
O papel feminino que exercemos hoje foi constru�do �s custas de muitas mortes na fogueira. Muita misoginia, estupros, viol�ncia. Muito terrorismo para deixar as mulheres em sil�ncio, amedrontadas e obedientes. Obedecendo aos homens sem questionar. Aceitando o machismo sem questionar. Aceitando a desvaloriza��o do trabalho de cuidado que se tornou uma obriga��o feminina.
M�e leva para a escola. M�e marca consulta com pediatra. M�e programa seus compromissos de acordo com os hor�rios das atividades dos filhos. Ser m�e � ser professora, m�dica, psic�loga, terapeuta ocupacional, recreadora, contadora de hist�rias. � praticar a zenitude mesmo com a cria naquele nervo. � ser orientadora educacional, que precisa explicar a necessidade � a import�ncia das tarefas. � ser eternamente chata.
Pai n�o, pai faz porque ele � legal, pai n�o � obrigado. Pai que troca fralda: que anjo!. Ah, mas ele at� faz a papinha do beb�: que homem!. O que � obriga��o para a m�e, para eles tudo � b�nus, valendo trof�u pai do ano!
Hoje, toda a sobrecarga fica com as mulheres, e junto com todas as cobran�as ainda temos que lidar com homens violentos. Os dados sobre viol�ncia dom�stica, especialmente durante a pandemia, s�o alarmantes. E mesmo os homens que n�o s�o violentos se beneficiam dessas a��es. J� reparou a primeira coisa que um homem que se acha exemplar por n�o ser violento faz diante de uma not�cia sobre viol�ncia dom�stica?
Ele n�o comenta sobre o absurdo da atitude, ele aproveita o momento para mostrar como ele � bom! Como ele � diferente daquilo. Como ele � melhor. Ele massageia o pr�prio ego em vez de entender que o que ele faz � apenas o b�sico. Nada mais que a obriga��o de qualquer pessoa decente. Mas n�o, a viol�ncia do outro fica valendo um trof�u marido do ano.
Enquanto isso, mulheres aprendem a ver umas �s outras como rivais. Nos colocamos em segundo plano, deixando os homens em primeiro, reinando absolutos. Idolatrando e supervalorizando tudo que eles fazem. Deixamos todo o poder nas m�os deles. Em casa, no trabalho, na pol�tica, nos esportes. Eles sempre est�o em primeiro lugar. Eles sempre est�o unidos.
Eu entendo esse medo que homem sente de mulher, n�s temos uns superpoderes inexplic�veis. Eles nos entregam um espermatozoide, a gente entrega um beb� inteiro. E ainda produzimos leite para alimentar aquele beb�. N�s sangramos todo m�s e isso significa que estamos saud�veis. Todo homem saiu do �tero de uma mulher. Deve ser por isso que eles insistem em querer controlar nosso corpo.
Por que tanto medo de mulheres que querem equidade? Veja bem, equidade! O justo para ambas as partes. O acesso aos mesmos sal�rios, aos mesmos cargos, a divis�o das tarefas dom�sticas e cuidado com os filhos. Mesmos direitos e deveres. O respeito m�tuo. O companheirismo.
Algo m�gico acontece quando uma mulher muda seu olhar. Quando desconstr�i tudo que aprendeu sobre o papel do homem e o papel da mulher. Quando percebe que, se o homem foi colocado num pedestal, ela pode ir l� e dividir o espa�o com ele.
Tudo muda quando uma mulher entende que a rivalidade s� nos prejudica. E que temos muita for�a quando nos unimos e apoiamos. Ent�o come�amos a enxergar que juntas podemos chegar muito mais longe do que sozinhas. Isso se chama sororidade: “A uni�o entre as mulheres apoiada na empatia e companheirismo que busca alcan�ar e manter relacionamento e atitudes positivas entre elas. Sem julgamentos”.
Sororidade muda o mundo, e as pessoas t�m muito medo de mudan�as. Mudar d�i, mas depois da dor vem a recompensa.