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Estado de Minas PADECENDO NO PARA�SO

O mundo, eu e a COVID

A teimosia sempre presente. Antes e agora, deixando para depois o que poderia ser enfrentado desde o primeiro momento


19/09/2021 04:00 - atualizado 19/09/2021 08:08

Outro dia recebi um e-mail de uma leitora:

“Cara Bebel, meu nome � Terezinha Melo Urbano de Carvalho, sou escritora nascida em Ara�ua� em 1932, membro da Academia de Letras de Te�filo Otoni e residente em Belo Horizonte. Leio sempre sua prosa po�tica no jornal Estado de Minas. Encaminho, como retribui��o das emo��es sentidas, o texto que escrevi sobre a covid, para partilha. Deixo meu afetuoso abra�o, Terezinha”

Terezinha me deu esse presente que divido a sabedoria com voc�s. Hoje, ela completa 89 anos assim: inspiradora e atual.

O mundo, eu e a COVID

Terezinha Melo Urbano de Carvalho

Pretendia escrever um poema. Leve... alegre e linear. Mas o que consegui foi uma ant�tese do planejado. Os acontecimentos mudaram o rumo das palavras. Hoje escrevo o que sinto e quero transmitir.

O mundo sofreu uma cat�strofe. “COVID-19”. Doen�a ou peste contagiosa e grave. Veio para todas as pessoas, sem qualquer distin��o. No mundo inteiro, qualquer um pode ser contaminado e muitos foram v�timas dessa doen�a. Em todos os pa�ses, ricos e pobres, essa peste n�o foi ainda debelada. Em alguns pa�ses faltou espa�o para enterrar seus mortos.

Temos uma amea�a constante a todos os povos da Terra. Quanto � possibilidade de contamina��o, n�o houve distin��o de classe social, cultural ou econ�mica. Parece que essa doen�a veio acordar o mundo da sua in�rcia, do ego�smo, preconceitos e do individualismo crescente.

O mundo est� valorizando mais o ter do que o ser. � vital ao planeta Terra mudar sua viv�ncia ditatorial (capitalista ou comunista) ou fundamentalista para uma democracia onde a liberdade seja atuante. Uma revolu��o sem armas b�licas ou at�micas para uma mais eficiente e duradoura mudan�a, baseada na justi�a e no amor ao pr�ximo.

Como parte desse caminho, mudei a ideia do poema, porque sou uma sobrevivente da COVID-19. “Sou uma mulher de 88”, mas muito otimista!

Fui ao hospital pensando que faria exames e l� permaneci por mais de um m�s, um bom tempo no CTI e intubada. Agrade�o o tratamento igual para todos que recebi nessa comunidade hospitalar. Numa bela manh�, recebi alta. Que felicidade ao encontrar meu marido. Meus olhos brilharam e os dele tamb�m! Minha filha regozijava de alegria.

Aos poucos fui percebendo minhas limita��es, principalmente ao cami- nhar. Mas, gl�ria a Deus, minha mente, minha emo��o, meu ser interior vivenciava uma sa�de tranquila.

Depois que sa� da COVID-19 me senti no dever moral de aproveitar todo o meu tempo e saber para levar ao maior n�mero poss�vel de leitores e pa�ses a certeza de que s� o amor entre as pessoas, a educa��o e a cultura podem melhorar o mundo.

Numa sequ�ncia dessa convic��o, em 23 de junho de 2021 encontrei no jornal Estado de Minas um texto sobre a peste negra que aconteceu no s�culo 14. Aproveitei para abrir uma compara��o entre a peste negra ou bub�nica do passado e a COVID-19 que vivemos hoje. Percebi li��es que a humanidade deveria ter aprendido, mas que, ignoradas, trouxeram na atual pandemia uma realidade que n�o foi nada diferente.

A teimosia sempre presente. Antes e agora, deixando para depois o que poderia ser enfrentado desde o primeiro momento. Como resultado, mortes de milhares de pessoas. Os cientistas, m�dicos, trabalhadores de sa�de ignorados, com decis�es tomadas conforme interesses financeiros e de governantes.

Profissionais de sa�de e cientistas s�o os verdadeiros her�is. J� sabemos que a vacina pode conter o rumo tr�gico dessa doen�a, mas... “todos os governantes l� aceitam?” O homem n�o pode ficar insens�vel e est�tico diante do drama vivido no s�culo 21.

� verdade que o mundo assustou. O mundo parou! Mas � preciso agir.

Pode ser utopia a meta de levar aos estados, aos pa�ses que falam a l�ngua portuguesa, uma mensagem de cunho social, educativo, humanista e cultural com o objetivo claro de li��es de amor ao pr�ximo, amor � vida e comunica��o universal. Mas a palavra � sim um espa�o de intera��o universal. Ela tem um potencial de transmitir e recriar conceitos e imagens. Pode ser arte, troca e compartilhamento entre os povos. Literatura, como as demais ci�ncias, deveria ser usada para que no mundo haja mais felicidade e paz.

Talvez dev�ssemos aprender com o Oriente ,que tem experi�ncias mais espiritualistas que o Ocidente. Do lado de c�, vivemos neoliberalismos baseados no individualismo e em acumula��o de riquezas. Precisamos entender que todos temos os mesmos direitos. Ansiamos pela paz.

Somos mesmo uma aldeia global. O que acontece l� do outro lado do planeta tem consequ�ncia para cada ser humano. A pandemia causada pelo coronav�rus, t�o tr�gica, tem como ponto positivo caracterizar o fato ineg�vel da universalidade do nosso h�bitat. Esse planeta n�o � meu, nem seu. � de todos os seres vivos. N�o importa sua escolha pol�tica, posi��o geogr�fica, capacidade econ�mica, influ�ncia cultural ou religiosa. Estamos (e seguiremos) mais juntos do que admit�amos.

Um poeta indiano, Abhay K., escreveu em mais de uma oportunidade focalizando a vida transcendental do homem. No poema “Terra”, real�a que os homens do mundo inteiro formam uma fam�lia conectada na rela��o de interdepend�ncia que deve unir toda for�a viva. � com o seu poema “Can��o da alma” que encerro esse texto, meio prosa na escrita, um pouco de poesia:

“Sempre estive aqui
como vento que sopra
ou folhas que caem
como sol brilhante
ou riachos correntes
como p�ssaros gorjeantes
ou bot�es florescentes
como c�u azul
ou espa�o vazio
eu nunca nasci
eu n�o morri.”

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