
Criei uma conta no Instagram para colaborar na promo��o da representatividade de homens trans negros e pessoas trans masculinas (homenstransnegros). H� um tempo, um dos rapazes, cuja foto eu j� tinha publicado, pediu para retirar a publica��o. Na mesma hora, atendi o pedido e perguntei o que tinha acontecido, pois queria entender o que deixou ele desconfort�vel.
Ele respondeu que estava se desencantando do trabalho, uma vez que o ambiente da empresa era extremamente transf�bico e homofobio. E para se resguardar de poss�veis persegui��es e diferentes viol�ncias, ele n�o contou que era um homem trans no trabalho.
Em outro momento, acompanhei de longe a seguinte situa��o: um rapaz negro e gay foi contratado para trabalhar no escrit�rio de uma empresa do ramo da constru��o. Por ser muito competente e dedicado, bom de servi�o mesmo, ele era disputado no mercado.
Mas por n�o performar “a masculinidade” que a sociedade de forma preconceituosa exige, o dono da empresa quando descobriu a contrata��o, n�o demorou muito (uns 7 dias) e demitiu o jovem profissional. Mesmo n�o usando palavras diretamente, todas as pessoas que trabalham no escrit�rio da construtora sabiam que a demiss�o foi exclusivamente por conta da homofobia dessa lideran�a.
As duas situa��es que citei acima s�o absurdas e, infelizmente, n�o s�o raras. Pelo contr�rio, elas s�o muito mais frequentes do que voc� imagina. Milhares de empresas ainda mant�m uma postura transf�bica e homof�bica e est�o longe de adotar qualquer sinaliza��o de investimento em diversidade e inclus�o. S�o aquelas empresas que s� faltam bater no peito que sentem orgulho de serem lgbtf�bicas.
Mas tamb�m existem aquelas que, em datas comemorativas, enfeitam as instala��es com bandeiras e cores da comunidade LGBTQIA+, algumas at� investem em propagandas na TV e r�dio e posts nas redes sociais “celebrando a comunidade” e afirmando que tem compromisso em promover a diversidade. Nesse M�s do Orgulho, tenho certeza que voc� j� se deparou com v�rias propagandas e posts assim, n�o � mesmo? Mas, quando voc� olha de perto, a coisa muda totalmente de figura.
Muitas dessas organiza��es adotam essa postura tempor�ria para fazer “bonito” para os clientes, por exig�ncia dos investidores, ou para vender mais produtos e servi�os.
Na pr�tica, elas n�o movem uma palha para abrir as portas de fato para empregar a comunidade LGBTQIA e muito menos investem em transformar o ambiente de trabalho em um lugar seguro, com oportunidades e respeito para a comunidade. N�o existem a��es pr�ticas para que esse ambiente seja Ilha de Acolhimento para esse p�blico, muito pelo contr�rio.
V�rias pessoas LGBTQIA enfrentam “piadas”, “brincadeiras”, ofensas, persegui��es, humilha��es, falta de oportunidade, nega��es de direitos e desrespeito aos nomes e pronomes dentro do ambiente de trabalho e nada � realizado de fato para mudar essa situa��o.
Muitas vezes at� mesmo situa��es simples s�o negadas, exemplo: no ambiente de trabalho � imposs�vel n�o compartilhar alguma intimidade durante um cafezinho. “Meu marido est� de f�rias”, “minha namorada se formou nessa faculdade”.
Esses momentos s�o naturais e ajudam a manter o clima mais leve. Mas, para v�rios integrantes da comunidade LGBT , essa conversa � evitada ao m�ximo, por medo de julgamentos e persegui��es dentro da empresa. S� para voc� ter uma ideia, segundo pesquisa da consultoria PwC, apenas 38% das mulheres atra�das pelo mesmo sexo se assumem no ambiente profissional.
Voc� � dona, dono ou presidente de alguma empresa? Entenda, n�o basta apenas publicar um post nas redes sociais no M�s do Orgulho. Na pr�tica, o que sua empresa tem feito para respeitar, valorizar e acolher a comunidade LGBTQIA na sua empresa?