Na semana passada, recebi um e-mail de um leitor:
“Prezada Bebel Soares;
Se um pai � separado judicialmente, se n�o tiver condi��es de manter o valor da pens�o, o certo � pedir a redu��o, pois se n�o pagar o que foi determinado pela Justi�a d� cadeia.
Lembrando que a puni��o se d� quando completa tr�s pens�es n�o pagas. Ent�o, � melhor pedir a redu��o do que aproveitar dos favores da lei.”
Caro pai separado, se uma m�e v� sua renda diminuir, ela tenta cortar gastos e se vira para conseguir pagar as contas. Ela vai virar “m�e empreendedora”, vai fazer brigadeiro para vender, vai pedir dinheiro emprestado, vai fazer vaquinha na internet, vai fazer bico depois do expediente, vai topar qualquer trabalho para alimentar seus filhos.
Quando a renda do pai separado diminui, ele corre para pedir redu��o da pens�o aliment�cia dos filhos, como se eles pudessem passar um per�odo sem comer, sem ter onde morar... Enquanto voc� est� a� se lamuriando, tem um monte de m�e se virando como pode para sustentar seus filhos. Acha certo pedir redu��o de pens�o? N�o est� preocupado se seus filhos v�o ter comida na mesa? Preocupa-se com voc� e com o risco que voc� corre de ser preso?
Se voc� imaginasse a quantidade de pedidos de ajuda que tenho recebido de m�es solo... Elas pedem ajuda para divulgar vaquinha para comprar rem�dio, para comprar comida. Elas pedem emprego, qualquer emprego, na �rea de forma��o delas ou n�o. Tem m�e que tem forma��o que topa fazer faxina para garantir o sustento da fam�lia.
J� pensou se voc� tivesse ficado vi�vo? Como ia sustentar seus filhos? Ia conseguir cuidar deles e sair para trabalhar? Ou ia passar a responsabilidade para outra mulher? Sua m�e, uma irm�, uma tia?
Voc� passa com seus filhos o mesmo tempo que a m�e deles passa? Fa�a o exerc�cio de imaginar voc� com a guarda dos filhos e ela pagando pens�o aliment�cia. Tente imaginar a situa��o invertida. Os homens podem tudo, as mulheres ficam com a culpa. A irresponsabilidade paterna � validada, aceita e aplaudida, enquanto as mulheres s�o marginalizadas e julgadas.
Tem m�e que trabalha fora, tem m�e que trabalha em casa, tem m�e que trabalha dentro e fora de casa. Tem m�e que tem jornada dupla, tem m�e que tem jornada tripla. S� n�o tem m�e que n�o trabalha.
Os homens podem escolher o quanto v�o se envolver com a paternidade; voc�s pensam que ajudam, que fazem favor, n�o entendem que � obriga��o? Enquanto a m�e est� l� fazendo mais do que d� conta. Sobrecarregada, exausta, preocupada, sua preocupa��o � n�o ser preso. Criar um filho exige ren�ncias. Por que s� a m�e abdica da carreira, da vida social, das noites de sono, e at� da sua liberdade para criar os filhos e o pai n�o pode abdicar de nada por eles?
Quando a gente escolhe ter filhos, deve se lembrar de que essa � uma escolha para o resto da vida. Dar conta de criar esses seres humanos n�o � esco- lha, � obriga��o. N�o queria ter filhos, mas ela engravidou? Ah, se voc� n�o queria filhos deveria ter feito vasectomia, ou, no m�nimo, usado camisinha. Homem s� engravida mulher se quiser, ela n�o faz filho sozinha!
Caro leitor, meu conselho �: cuide dos filhos que voc� tem, voc� se separou da m�e deles, mas n�o deixou de ser pai. Se est� dif�cil, cuide para n�o engravidar outras mulheres, seja respons�vel pelos seus atos, pare de se lamentar, coloque sua capa de super-her�i, e v� � luta!