(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas PADECENDO

Nossos adolescentes

E n�s, m�es e pais, estamos preparados para lidar com esse per�odo transformador da vida dos nossos filhos?


26/03/2023 04:00 - atualizado 26/03/2023 07:29

Foto de adolescentes
(foto: Est�dio Liliput/Divulga��o)

Freud dizia que a adolesc�ncia � uma fase de intenso trabalho ps�quico. O adolescente escolhe se separar dos pais. Ele ainda est� elaborando o que est� vivendo, mas sem ter muito repert�rio. Nesse momento, ele questiona o mundo, aos poucos sai da nossa autoridade.

E n�s, m�es e pais, estamos preparados para lidar com esse per�odo transformador da vida dos nossos filhos? Eles aprenderam a nomear e validar os pr�prios sentimentos? 

Conseguem reconhecer e expressar suas emo��es? Educamos nossos filhos para que sejam sens�veis, especialmente os meninos?

N�o � f�cil lidar com as emo��es, nem com as nossas. N�o � raro uma m�e me contar que explodiu com seu filho adolescente. Reprimir emo��es n�o � dif�cil, exceto a raiva, essa � explosiva. E pior, quando parte de homens, ela � validada, tratada como uma caracter�stica do masculino. N�o �. Todos sentimos raiva, todos precisamos aprender a regular essa raiva. A parentalidade t�xica traz s�rias consequ�ncias para crian�as e adolescentes. 

Infelizmente h� pesquisas que mostram que a maioria da popula��o brasileira acredita que bater educa. Temos visto crian�as serem mortas pelos pr�prios pais, isso � resultado de pais que n�o tem autorregula��o, que n�o tem dom�nio sobre a raiva. A viol�ncia � a matriz do adoecimento das fam�lias.

Voc� tem filhos adolescentes, ou quase chegando nessa fase? Est� tendo dificuldades com eles? Feche os olhos e volte no tempo. Lembre-se de algum momento da sua vida quando voc� tinha a idade dos seus filhos. Resgate os sentimentos daquele momento. Como era sua rela��o com seus pais? O que voc� esperava dos seus pais? Existia di�logo? Isso era importante para voc�? O que nossos filhos querem, n�o � diferente do que n�s quer�amos. Precisamos ter empatia e aprender a ouvi-los, a ouvir tamb�m os sil�ncios que podem dizer muito.

Adolescentes vivem a ang�stia de n�o serem adultos, nem crian�as. Isso gera uma ang�stia, uma sensa��o de desamparo. � um momento traum�tico de perdas e de luto. Eles perdem o corpo infantil, eles perdem os pais do imagin�rio, aqueles pais perfeitos que eles viam quando crian�as tornam-se pessoas reais, que erram. Isso faz parte da constru��o da identidade.

N�s n�o passamos por uma pandemia. Nossos filhos passaram, e os adolescentes viveram o isolamento social no momento que precisavam sair, ter contato com seus pares, encontrar sua tribo. No momento que eles precisavam ir tomando dist�ncia dos pais, eles ficaram trancados em casa conosco, usando as redes sociais como ferramenta de intera��o com seus pares, e como uma fuga. Eram vulc�es em atividade dentro de casa, uns s� soltando uma fumacinha, outros explodindo. 

Nesse espa�o vimos um adoecimento dos jovens, um adoecimento ps�quico. A automutila��o cresceu, vem crescendo. A automutila��o � utilizada como forma de apaziguamento das ang�stias. Ela diz sobre a vontade de se livrar de uma dor, n�o implica uma vontade de morrer.

Na adolesc�ncia est� em jogo a aliena��o e a separa��o. Como pais precisamos aceitar essa separa��o dando liberdade para que eles possam construir algo pr�prio. Deve haver espa�o para o desejo. Ao mesmo tempo precisamos sustentar um lugar ao lado deles, para que eles fa�am esse atravessamento para a vida adulta de forma saud�vel.

N�o � f�cil colocar limite nos filhos, �s vezes nem sabemos qual � o limite. Outras vezes nos identificamos com eles e nos tornamos permissivos demais. Quantas vezes vemos m�es reclamando que o marido se tornou outro adolescente em casa?

A sexualidade dos filhos � outra quest�o que pode causar um curto-circuito na cabe�a dos pais. E mais ang�stia para os filhos, especialmente quando eles se entendem como homossexuais, transexuais, n�o bin�rios, bissexuais etc. Numa sociedade heteronormativa, � dif�cil lidar com o que n�o est� dentro de padr�es impostos. At� 17 de maio de 1990, a homossexualidade ainda era considerada uma doen�a pela Organiza��o Mundial da Sa�de. Mas at� hoje ainda temos pais querendo “consertar” seus filhos por eles terem a sexualidade diferente da que foi idealizada.

Como devemos lidar com tantas quest�es? Com muito di�logo, com terapia, com amor. 

Como pais, sempre seremos refer�ncia para os filhos, nos resta escolher se queremos ser refer�ncia positiva ou negativa, se eles v�o querer se espelhar em n�s, em uma educa��o baseada em amor e respeito ou ir�o nos ver como exemplo do que n�o se deve fazer.

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)