� engra�ado que, quando a gente engravida, se imagina m�e de beb� e esquece que aquele beb� vai crescer, vai passar pela adolesc�ncia e chegar � vida adulta. Na verdade, eu pensava, e tinha um medo danado de n�o dar conta de ser m�e de adolescente.
Um dia, a gente acorda e aquela coisinha que acordava com as galinhas, mesmo sem ter ne- nhum compromisso matinal, al�m de comer, brincar e encher as fraldas, est� quase do nosso tama- nho. Sai da cama por obriga��o, porque precisa ir para a escola, e come�a o dia com um mau humor contagiante! D� respostas atravessadas, acha que sabe tudo, ali�s, n�o acha, tem certeza.
Adolescente com horm�nios fervilhando, enquanto o que ferve em n�s � o fogacho, aquele calor infernal, como se tiv�ssemos nos tornado um vulc�o prestes a entrar em erup��o. Que faz a gente tirar todo o agasalho em pleno inverno e querer sair correndo pelada na rua! M�e na menopausa fica assim, destemperada, maluca e com a mem�- ria fraca!
M�e na menopausa. Para onde vai a libido? Ou melhor, o que � libido? Para onde foram meus horm�nios? N�o sei, o nevoeiro mental n�o me deixa lembrar!
“Oi, meu nome � Dory!” A personagem da- quele desenho animado. Decorei todas as falas h� uma d�cada de tanto assistir de novo, e de novo quando aquele trenzinho pedia “Nemo”. Agora sou eu. “Oi, eu sou a Dory!”
Mas falta de mem�ria de m�e de adolescente � seletiva:
– Voc� comeu? Est� se alimentando bem?
– Tem bebido �gua? � importante beber muita �gua!
– Leva um casaco, vai esfriar!
Frases repetidas � exaust�o para a pessoinha adolescente concluir:
– M�e, voc� virou a minha av�!
Eles querem a baladinha, e a gente n�o quer nada que nos abale. A pele deles fica oleosa, a nossa seca, e n�o h� hidratante suficiente no planeta para hi- dratar essa secura. Secura na pele, secura nos olhos, secura l� nas partes baixas. E a flacidez da pele chega na velocidade da luz. E vai cuidar do c�lcio e da vitamina D, porque os ossos j� n�o s�o mais aqueles. E come�amos a encolher. E haja muscula��o, e alongamento para n�o desintegrar de uma vez!
Meu al�vio � ter me livrado de menstrua��o, de c�licas. Enquanto as meninas come�am a entender o que � esse sangrar todo m�s. O que � assistir �s aulas com c�lica, o medo de vazar e sujar a roupa.
E eles? Ah, eles est�o naquela fase do estir�o, j� acordam com alguns cent�metros a mais, e falando com a voz diferente. N�o posso mais dizer: “N�o tenho filho de bigode”. Agora eu tenho.
Conversa com pai e m�e tem que ser quando eles querem; vai tentar puxar papo quando n�o est�o a fim… Voc� vai falar para as paredes! Mas quando eles querem, conversam muito, contam tudo, querem ser ouvidos, nem pense em interromper o mon�logo do adolescente, apenas escute com aten��o! Se voc� piscar, vai ter que provar que ouviu tudo o que foi dito, de prefer�ncia repetindo cada fase como se fosse um gravador!
Primeiros beijos, primeiros amores, primeiras experi�ncias sexuais. Os pais perdendo os cabelos, enquanto os filhos descobrem aquelas coisas que n�s descobrimos h� tanto tempo, que hav�amos esquecido. E nessas horas a gente precisa olhar para eles e lembrar de quando t�nhamos essa idade. Do que a gente gostava? Quais eram os nossos sonhos? Quais eram os nossos medos, nossas inseguran�as, incertezas? Quem era o nosso porto seguro? Em quem a gente podia confiar? Para onde a gente corria quando algo dava errado?
Que m�e ou pai de adolescente voc� quer ser? Aquele que pro�be, que censura, que rotula, que reclama? Ou aquele que orienta, que educa, que escuta, que se conecta? A gera��o deles � diferente da nossa, precisamos entender isso para n�o perder a conex�o com eles. Nos conectando com nossos adolescentes, nos mantemos pr�ximos.
Ser m�e de adolescente � ter acesso a uma fonte da juventude, n�o f�sica, mas emocional. � fazer uma reposi��o hormonal psicol�gica. � ter mais tempo para n�s. � voltar a olhar para o mundo com a curiosidade infantil e a rebeldia adolescente de quem quer mudar tudo.
� sentir o sangue correndo nas veias, buscar novidades, se encantar com as coisas j� vistas, como se estivesse vendo pela primeira vez. � redescobrir o mundo com os olhos dos nossos fi- lhos. A menopausa � o avesso da adolesc�ncia, mas tamb�m pode ser uma reedi��o, onde a gente se permite ser quem �.