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Estado de Minas padecendo

Escolas fechadas e o adoecimento da fam�lia

A conta da pandemia n�o pode ficar s� para as m�es, ela precisa ser dividida entre todos. Precisamos buscar solu��es coletivas


(foto: depositphotos)
(foto: depositphotos)

Tem sido triste e dif�cil acompanhar os preju�zos � sa�de mental que a pandemia vem causando nas m�es. Se h� um ano, sem pandemia, eu j� escrevia sobre a sobrecarga materna, hoje a situa��o � muito mais grave.

O ano letivo termina com as escolas fechadas desde mar�o. E exceto pelas escolas permanecerem fechadas, quando vemos a vida l� fora, parece que nada mudou. Bares, cinemas, shoppings, clubes, hot�is, abertos e cheios.

Como se o coronav�rus s� fosse uma amea�a dentro das escolas. E quem paga essa conta? Quem vem cuidando das crian�as nesse per�odo? Acompanhando aulas on-line, sendo recreadora, professora particular, psic�loga, cozinheira? As m�es.
 
As mesmas m�es que est�o fazendo home office. As m�es que tiveram que pedir demiss�o do emprego por n�o ter onde deixar as crian�as enquanto trabalha.

As m�es solos que precisam trabalhar para sustentar a fam�lia, mas t�m que se dividir entre os cuidados com os filhos que est�o em casa e, por isso, acabam trabalhando depois que eles foram dormir.

As m�es empreendedoras que acabam tendo que deixar os filhos na frente da TV para conseguir fazer seu neg�cio ter algum lucro.

As m�es que voltaram a trabalhar presencialmente, que pegam transporte p�blico lotado para chegar ao trabalho e tiveram que deixar os filhos em creches clandestinas porque precisam do sal�rio.

M�es de crian�as com TDAH (transtorno de d�ficit de aten��o e hiperatividade) que n�o sabem mais o que fazer para que seus filhos assistam aulas on-line.

E quando nos queixamos e falamos que n�o vemos a hora das escolas reabrirem ainda temos que ouvir: “Escola n�o � dep�sito de crian�a!”. N�o � mesmo, escola tem um papel social important�ssimo e ningu�m engravida pensando em ter a crian�a debaixo das suas asas 24 horas por dia.

Ningu�m engravida esperando criar o filho sozinha. Preciso relembrar quantos brasileiros n�o t�m o nome do pai na certid�o de nascimento? Mais de 80 mil crian�as foram registradas sem o nome do pai s� em 2020. Mais de 5,5 milh�es de brasileiros n�o t�m o nome do pai na certid�o de nascimento.

Crian�a n�o � responsabilidade exclusiva da m�e. Crian�a � responsabilidade da fam�lia, do Estado e da sociedade. E eu n�o estou inventando isso, est� na nossa Constitui��o:

O Art. 227 da Constitui��o Federal diz: “� dever da fam�lia, da sociedade e do Estado assegurar � crian�a, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito � vida, � sa�de, � alimenta��o, � educa��o, ao lazer, � profissionaliza��o, � cultura, � dignidade, ao respeito, � liberdade e � conviv�ncia familiar e comunit�ria, al�m de coloc�-los a salvo de toda forma de neglig�ncia, discrimina��o, explora��o, viol�ncia, crueldade e opress�o”.

O que vimos em 2020 foi a Constitui��o sendo descumprida. As crian�as sendo ignoradas quando deveriam ser absoluta prioridade. Estamos acompanhando o aumento da viol�ncia dom�stica e do abuso sexual infantil.

O Estado e a sociedade n�o est�o fazendo nada por elas. O patriarcado v� a m�e como a pessoa que tem obriga��o de cuidar da casa e dos filhos. Esse trabalho de cuidado invis�vel e sem valor que a sociedade finge que n�o existe. Obriga��o que entra na conta da m�e.

E as m�es tentam fazer tudo sozinhas. Tentam dar conta. Mas essa conta n�o fecha e m�e adoece. Os fatores de risco para o suic�dio aumentaram. Os casos de depress�o, s�ndrome do p�nico, s�ndrome de Burnout aumentaram.

M�es est�o morrendo, de feminic�dio, de depress�o, de esgotamento. N�o � s� a COVID-19 que mata. As crian�as e adolescentes tamb�m est�o adoecendo, doen�as ps�quicas que chegam de uma forma mais sutil. Que corroem a alma.

A m� gest�o da pandemia de COVID-19 ainda trar� mais consequ�ncias. � hora de aproveitar o fim do ano letivo de 2020 para pensar no ano letivo de 2021. A volta �s aulas presenciais s� ser� poss�vel se houver investimentos nas escolas p�blicas para viabilizar o retorno com o cumprimento dos protocolos.

Temos exemplos em v�rios pa�ses que podem ser seguidos. Pa�ses aonde as crian�as est�o indo para a escola. Onde as escolas foram as primeiras a reabrir, e as �ltimas a serem fechadas. Ao contr�rio do que temos aqui.

A conta da pandemia n�o pode ficar s� para as m�es, ela precisa ser dividida entre todos. Precisamos buscar solu��es coletivas. Em busca dessas solu��es, estou conversando com m�es que moram em v�rias partes do Mundo para saber como elas est�o sendo afetadas pela pandemia, como as escolas est�o funcionando, quais os protocolos est�o sendo seguidos.

As conversas acontecem ao vivo no Instagram @padecendo e ficam salvas no IGTV. Esse � s� mais um passo para que n�s possamos avaliar todas as quest�es e possibilidades para encontrar solu��es vi�veis para um pa�s t�o plural como o nosso.

A reabertura das escolas n�o pode ser feita sem um diagn�stico da situa��o do pa�s, sem cuidados, sem protocolos. � preciso ter responsabilidade.

A volta �s aulas n�o pode acontecer de um dia para o outro, mas ela precisa acontecer e precisamos nos movimentar e pensar juntos para que aconte�a sem colocar ningu�m em risco, garantindo que, quem n�o quiser ou puder voltar, tenha acesso ao ensino remoto de qualidade. A gente precisa ter escolhas!

Precisamos nos lembrar que, se na nossa casa est� funcionando assim, se eu como m�e tenho disponibilidade para cuidar da casa, do filho, e tenho um marido dividindo as tarefas comigo, trabalhando e pagando as contas, essa � a minha realidade.

Infelizmente, essa n�o � a realidade da maioria das fam�lias brasileiras. � por isso que precisamos parar de pensar no individual e cuidar do coletivo. Meu umbigo n�o � o centro do Universo. Ningu�m � ilha.

#oamor�oquenosune

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