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Estado de Minas DIA DAS M�ES

Uma hist�ria de ado��o comovente e de supera��o

Depois de perder um filho prematuro, casal adota uma crian�a de um ano e 11 meses


14/05/2023 04:00 - atualizado 14/05/2023 09:06

Daniela Schneider
Daniela Schneider em sua primeira exposi��o individual "O corpo que pariu. O corpo que partiu" (foto: Daniel Pinho/Divulga��o)


H� 10 anos, minha amiga Daniela foi m�e do Theo. Dani e Fernando realizaram o sonho de engravidar em 2012. Sentiram toda aquela emo��o ao descobrir a gravidez, ouvir o cora��o pela primeira vez. Descobrir o sexo do beb�. Ela sempre sonhou ser m�e. Sempre foi uma tia presente, louca pelos sobrinhos. Havia chegado a hora de ter o seu filho.

O primeiro ultrassom morfol�gico mostrou que o beb� estava bem, mas havia uma altera��o na placenta. Foi do consult�rio direto para o hospital. Estava com pr�-ecl�mpsia. Teria que ficar internada, a gravidez era de alto risco. Passou as primeiras horas no pronto-atendimento com uma dor de cabe�a insuport�vel onde uma m�dica, de forma muito fria, lhe disse que iriam interromper a gravidez, pois a vida dela estava em risco. 

“Entre a vida da m�e e a vida do beb�, vamos tentar te salvar e n�o � uma escolha sua.”

Os amigos se uniram numa corrente de amor, sofremos e torcemos junto com eles. Cada hora a mais, cada semana a mais era comemorada por todos n�s. A cada semana as chances de sobreviv�ncia do Theo aumentariam, e era essa a nossa torcida. Mas a pr�-ecl�mpsia continuava a evoluir, a press�o estava no limite para mant�-los vivos. Os m�dicos sugeriram que ela fizesse um parto normal, mas como aceitar a ideia de um parto natimorto? Preferiu esperar por um milagre.

Depois de 20 dias de interna��o disseram que se ela conseguisse chegar a 27 semanas de gesta��o, poderiam tentar uma cesariana. Tomou corticoides para fortalecer os pulm�es do beb�. Sabia que ele estava em sofrimento fetal, com pouca oxigena��o, mas conseguiram chegar a 27 semanas e cinco dias. Os exames mostraram que ele estava no limite, n�o tinha como esperar mais. Ela desejou partir no lugar dele. Foi para a sala de parto. 

O choro forte do beb� que nascia na sala ao lado a fez chorar. Ela havia ouvido de uma pediatra que beb�s muito prematuros n�o choravam quando nasciam. Agradeceu por ter conseguido segurar a gesta��o at� ali. Agradeceu por ser m�e. Agradeceu at� pela cesariana que antes criticava. Pediu pela vida do seu filho. O Theo nasceu! Nasceu e chorou muito. Um choro que lavou sua alma. Sentiu o amor transbordar. Pode v�-lo muito r�pido, logo a equipe m�dica o levou para a UTI. 

Fernando a beijava e chorava. Ficou no bloco esperando a anestesia passar. Sentia frio e solid�o. Sentia dores. Ficou confusa. Fernando passou o dia com Theo na UTI neonatal! Uma enfermeira disse que, dificilmente, seu leite desceria, mas outra enfermeira se esfor�ou at� conseguir o colostro para ele.

Pode ver seu beb� no dia seguinte. Um beb� pequeno e fr�gil dentro da incubadora. Se sentia feliz por ter seu filho diante dos olhos. Era um milagre. No terceiro dia, ele precisou passar por uma cirurgia card�aca. A cirurgia foi um sucesso, mas as horas seguintes seriam decisivas. Chorou pela primeira vez ao v�-lo sedado na UTI. Recebeu alta e foi para casa sem seu beb�.

Acordou sobressaltada na manh� seguinte. Ligaram do hospital. Foram para l�. Fernando percebeu que os aparelhos estavam desligados e virou-a para que n�o pudesse ver. Ela recebeu a confirma��o sobre a morte do Theo e desmaiou. Depois, pegou seu filho no colo pela primeira vez. Observou aquele corpinho fr�gil, j� sem calor, e o beijou. Despediu-se:

“At� um dia meu amor, sempre te amarei!”.

A experi�ncia transformou a vida do casal. Eles desejaram ser pais novamente, mas depois do diagn�stico de trombofilia e de tudo o que haviam passado, pensar em uma nova gesta��o dava muito medo. A segunda gesta��o deles durou 64 meses. 64 meses de muita expectativa, ansiedade e um lar amoroso esperando pelo segundo filho. O processo de ado��o � demorado, foram 64 meses at� receberem aquele telefonema inesquec�vel: “Tem um menino de 1 ano e 11 meses. Ele se chama Gustavo!”.

Naquele encontro, Daniela e Fernando reconheceram o filho Gustavo pelo sorriso e pelo olhar. O Gu sabe que tem um irm�o no c�u. Diariamente, minha amiga Dani se pergunta como pode viver tanto tempo sem esse filho que a ensina tanto. Ap�s 10 anos, ela foi chamada de mam�e pela primeira vez. Esse � o primeiro Dia das M�es que ela passa com um filho nos bra�os e dois no cora��o.

Parab�ns para minha amiga Daniela Schneider e todas as m�es, especialmente as que ter�o seu primeiro Dia das M�es com um filho nos bra�os. Fica tamb�m meu convite para que conhe�am a exposi��o presencial e virtual das obras da Dani, a exposi��o “O corpo que pariu. O corpo que partiu”, na Casa FIAT de Cultura at� o dia 11 de junho.   

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