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Pol�tica tamb�m � assunto para as m�es

'M�es sabem cuidar, sabem se doar, sabem gerir, por isso precisamos voltar a ter posi��es de lideran�a no mundo, com uma posi��o dominante na fam�lia e na comunidade'


postado em 24/05/2020 09:00 / atualizado em 24/05/2020 09:01

(foto: Depositphotos)
(foto: Depositphotos)

Sempre ouvimos as pessoas falando que pol�tica n�o � assunto para mulher, e, muito menos, assunto para m�es. Claro, � muito c�modo para os homens nos colocarem nesse lugar, aceitando o que � valor para eles.

Enquanto continuarmos a eleger homens, caber� a eles dizer o que somos e o que n�o somos! O que devemos ou n�o devemos fazer.

Eles sabem que, se n�o nos envolvemos nesses assuntos, seremos manipuladas com mais facilidade. E assim continuaremos tendo homens brancos ditando as regras.

“Acho um absurdo falar de pol�tica em grupos de m�es.”

“Pol�tica n�o tem nada a ver com maternidade!”

“Eu n�o sou direita, nem esquerda nem centro.”

As pessoas confundem coordenadas pol�ticas com partidarismo. � preciso esclarecer, inicialmente, que voc� pode ser liberal, conservador, de direita, de esquerda, de centro, sem se identificar com um partido. Especialmente aqui no Brasil. E � por isso que m�e precisa de espa�o para falar de pol�tica. Para aprender. Para entender. Para saber se posicionar.

O di�logo entre direita e esquerda � fundamental. Ningu�m precisa concordar, mas tamb�m n�o h� motivos para o �dio. A polariza��o � desastrosa.

N�o preciso repetir que o n�mero de mulheres na pol�tica no Brasil � muito baixo, todo mundo j� est� cansado de saber disso. Representamos 53% do eleitorado brasileiro. Conforme o Mapa Mulheres na Pol�tica 2019, o Brasil ocupa a posi��o 134 entre 193 pa�ses pesquisados, com 15% de participa��o de mulheres.

Pol�tica se discute, porque opini�es s�o mut�veis, pelo menos a de pessoas inteligentes como n�s somos. E, como pessoas racionais, n�o nos cabem paix�es por pol�ticos. Precisamos parar de v�-los como �dolos ou salvadores da p�tria e entender que eles s�o humanos e s�o nossos funcion�rios, foram eleitos para trabalhar para o povo.

H� um livro que tenho recomendado a todas as mulheres, e que os homens tamb�m deveriam ler. Entender um pouco do nosso passado ajuda a mudar o presente e a construir um futuro melhor.

Calib� e a bruxa, de Silvia Federici, � muito impactante:

“...A ca�a �s bruxas destruiu todo um universo de pr�ticas femininas, de rela��es coletivas e de sistemas de conhecimento que haviam sido a base do poder das mulheres na Europa pr�-capitalista, assim como a condi��o necess�ria para sua resist�ncia e luta contra o feudalismo.

A partir dessa derrota, surgiu um novo modelo de feminilidade: a mulher e esposa ideal – passiva, obediente, parcimoniosa, casta, de poucas palavras e sempre ocupada com suas tarefas. Esta mudan�a come�ou no final do s�culo 17, depois de as mulheres terem sido submetidas a mais de dois s�culos de terrorismo de Estado.”

O que mais me impressiona nessa passagem � que, ainda hoje, em pleno s�culo 21, os homens, e muitas mulheres, ainda valorizem essa mulher passiva, obediente, de poucas palavras. Como esse trabalho foi bem-feito! At� hoje, muitas mulheres n�o querem ter poder de decis�o. Sujeitam-se a relacionamentos abusivos. Deixam os homens escolherem por elas. O patriarcado nos oprime.

Nos tornamos carrascas de n�s mesmas. Nos boicotamos, nos cobramos, nos agredimos, nos julgamos, quando dever�amos nos unir pelo coletivo. Por uma sociedade mais justa, mais inclusiva, e menos desigual onde todos tiv�ssemos o mesmo valor.

Choca-me ver que, depois de tantas conquistas femininas no s�culo 20, insistem em andar para tr�s e resgatar conceitos opressores. E isso vai muito al�m de pol�tica, tem rela��o com direitos adquiridos.

Viver � um ato pol�tico. A maternidade � um ato pol�tico. E n�s s� iremos construir um mundo onde as vidas t�m o mesmo valor quando entendermos isso e nos fortalecer como mu- lheres. Fortalecer nossas rela��es. As pr�ticas femininas. Reaprender a dar valor �s nossas irm�s.

As lideran�as femininas s�o muito mais coletivas. Juntas somos uma pot�ncia e isso gera medo. Medo de mudan�a, como se mudan�a fosse algo ruim. Lembrando que as lideran�as femininas n�o excluem os homens, pelo contr�rio, esse coletivo inclui todas as pessoas.

M�es sabem cuidar, sabem se doar, sabem gerir, por isso precisamos voltar a ter posi��es de lideran�a no mundo com uma posi��o dominante na fam�lia e na comunidade. Quando uma m�e tem voz, ela d� voz a outras pessoas.

Quando uma mulher conhece seus direitos, quando ela entende que pode e deve fazer suas pr�prias escolhas, ela n�o renuncia a isso. 

E quando ela tem essa consci�ncia, ela n�o apoia projetos de ditadores, porque ela n�o quer ser representada por algu�m que a considera inferior e que limita e tolhe suas escolhas.

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