguns at� invejavam. E os menos agraciados copiavam. Afinal, tudo o que � bom e famoso vira refer�ncia e acaba sendo copiado.

A “c�pia” da Daslu mais famosa deu pano pra manga. Na verdade, n�o foi bem c�pia, mas uma inspira��o debochada. Lembram-se da marca de roupas, criada em 2005 por uma prostituta que fazia roupas para profissionais do sexo, que recebeu o nome de Daspu? Chegou at� a fazer desfile em uma novela global.

A Daslu foi do luxo ao lixo. Faliu depois de passar por investiga��es da Pol�cia Federal. Sua propriet�ria, Eliana Tranchesi, foi acusada de sonega��o fiscal, importa��es ilegais, forma��o de quadrilha e falsidade ideol�gica. Se safou da cadeia porque teve c�ncer de pulm�o e faleceu em 2012.

N�o sei quem j� deu uma de jeca tatu na vida. Eu j�. Agora virou pagar mico. Mas me lembro, como se fosse hoje, de ir, quando tinha uns 10 ou 11 anos, com minha irm� � casa de uma amiga dela, na Cidade Jardim. Estou falando de 1970. Ela tocou campainha e o enorme port�o come�ou a abrir, sozinho, do nada. Eu fui acompanhando com a cabe�a, procurando para ver quem estava fazendo aquela fa�anha. N�o encontrei ningu�m, claro. E l� no fundo do jardim de entrada estava a amiga dela, nos esperando. Imediatamente me deu uma vergonha enorme, com medo de que algu�m tivesse visto o meu fora. Foi a primeira vez em que vi um port�o eletr�nico na vida.

Em 2001/2002, n�o sei o ano ao certo, fui com Anna Marina a S�o Paulo, provavelmente para acompanhar a edi��o da S�o Paulo Fashion Week. A Daslu estava no auge. Em todas as rodas femininas da sociedade mineira, o principal assunto era a Daslu. A loja existia h� anos, mas foi em 1990, quando Eliana Tranchesi, filha da fundadora, passou a dirigir a loja que ela explodiu.

O sucesso foi tanto que a Chanel aceitou abrir a primeira loja da marca dentro de outra loja pela primeira vez no mundo. E a mulherada pirou de vez. As mineiras ent�o... Nem te conto. Em cada coquetel, jantar, almo�o ou ch�, era um desfile de bolsas, sapatos, tailleurs, tudo da elegante marca – a maioria exibindo o logotipo em fechos e bot�es. Mesmo que cada uma delas tivesse dinheiro e tempo de sobra para ir a Paris comprar na maison, faziam quest�o de adquirir as pe�as na Daslu.

Demos uma fugida do trabalho e fomos at� l� com uma grande amiga, que viajou conosco e era cliente da loja, das boas. Era um labirinto de casinhas interligadas no bairro Vila Concei��o, muito bem decorada, com lindos jardins com gazebos. Fomos muito bem recebidas, mas tinha tanta gente que de fato era imposs�vel ter uma das “dasluzetes” � nossa disposi��o. Fiquei com os olhos arregalados, e quem me conhece sabe o tamanho que eles ficam. Na hora, lembrei-me da minha cena vendo o tal port�o abrindo sozinho, e tentei despistar, mas devia estar t�o apatetada como daquela vez. Juro que estava dando atestado de jeca tatu.

Anna Marina n�o, estava realmente impressionada com o formigueiro de mulheres comprando em todos os ambientes, mas estava acostumada com lojas de alto luxo. Viajava anualmente para Paris, comprava roupas na Thierry Mugler e sapatos na Ferragamo.

Depois de percorrer v�rias casinhas, chegamos ao ambiente que dava acesso � loja Chanel. Ficava em um espa�o tipo s�t�o, e t�nhamos que subir uma escada discreta, sem nenhuma pompa nem circunst�ncia. L� fomos n�s, porque nossa amiga estava com uma lista infind�vel de encomendas feitas pela m�e, irm� e algumas amigas.

Cada pe�a mais linda do que a outra. A vendedora mostrava, pedia nossa opini�o, que d�vamos com a maior propriedade, afinal, Anna Marina dispensa qualquer refer�ncia no que se refere a moda e bom gosto. Eu estava aprendendo com ela, tamb�m sei o que � bonito e j� havia adquirido certa bagagem de conhecimento, faltava mesmo era cacife para o gasto.

Apesar de nossas indica��es, ela sempre escolhia outra pe�a, at� que entendemos o motivo: sempre opt�vamos pelas mais discretas, e ela sempre escolhia as que mostravam a marca com maior destaque. At� que em determinado momento disse: “Se as pessoas n�o puderem ver que � Chanel, de que adianta comprar aqui?”. Nos calamos na hora.

A marca Daslu foi vendida ontem por R$10 milh�es.

(Isabela Teixeira da Costa/Interina)

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