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Estado de Minas Padecendo

Descren�a na meritocracia

Como podemos dizer que essas crian�as t�m a mesma oportunidade dos nossos filhos? Como dizer que basta elas se esfor�arem?"


06/11/2022 04:00

Família
(foto: Depositphotos)

 
� f�cil falar em meritocracia quando temos condi��es de pagar pelo estudo dos nossos filhos, escolher uma excelente escola, pagar por atividades extras como curso de l�nguas, esportes etc.
� f�cil falar em meritocracia quando a gente viaja v�rias vezes por ano, quando nossos filhos t�m acesso ao lazer e � cultura. Quando podemos dar a eles uma alimenta��o balanceada, o conforto de um lar estruturado, um quarto s� para eles. Quando estamos dispon�veis para eles, presentes.
Mas quando vemos de perto realidades dife- rentes das nossas, quando temos a possibilidade de realmente enxergar como vive a maioria das crian�as do nosso pa�s, nossa vis�o muda.
 
Fora do nosso universo cor-de-rosa, crian�as dormem em colch�es no ch�o ou dividem camas. V�rias pessoas dormem no mesmo c�modo, dividem o mesmo banheiro (quando t�m banheiro). � tanta gente em casas t�o pequenas, que as crian�as preferem ficar na rua. As m�es precisam sair para trabalhar. Se os filhos s� ficam meio per�odo na escola, na outra metade do dia eles precisam ficar sozi- nhos, o mais velho cuidando do mais novo. 
 
Eles v�o a p� para a escola, em grupos ou sozi- nhos, n�o t�m adultos para acompanh�-los. S�o crian�as que passam fome! Passam frio. Alguns moraram na rua, se protegem com caixas de papel�o. Outras moram em lugares onde � comum ver pessoas mortas no meio da rua, onde elas podem ser as pr�ximas baleadas. 
 
Muitas crian�as do nosso pa�s t�m acesso � escola, mas se apresentarem qualquer dificuldade, n�o conseguem aprender. Enquanto nossos filhos ter�o acesso a terapias, aulas particulares, e tudo mais que pudermos pagar, h� crian�as de 10 anos que n�o sabem ler. Que diante da dificuldade n�o tiveram acesso a nenhum tipo de suporte.
 
Ficam muito tempo sem diagn�stico, esperando na fila por uma avalia��o no sistema p�blico. O tempo vai passar, o interesse de estar na escola vai diminuir. Elas v�o sair da escola e virar isca f�cil para o tr�fico. � uma dificuldade buscar atendimento psicol�gico, sobretudo psiqui�trico. T�m muitos  servi�os gratuitos, mas os atendimentos s�o interrompidos. No SUS � burocr�tico, temos excelentes profissionais, mas demora, a inf�ncia passa r�pido! Como podemos dizer que elas t�m a mesma oportunidade dos nossos filhos? Como dizer que basta elas se esfor�arem?
 
Nossa vis�o pol�tica e social, vendo e atuando ativamente com pessoas que vivem essa realidade dura, muda. Ficar horas correndo atr�s de solu��es e n�o encontr�-las � frustrante!
N�o bastasse tudo isso, ainda criminalizam a pobreza. Quem nunca teve essa vis�o de mundo? N�o adianta falar: venda seu carro, venda seu telefone, leve um morador de rua para viver na sua casa, voc� � comunista de iPhone! O problema da nossa sociedade � achar que solu��es para problemas coletivos est�o em atitudes individuais! 
 
� um compromisso �tico ter um m�nimo de consci�ncia social. Precisamos de pesquisas, de pol�ticas sociais. Precisamos reverter a vis�o preconceituosa em rela��o �s pessoas que exigem maior aten��o do Estado. 
 
� angustiante ver uma crian�a sofrendo e n�o encontrar meios de auxili�-la. Nossa ajuda � importante no campo individual, mas ela � paliativa, precisamos da cura, da preven��o.  Precisamos acreditar na mudan�a coletiva.

* Adaptado do texto original da minha amiga Let�cia Greco.

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