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Estado de Minas PESQUISA

Uma em cada tr�s pessoas negras j� sofreu racismo no transporte p�blico

As mulheres negras s�o as que mais se sentem vulner�veis nos deslocamentos


25/03/2022 06:00 - atualizado 25/03/2022 10:17

Mulher negra se segura na barra do ônibus enquanto olha a tela do celular. Ela usa máscara e uma blusa roxa
� necess�rio criar a��es e pol�ticas p�blicas com o intuito de informar e conscientizar a popula��o sobre o que � o racismo estrutural, quais s�o os males que nascem dele e como ele se manifesta no transporte p�blico (foto: Freepik)
 
 
O transporte p�blico infelizmente ainda � um terreno f�rtil para situa��es de racismo. Em um determinado dia, estava voltando do trabalho � noite e o �nibus em que eu estava foi interceptado por um viatura  da Pol�cia Militar. O motorista parou o ve�culo, um policial entrou e disse que algu�m tinha jogado um bilhete pela janela falando que o �nibus estava sendo assaltado. 
 
Por alguns segundos, o policial come�ou olhar para alguns passageiros como se procurasse alguma movimenta��o at�pica. Na minha frente tinha uma rapaz negro retinto, que estava sentado e que,  durante toda a  viagem parmaneceu dormindo, inclusive, mesmo com a parada e entrada do policial, ele parmaneceu com a cabe�a inclinada, dormindo. Ele parecia muito cansado. 
 
Quando o policial olhou para esse rapaz, sem pestanejar, pegou ele pela camisa e jogou para fora do �nibus. O rapaz acordou super assustado, sem entender o que estava acontecendo e foi revistado v�rias vezes na cal�ada. 
 
Diante dessa situa��o, alguns passageiros (me incluo nisso) come�aram a questionar a atitude do policial. Era um completo absurdo!
 
Ao escutar esses questionamentos, o policial voltou para dentro do onibus e soltou uma frase: “pessoal, escolhemos revistar esse rapaz, mas n�o � porque ele � negro, n�o, n�o � racismo, n�o”. Tamb�m j� vivi momentos terr�veis nesse sentido.
 
Uma vez entrei no �nibus, que j� estava lotando, e uma senhora branca come�ou a me encarar, logo em seguida ela disse:  “o Brasil � um pa�s racista e vai continuar sendo, n�o tem o que fazer. Essa gente foi escrava e n�o tem como mudar o que passou, ent�o a piada vai continuar sim, o xingamento tamb�m”. 

Quando entro no �nibus sempre percebo olhares de medo e algumas pessoas escondem as bolsas e celulares como se eu fosse um bandido, outras se recusam a sentar ao meu lado. Al�m disso, perdi as contas de vezes que j�  fui alvo de deboche e “piadas” em rela��o ao meu cabelo crespo e meus tra�os dentro de �nibus. 
 
S� quem passa por isso, sabe como � constrangedor e sobretudo, como essas situa��es magoam, ferem nossa autoestima e geram raiva e frustra��o. 
 
A pesquisa do Instituto Locomotiva mostra que 72% das pessoas j� presenciaram situa��es de racismo em seu transporte do dia a dia e 39% foram v�timas do crime. Ou  seja, duas em cada cinco pessoas negras j� sofreram preconceito em seus deslocamentos. Al�m disso, 65% dos trabalhadores negros do transporte foram v�timas de preconceito durante o expediente. 
 
O estudo foi encomendado pela Associa��o Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) com o apoio da Uber, em parceria com o Instituto Identidade Brasil (ID_BR). O levantamento ouviu 1,2 mil pessoas e mais de mil profissionais do setor de transporte.
 
Segundo a pesquisa, as formas de discrimina��o mais comuns s�o:
  • menosprezo (24%);
  • abordagens desrespeitosas  (17%);
  • agress�es verbais e express�es racistas (14%).
 

O estudo aponta tamb�m que as situa��es de racismo acaba afetando o comportamento das pessoas negras na hora de planejar seu deslocamento: 29% das pessoas negras declararam que j� mudaram a forma de se locomover pela cidade devido �s situa��es de preconceito ou discrimina��o, n�mero que sobe para 31% entre mulheres negras.
 
As mulheres negras tamb�m s�o as que mais se sentem vulner�veis nos deslocamentos: 72% delas temem sofrer algum tipo de ass�dio sexual; 64%, agress�o f�sica e 47% sofrer algum tipo de racismo.
 
Al�m disso, o levantamento incluiu duas imagens para comparar a percep��o dos profissionais de transporte sobre as diferen�as entre um homem negro e um branco: seis em cada dez profissionais acreditam que uma pessoa negra � mais propensa a provocar medo entre os passageiros do que uma pessoa branca. Os motoristas tamb�m t�m uma chance muito maior de n�o parar o ve�culo para embarque para um passageiro negro do que para um branco (61% contra 7%).
 
Diante de dados t�o alarmantes, fica evidente a necessidade de criar a��es e pol�ticas p�blicas com o intuito de informar e conscientizar a popula��o sobre o que � o racismo estrutural, quais s�o os males que nascem dele e como ele se manifesta no transporte p�blico. 
 
Al�m disso, todas as pessoas que trabalham diretamente ou indiretamente nessa modalidade precisam receber letramento sobre o que � o racismo estrutural. Vale ressaltar que racismo � crime, previsto na Lei 7.716/1989, e ocorre quando o agressor atinge um grupo ou coletivo de pessoas, discriminando uma etnia de forma geral.
 
J� o crime de inj�ria racial est� previsto no C�digo Penal brasileiro e consiste em ofender a reputa��o de algu�m com elementos relacionados � ra�a, cor, etnia, religi�o ou origem.  

Canais de den�ncia

Delegacia Especializada em Repress�o aos crimes de Racismo, Xenofobia, Homofobia e Intoler�ncias Correlatas – DECRIN
Telefone: (31) 3335-0452
Endere�o: Avenida Augusto de Lima, 1942 – Barro Preto
Hor�rio de Funcionamento: Segunda � Sexta, de 12h �s 19h
Disque 100 – Disque Direitos Humanos

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